Pesquisa revela como a privação de saneamento impacta a vida de milhões de brasileiros
De acordo com o estudo A vida sem saneamento – Para quem falta e onde mora essa população, realizado pelo Instituto Trata Brasil em colaboração com a EX ANTE Consultoria Econômica e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), cerca de uma a cada duas moradias brasileiras convive diariamente com algum tipo de privação no saneamento.
Da totalidade de 74 milhões de moradias brasileiras, a pesquisa aponta que:
- Quase 9 milhões não têm acesso à rede geral de água;
- Quase 17 milhões contam com uma frequência insuficiente de recebimento;
- Cerca de 11 milhões não têm reservatório de água;
- Cerca de 1 milhão não têm banheiro;
- E 22 milhões não contam com coleta de esgoto.
Além disso, em 2022, havia 16,896 milhões de moradias (22,8% do total de residências no país) que, apesar de estarem ligadas à rede geral de distribuição, não recebiam água diariamente, ou seja, na regularidade de abastecimento recomendada pela Organização Mundial da Saúde e pelo Plano Nacional de Saneamento (Plansab).
Entre os aspectos econômicos da população que sofre com o abastecimento irregular de água, a análise identificou que 72% dos habitantes morando em habitações com abastecimento irregular de água tratada estavam abaixo da linha de pobreza. Na prática, 41 a cada 100 pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza tinham abastecimento irregular de água.
E ainda, boa parte da população em estado de abastecimento irregular de água tratada não tinha instrução formal (11,2%) ou não tinha completado o ensino fundamental (41,0%). O peso da população que chegou ao ensino superior, tendo ou não completado esse ciclo, foi relativamente pequeno – de 9,2% do total de pessoas que moram em habitação com abastecimento irregular de água.
Na visão de Marina Grossi, presidente do CEBDS, o cenário do saneamento básico no Brasil é de uma discrepância inaceitável.
“A baixa cobertura de saneamento atual reflete impactos negativos em áreas vitais para qualquer sociedade, como saúde, educação, produtividade, geração de renda e qualidade ambiental. Ou seja, interfere de forma direta e concreta nas três principais dimensões da sustentabilidade – econômica, social e ambiental. Precisamos, portanto, de um trabalho conjunto entre governos, empresas e sociedade civil para lidar com esse problema e garantir a universalização do saneamento, para finalmente mudar esta realidade que nos envergonha em pleno século XXI”, analisa.
→ O relatório na íntegra está disponível aqui.
3 empresas que estão ajudando a expandir o acesso à água e saneamento
A privação de acesso ao saneamento está longe de ser um problema somente “nosso”. Globalmente, 3 bilhões de indivíduos (ou seja, duas em cada cinco pessoas) não têm instalações básicas para lavar as mãos em suas casas.
Tornar realidade o acesso universal a sistemas de água e saneamento seguros para todos depende diretamente do desenvolvimento de políticas públicas. Porém, isso não significa que o poder privado não tenha uma função importante nesse sentido.
A seguir, apresentamos três empresas que desenvolveram soluções que ajudam a expandir o acesso à água e saneamento e, assim, contribuem para o avanço do ODS 6.
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O setor privado e a Agenda 2030: O papel das empresas no progresso dos ODS
Indra
A Indra é uma empresa de tratamento de água sediada em Mumbai (Índia) que desenvolveu sistemas modulares altamente eficientes que limpam a água poluída sem utilizar produtos químicos, facilitando o reuso da água em áreas urbanas densamente povoadas.
Os sistemas são plug-and-play e foram projetados para tornar o reuso de água mais acessível (até 95% da água tratada é recuperada), reduzindo custos operacionais em cerca de 40% em comparação com outras tecnologias e expandindo para diversos setores, desde produção de alimentos até aplicações residenciais e comerciais.
Além disso, a empresa faz um monitoramento inteligente e integra inteligência artificial para análise em tempo real, otimizando a eficiência e a manutenção.
SDW
SDW é uma startup brasileira que desenvolve tecnologias para tratamento e distribuição de água de forma mais sustentável e acessível.
- A Aqualuz, por exemplo, purifica água não-potável usando a luz solar, sem produtos químicos ou filtros descartáveis.
- A Aquapluvi é uma pia híbrida que permite tanto o uso da água de chuva como do sistema de abastecimento local para funcionar. Ou seja, a pia pode ser instalada em espaços públicos em regiões com ou sem acesso à água encanada.
- Além disso, a startup realiza diagnóstico nas comunidades que têm deficiência de abastecimento de água para identificar os sistemas mais adequados. Depois, capacita os moradores para usarem as tecnologias, implanta os sistemas e faz monitoramentos para medir o impacto na vida dos moradores.
Volvic
Promover o acesso à água está no centro da missão da Volvic (que é uma empresa B certificada). Para isso, a marca desenvolve parcerias com organizações do mundo todo para levar sistemas seguros de água para regiões vulneráveis.
Estas são algumas ações desenvolvidas pela empresa com esse foco:
- Construção de minicentros de saneamento para purificar a água em escolas localizadas em favelas na Nigéria. Essa ação, aliada ao treinamento em higiene promovido nas escolas, contribui para melhorar a saúde e, portanto, a educação das crianças nas áreas mais pobres.
- Construção de 431 pontos de água na Etiópia e na Nigéria, fornecendo mais de 33 bilhões de litros de água limpa para populações locais.
- A Volvic está comprometida em fornecer acesso a 1 litro de água potável para pessoas necessitadas em todo o mundo para cada litro de água mineral natural Volvic consumido. Desde 2019, a marca já forneceu acesso a 1,4 bilhão de litros de água potável para mais de 5 milhões de cidadãos.
→ Neste artigo, nos aprofundamos no papel das empresas para expandir o acesso à água e saneamento e apresentamos outras organizações que já estão contribuindo para isso. Vale a leitura!
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