Este conteúdo faz parte da série Pandemia de Covid-19 e os ODS. Clique aqui e confira outros artigos já publicados sobre o impacto dessa crise na Agenda 2030.
Pessoas financeiramente vulneráveis são as mais afetadas pela crise de saúde e pela crise econômica gerada pela propagação do novo coronavírus. Quem vive em pobreza extrema não possui uma moradia adequada (com água e saneamento), não tem condições de praticar o isolamento social e não tem acesso a serviços básicos de saúde.
Além disso, o desemprego em massa gerado por essa mesma crise pode agravar a situação socioeconômica de grande parte da população, levando milhares de cidadãos para a pobreza extrema e, assim, colocando-os em maior risco de contágio e sobrecarregando ainda mais o sistema de saúde.
Ou seja, o agravamento da pandemia de Covid-19 mexe diretamente com o ODS número 1: Erradicação da pobreza…
O Banco Mundial prevê dois possíveis cenários para os próximos meses: um baseado na evolução atual da Covid-19 e outro levando em conta uma possível piora na evolução dos casos.
– O cenário base pressupõe que o surto de Covid-19 permaneça nos níveis atuais e que a atividade econômica global se recupere ainda este ano (2020).
– Já o cenário negativo presume que os surtos de Covid-19 permaneçam por mais tempo que o esperado, forçando a manutenção ou reintrodução de medidas de quarentena.
Antes da pandemia, 733 milhões de pessoas já viviam em extrema pobreza – ou seja, com menos de US$ 1,90 per capita por dia (ou renda mensal per capita inferior a R$ 145). Agora, segundo análises do Banco Mundial:
O prognóstico do Instituto Mundial das Nações Unidas para a Pesquisa em Economia do Desenvolvimento (UNU-WIDER) é ainda mais assustador.
A estimativa da entidade é que a pandemia pode levar até 400 milhões de pessoas para a pobreza extrema – fazendo com que, ao redor do globo, mais de 1 bilhão de pessoas vivam nessa situação. Se essa previsão se concretizar, isso pode significar uma reversão de 20 a 30 anos na redução da pobreza global.
➔ Leia também: Evolução dos ODS: Erradicação da Pobreza e Fome Zero e Agricultura Sustentável
Em um relatório especial sobre os impactos da pandemia nos ODS, a ONU alerta:
“Mesmo antes da pandemia de Covid-19, o ritmo da redução global da pobreza estava desacelerando e havia sido projetado que a meta global de acabar com a pobreza até 2030 não seria alcançada. A crise atual está levando dezenas de milhões de pessoas de volta à pobreza extrema, colocando em risco anos de progresso.”
Inclusive, em entrevista recente ao A Economia B, Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), ressaltou que um dos grandes impactos da pandemia na Agenda 2030 está relacionados à pobreza extrema.
“A vulnerabilidade da população que vive em submoradias, sem água encanada ou esgoto, que viaja apertada em transporte público e está acostumada a enfrentar longas filas para ser atendida no sistema de saúde, ficou evidenciada como um problema mais amplo, relacionado à nossa interdependência social e ambiental“, comenta a economista.
➔ Confira a entrevista com Marina na íntegra:
O impacto da Covid-19 na Agenda 2030 e o futuro pós-pandemia
O poder privado precisa assumir sua responsabilidade nesse cenário – seja contribuindo diretamente com o combate à pobreza, ou mesmo garantindo que suas próprias operações não agravem esse problema (oferecendo, por exemplo, condições de trabalho dignas e justas, que promovam saúde, bem-estar e segurança alimentar para seus funcionários).
Para Marcus Nakagawa, especialista em Gestão com foco em Sustentabilidade, as empresas são fundamentais para a recuperação da sociedade pós-pandemia. Ele afirma que os negócios serão o motor de reconstrução, focando em atividades, ações, produtos e serviços que realmente atendam a necessidades da população.
“Em conjunto com os governos, as empresas precisam entender que as temáticas da Agenda 2030 são reais demandas da sociedade e que precisam, com muita inovação e criatividade, serem vencidas. Com isso, teremos uma sociedade mais justa, igualitária, com menos riscos de saúde, mais alinhada à natureza e ao seu ecossistema“, salienta o especialista, em entrevista ao A Economia B.
➔ Confira a entrevista com Nakagawa na íntegra:
Retomada econômica precisa levar em conta questões sociais e ambientais contempladas nos ODS
A seguir, separamos exemplos de organizações que estão agindo para amenizar os impactos da pandemia no ODS 1:
A Natura está desenvolvendo algumas ações para apoiar a rede de consultoras que vendem seus produtos – evitando a propagação do desemprego, consequentemente, e a redução de renda.
Entre as ações nesse sentido, destacam-se, por exemplo:
Além disso, a Natura & Co América Latina (grupo que reúne as marcas Avon, Natura, The Body Shop e Aesop na região) se comprometeu a produzir 15 mil quilos de álcool em gel e 150 mil litros de álcool em solução 70% para serem doados para a Secretaria de Saúde de São Paulo. E ainda, a Natura e a Avon prometeram doar 2,8 milhões de unidades de sabonetes – em barra e líquido – para comunidades carentes na América Latina.
Ou seja, não é só com o ODS número 1 que a Natura vem contribuindo. As iniciativas da empresa colaboram também para garantir o bem-estar das pessoas e comunidades carentes como um todo.
A marca de produtos de limpeza está promovendo duas iniciativas para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade.
Por meio da campanha Veja com o Coração, a empresa visa ajudar trabalhadoras domésticas que tiveram seus trabalhos suspensos por conta do isolamento social. A empresa se comprometeu a doar R$ 1 milhão para esse público. Além disso, no site oficial da campanha, qualquer pessoa pode fazer doações a partir de R$ 5 para a causa.
Em um post publicado no dia 2 de julho no Instagram, a marca revelou que cerca de mil trabalhadoras domésticas receberam um auxílio de R$ 500 e 14 mil kits de produtos, para ajudar durante o período de pandemia da Covid-19.
A Veja também está com uma ação paralela de doação de desinfetantes para entregadores do aplicativo Rappi e para comunidades carentes. Ao todo, serão cerca de 18 mil litros de produtos doados.
A construtora paranaense contratou familiares de seus colaboradores para produzir as máscaras necessárias para a proteção dos mais de 400 funcionários que continuam atuando em obras durante a pandemia.
Além de garantir a proteção dos profissionais que atuam nas obras, essa ação está ajudando as famílias a terem uma renda extra para enfrentar a crise.
“Algumas mães, sogras e conhecidas acabaram perdendo o emprego. Então, a Pride Engenharia decidiu fazer a contratação das pessoas que pudessem produzir máscaras para serem distribuídas em nossos canteiros, proporcionando renda a essas famílias e proteção aos colaboradores”, explicou o empresário Janderson Hellman, em nota.
Conhece ou trabalha em alguma empresa que está agindo para evitar a propagação da pobreza durante a crise da Covid-19? Deixe um comentário com sua indicação ou entre em contato conosco. Essa é uma lista viva e poderá ser atualizada com as suas sugestões.
Uma pessoa, sozinha, não conseguirá acabar com a pobreza no mundo. Uma empresa, sozinha, também não. É necessário um esforço coletivo para que cada um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável seja alcançado até 2030.
Que as histórias que apresentamos aqui e as reflexões propostas ao longo do artigo o ajudem a encontrar formas de fazer a sua parte.
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