ESG

Tecnologias climáticas: soluções para regenerar o planeta

Entenda como as tecnologias climáticas podem ajudar a transformar sistemas e apoiar a transição para uma economia de baixo carbono e saiba o que é preciso para escalar essas inovações

Muitas das ações de combate à urgência climática giram em torno de mudanças de comportamento, novas legislações e adaptações em produtos e processos para ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa. 

Nesse sentido, fica cada vez mais evidente o papel da tecnologia para impulsionar as inovações e transformações necessárias para tornar a economia mais sustentável e regenerativa.

As soluções/tecnologias climáticas têm grande potencial para contribuir para a descarbonização de alguns dos setores mais pesados em termos de emissões (como, por exemplo, cimento, aço, petroquímica e transporte de cargas). Além disso, muitas dessas inovações também devem ajudar a popularizar produtos e serviços de baixo carbono. 

O que são tecnologias climáticas?

As tecnologias climáticas referem-se a um amplo espectro de soluções inovadoras destinadas a combater as mudanças climáticas. 

Elas são fundamentais na redução das emissões de gases de efeito estufa, na promoção de fontes de energia renováveis, no aumento da eficiência energética e na adaptação às mudanças climáticas já em curso.

Informações: McKinsey

Leia também: Horizon 2030 – Inovação como solução para um futuro carbono zero

O mercado de climate techs

Um dos movimentos que ajudam a impulsionar as tecnologias climáticas são as climate techs, startups e scale-ups que desenvolvem soluções sustentáveis para enfrentar e mitigar os impactos das mudanças climáticas e impulsionar a transição para uma economia verde e de baixo carbono.

Estima-se que existam cerca de 44.600 climate techs no mundo. Segundo análises da Dealroom, uma plataforma de dados sobre o mercado de tecnologia, o valor empresarial combinado das startups globais de tecnologia climática alcançou US$ 2,6 trilhões em 2023. Nos últimos dez anos, esse ecossistema aumentou seu valor combinado em 60 vezes.

 

O setor de energia foi o que mais recebeu investimento de tecnologia climática no ano passado, com um total de US$ 11 bilhões até julho de 2023.

Outros segmentos em crescimento incluem mobilidade elétrica, economia circular e captura e armazenamento de carbono. O agrotech (setor de tecnologia agrícola) também cresceu, especialmente em agricultura regenerativa e de precisão.

O panorama dos investimentos em tecnologias climáticas

Um levantamento feito pela Universidade de Oxford em parceria com a Skoll Foundation revelou que o capital de risco global voltado para o clima cresceu aproximadamente 40 vezes nos últimos 10 anos. 

O estudo aponta que somente entre 2021 e 2022, o investimento global nessa área cresceu 89%. Isso significa que mais de 3 mil aportes foram realizados e mais de US$ 70 bilhões foram investidos em climate techs no período.

Há uma expectativa de que o Brasil possa liderar os investimentos em tecnologia climática, com oportunidades significativas em energia e materiais sustentáveis. Alguns especialistas apontam que a economia verde pode atingir US$ 125 bilhões no país até 2040, com combustíveis de aviação sustentável e o mercado de crédito de carbono como principais oportunidades.  

Leia também: Ecossistema de impacto – desafios, insights e tendências

O potencial das tecnologias climáticas

Segundo uma análise feita pela McKinsey, existem 12 categorias de tecnologias climáticas (listadas nos slides abaixo) que, juntas, poderiam potencialmente reduzir até 90% das emissões totais de gases de efeito estufa (GEE) causadas pelo homem se forem implementadas em grande escala. 

Contudo, a consultoria alerta que a interdependência entre essas tecnologias é muito alta, o que significa que elas precisam ser escalonadas em conjunto.​​

Essas tecnologias não apenas precisarão ser comprovadas tecnicamente (como muitas já foram, aliás), mas também se tornar comercialmente viáveis. E, de forma crítica, a busca por soluções tecnológicas sustentáveis para impulsionar a descarbonização precisará ser perseguida paralelamente a outros objetivos, como acessibilidade e segurança energética. 

Como é possível perceber, a maturidade das 12 categorias de tecnologias varia significativamente. Portanto, existe uma lacuna entre a prontidão técnica e a maturidade comercial dessas soluções.

De acordo com a análise da McKinsey, apenas 10% do potencial de redução das emissões através das tecnologias climáticas provêm daquelas que já estão plenamente maduras comercialmente e em uso global. Entre elas, estão:

  • Energia nuclear, hidrelétrica e geotérmica;
  • Reciclagem de alumínio;
  • Parte das instalações de energia solar e eólica em regiões privilegiadas com capacidade disponível na rede elétrica.

Outros 45% do potencial de redução podem ser alcançados com tecnologias em estágios iniciais de adoção e comercialização. Aqui, inclui-se a maioria das gerações de energia solar e eólica, veículos elétricos, biocombustíveis, bombas de calor e reciclagem química de plásticos. Essas tecnologias já demonstraram sua capacidade de expansão, mas precisam de apoio adicional para competir com as tecnologias convencionais a curto e médio prazo.

Informações: McKinsey

Como escalar as tecnologias climáticas

Previsões indicam que o financiamento para tecnologias climáticas deve crescer em torno de 10% ao ano e atingir aproximadamente US$ 2 trilhões até 2030, o que equivale a cerca de 1% a 2% do PIB global. 

Apesar do crescimento nas iniciativas de capital de risco voltadas para o clima, porém, ainda há desafios cruciais a serem superados para escalar as tecnologias climáticas. 

A Oxford Climate Tech Initiative destaca algumas ações necessárias para garantir que as soluções climáticas se tornem realidade e alcancem seu potencial. São elas:

Mais financiamento

Aumentar a quantidade, bem como os tipos de financiamento disponíveis para inovações em tecnologia climática.

Nesse sentido, é importante acelerar os investimentos em todas as fases do desenvolvimento tecnológico, como pesquisa, desenvolvimento, testes piloto e comercialização. 

Mais apoio governamental

Corporações e governos devem ajudar a viabilizar o crescimento da tecnologia climática.

Atores corporativos e governamentais têm um papel significativo no ecossistema da tecnologia climática – desde o financiamento de P&D até o apoio a testes de produtos, acesso ao mercado e contratos. 

Formação de talentos

É crucial desenvolver estratégias para formar talentos para a tecnologia climática.

A demanda por talentos no campo da tecnologia climática é grande, com a Organização Internacional do Trabalho prevendo a criação de 24 milhões de empregos em uma economia mais verde. 

Escala e maior alcance

As soluções de tecnologia climática precisam alcançar países em desenvolvimento e populações vulneráveis.

Para se ter uma ideia, em 2022, menos de 15% dos investimentos em transição energética foram para mercados emergentes. 

Facilitação de investimento

É essencial expandir as soluções de adaptação climática e desenvolver estratégias de investimento apropriadas.

Segundo o Climate Policy Initiative, o financiamento anual para projetos de adaptação é de US$ 63 bilhões.

Contudo, em países em desenvolvimento, estima-se que seja necessário cerca de US$ 212 bilhões por ano até 2030 para atender às suas necessidades de adaptação. As tecnologias climáticas têm um papel importante no preenchimento dessa lacuna de financiamento.


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Publicado por
Francine Pereira

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