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União Europeia firma acordo para reduzir desperdício de alimentos e resíduos têxteis

Com novas responsabilidades ambientais voltadas para fabricantes e consumidores, proposta prevê cortes significativos no desperdício e maior fiscalização

Cerca de 59 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas anualmente na União Europeia. Isso equivale a 132 kg de alimento por habitante. 

Você tem ideia do que isso representa? Uma pessoa consome, em média, cerca de 60 kg de alimentos por mês – ou seja, o desperdício anual por pessoa na UE equivale a mais de dois meses inteiros de alimentação. 

Essa estimativa é razoável para uma dieta média de 2.000 a 2.500 calorias por dia, considerando alimentos in natura e processados, com base em dados da FAO e da European Food Information Council.

Na prática, 54% desse desperdício provém dos lares, representando 72 kg por pessoa. Os setores de processamento de alimentos e bebidas contribuem com 19% (25 kg per capita), enquanto restaurantes e serviços de alimentação são responsáveis por 11% (15 kg per capita). O varejo e a distribuição somam 8% (11 kg per capita), e a produção primária também 8% (10 kg per capita). 

Principais impactos do desperdício de alimentos

Além disso, o bloco, sozinho, gera 12,6 milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano. Apenas roupas e calçados respondem por 5,2 milhões de toneladas – o equivalente a 12 kg de resíduos por pessoa.

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Metas e novas regras até 2030

Visando combater esse problema, o Conselho e o Parlamento Europeu chegaram a um acordo provisório para estabelecer metas de redução do desperdício de alimentos até 2030 e criar novas regras para o setor têxtil.

O compromisso prevê cortes de 10% nos desperdícios da indústria de alimentos e de 30% per capita nos setores de varejo, restaurantes e domicílios, comparados à média de 2021-2023. Além disso, o pacto incentiva a doação de alimentos não vendidos para evitar desperdícios.

No setor têxtil, o acordo impõe a responsabilidade estendida do produtor (REP), exigindo que fabricantes e marcas de moda paguem taxas para financiar a coleta e o tratamento de resíduos. A obrigação abrange não apenas roupas e calçados, mas também outros produtos têxteis como roupas de cama, cortinas e estofados. Cada país da UE deverá implementar sistemas REP para têxteis até 1º de janeiro de 2027.

As regras também buscam combater a superprodução e práticas de moda fast fashion, incentivando produtos mais duráveis. Além disso, os países deverão adotar medidas para evitar a destruição de roupas não vendidas, prática comum entre grandes marcas.

Por fim, fabricantes e varejistas também terão que reportar dados sobre os volumes de têxteis colocados no mercado, recolhidos e processados, promovendo maior transparência. Pequenas empresas terão um prazo adicional para adaptação às novas obrigações.

A proposta ainda precisa ser formalmente aprovada pelo Conselho e pelo Parlamento antes de sua adoção definitiva. Após a aprovação, os países da UE terão 20 meses para adequar suas legislações. A Comissão Europeia revisará o impacto das novas medidas, podendo propor metas adicionais para resíduos têxteis até 2029 e ajustes nas metas de desperdício alimentar até 2027.

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Publicado por
Tom Schiebel

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