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Cidades europeias apostam em soluções baseadas na natureza para enfrentar mudanças climáticas

Relatório revela que cerca de 51% das cidades europeias têm planos de adaptação climática. Destes, 91% incluem soluções baseadas na natureza

É impossível combater as mudanças climáticas e preparar as cidades para lidar com suas consequências sem contar com o apoio da natureza.

O relatório Adaptação urbana na Europa: o que funciona? Implementando a ação climática em cidades europeias, publicado em abril pela Agência Europeia do Meio Ambiente (EEA), mostra que muitas cidades do continente europeu estão cientes disso.

Feito com base na análise de 19 mil planos de ação climática da região, o estudo destaca um aumento significativo na adoção de soluções baseadas na natureza por parte das cidades europeias para enfrentar os desafios das mudanças climáticas. 

Segundo o levantamento, cerca de 51% das cidades têm planos de adaptação climática – um aumento de 26% desde 2018. Destes, aproximadamente 91% incluem o uso de soluções baseadas na natureza – como manutenção de parques, florestas urbanas ou telhados verdes e facilitação da retenção natural da água.

Além de serem eficazes para resfriamento e retenção de água, as soluções baseadas na natureza também proporcionam outros benefícios, como mais espaços de recreação e redução na poluição. 

O relatório ressalta que, para lidar eficazmente com os impactos climáticos previstos, é importante complementar essas soluções com outras medidas de adaptação (como infraestrutura física).

Soluções baseadas na natureza em destaque no relatório

Madri, Espanha

Como parte do plano municipal Madrid 360, a capital da Espanha criou o Bosque Metropolitano de Madri, um anel verde florestal ao redor do centro urbano denso.

Dois milhões de árvores serão plantadas em uma faixa florestal de 75km, que tem uma área total de 32.035 hectares (o que equivale a mais de 32 mil campos de futebol). Desse total, 81% são ambientes naturais existentes. As árvores serão plantadas ao longo dos próximos 10 anos, em 2.300 hectares de terras periféricas, 50% das quais são de propriedade privada. 

O bosque deve trazer múltiplos benefícios, como mitigação e adaptação às mudanças climáticas, apoio à biodiversidade e coesão social. 

No início deste ano, a prefeitura de Madri comemorou que a cidade cumpriu a diretiva europeia de qualidade do ar pelo segundo ano consecutivo. O vídeo abaixo detalha algumas das iniciativas que contribuíram para isso.

Leia também: Uniã​o Europeia aprova normas mais rigorosas contra a poluição atmosférica

Poznań, Polônia

Poznań está utilizando soluções baseadas na natureza em seus espaços urbanos para melhorar as condições de vida e aumentar a resiliência aos impactos das mudanças climáticas. Dois projetos da cidade são citados no relatório Adaptação urbana na Europa: o que funciona? Implementando a ação climática em cidades europeias:

  • O projeto das “praias urbanas” ao longo do rio Warta é um exemplo de desenvolvimento multifuncional de áreas em risco de inundação. São espaços de lazer criados ao longo do rio em antigas áreas degradadas ou negligenciadas. Esses espaços atraem os moradores locais e trazem benefícios ecológicos para a comunidade e a cidade.

  • Com o objetivo de criar espaços verdes multifuncionais que priorizassem o desenvolvimento, a saúde e as habilidades das crianças, a prefeitura desenvolveu o projeto pátio escolar.

Esses espaços – de propriedade de instituições públicas – foram abertos a um grupo mais amplo de usuários, contribuindo para o desenvolvimento de uma rede verde interconectada de espaços nos bairros mais densamente construídos da cidade. 

Para tornar o ambiente mais atrativo, superfícies artificiais impermeáveis de segurança em asfalto foram substituídas por superfícies naturais absorventes de água em areia ou cascalho. Além disso, a vegetação foi aprimorada para fornecer sombra ou isolamento natural do ruído do tráfego e da poluição.

Também existem lugares designados para eco-educação, como zonas de biodiversidade selvagem e prados com casas para insetos e canteiros de flores. Por fim, um manual foi elaborado com lições e exemplos de como os jardins podem ser usados para educar crianças sobre biodiversidade, mudanças climáticas e natureza.

Gotemburgo, Suécia

Chove cerca de 40% do tempo em Gotemburgo. E com as mudanças climáticas, os residentes podem esperar ainda mais dias chuvosos no futuro. 

Em vez de ver isso como algo negativo, os planejadores urbanos da cidade sueca usaram essa característica como ponto de partida para criar um projeto criativo que visa tornar Gotemburgo “a melhor cidade do mundo quando está chovendo”.

Uma das iniciativas do projeto “Chuva Gotemburgo” são os parquinhos “Regnlekplatsen”, projetados para serem especialmente divertidos em condições de tempo úmido. 

Em uma nova escola que será construída em Torslanda (Torslandaskolan), a água da chuva dos telhados será direcionada por tubos largos ao lado do prédio para piscinas, e então para um rio ou canal que passa pelo pátio da escola, onde as crianças podem brincar com comportas e em pedras de passagem em uma área verde.

Iniciativas como estas mostram como soluções baseadas na natureza podem ser aliadas de cidades buscando se adaptar à nova realidade climática.

Mas, é claro, dependem de esforço político para sair do papel. Portanto, quando for escolher a quem dar seu voto para vereador, prefeito/vice-prefeito este ano, preocupe-se em entender como eles enxergam a crise climática e quais são seus planos para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e adaptar nossas cidades a uma nova realidade ambiental.

Essa é a pauta mais importante do século. Se não estiver no plano de ação de seu candidato, ele não merece seu voto.

Leia também: 5 soluções para os principais desafios de desenvolvimento sustentável


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Redação A Economia B

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