Entenda a relação entre o avanço do ODS 11 e as empresas e saiba como o setor privado pode ajudar a tornar as cidades mais sustentáveis e inclusivas
No primeiro artigo sobre o ODS 11, falamos sobre a importância das cidades para o desenvolvimento sustentável e analisamos como a urbanização mal planejada pode contribuir para o agravamento de problemas como mudanças climáticas, desigualdades sociais e falta de moradia digna.
Neste artigo, nosso foco é o papel do setor privado nesse processo. Ao fim da leitura, você vai conseguir responder: “afinal, como as empresas podem ajudar a promover uma urbanização sustentável e inclusiva?”
Leia também: Urbanização sustentável e inclusiva: desafios para o avanço do ODS 11 |
Em geral, quando o assunto é urbanização, pensamos em políticas públicas e ações governamentais.
Contudo, o poder privado também desempenha um papel vital para o desenvolvimento sustentável das cidades. Afinal, as organizações oferecem meios de subsistência e serviços importantes para as populações urbanas.
Nesse sentido, elas podem contribuir diretamente para o avanço do ODS 11 por meio de parcerias com os municípios e oferecendo serviços que melhorem o acesso à habitação de qualidade, transporte e infraestrutura.
Sendo assim, é importante que as organizações foquem suas ações e investimentos em áreas que mais impactam a qualidade de vida dos cidadãos e que têm maior potencial de acelerar o desenvolvimento sustentável nas cidades – como, por exemplo:
O relatório Future of Cities, desenvolvido pelo think tank Future Agenda, indica que os três principais obstáculos que as cidades precisam superar nos próximos anos são:
De maneira geral, o setor privado pode impulsionar o avanço do ODS 11 – e da Agenda 2030 como um todo – de três maneiras:
Além de contribuir com as receitas fiscais, o setor privado pode participar do financiamento de projetos de desenvolvimento sustentável e direcionar seus investimentos para projetos orientados para os ODS. Isso pode aliviar o peso do orçamento público – especialmente no ODS 11, em que os projetos são em sua maioria de capital intensivo e de longa duração.
As empresas podem utilizar sua expertise para contribuir com a entrega de projetos de infraestrutura de qualidade, garantindo a eficiência no uso de recursos. Aliás, a participação do setor privado na prestação de serviços públicos de utilidade tem demonstrado melhorias significativas na acessibilidade e na qualidade desses serviços, como evidenciado por um estudo do Banco Mundial.
O setor privado pode avaliar e abordar melhor seus impactos ambientais e sociais nas cidades ao adotar uma estrutura de relatórios integrados e realizar a devida diligência ao longo da cadeia de suprimentos. Além disso, ao investir em soluções inovadoras e sustentáveis, as empresas podem contribuir para a transformação da forma como as cidades e comunidades são construídas e gerenciadas.
Leia também: Boas práticas em relatórios de sustentabilidade |
Segundo o SDG Compass, ferramenta que ajuda negócios a alinharem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável às suas estratégias, estas são algumas ações e soluções que as empresas podem adotar para contribuir para o avanço do ODS 11:
Leia também: Inovação e sustentabilidade na infraestrutura e na indústria: o ODS 9 e o papel das empresas |
Além disso, o guia Blueprint For Business Leadership On The SDGs também traz diretrizes para apoiar os empresários no caminho para o progresso do ODS 11.
O relatório apresenta exemplos de ações que as empresas podem desenvolver para engajar de forma efetiva na construção de um ambiente urbano mais sustentável e inclusivo. São elas:
Exemplos práticos:
Dicas para implementar ações como essas:
Exemplos práticos:
Dicas para implementar ações como essas:
Dicas para implementar ações como essas:
Veja abaixo as recomendações do Pacto Global, movimento que incentiva o alinhamento de estratégias empresariais aos direitos humanos:
A Mahindra Finance tem o objetivo de facilitar o acesso a empréstimos para habitação a consumidores rurais e semiurbanos mal atendidos na Índia.
As taxas de juros da empresa são fixas em vez de variáveis, o que as torna mais acessíveis e fáceis de entender. Além disso, os empréstimos são acompanhados de seguros de vida e de propriedade. E ainda, a Mahindra fornece aos clientes conselhos sobre como abordar o governo local para obter documentação e até mesmo os acompanha para orientá-los no processo.
Como a maior empresa financeira rural não bancária da Índia, a Mahindra Finance já impactou a vida de mais de 3,6 milhões de pessoas.
Saiba mais: mahindrahomefinance.com
Échale é uma empresa B certificada que atua na produção de moradias sociais, fornecendo inovações em construção, tecnologia e finanças. O modelo de habitação sustentável da Échale oferece uma solução sistêmica para as famílias.
Através de um programa de autoconstrução assistida, as comunidades são treinadas com as habilidades técnicas adequadas para construir suas próprias casas.
As casas construídas pela Échale são feitas com blocos de terra e equipadas para coletar água da chuva, reduzindo o uso de água municipal em 20%. Além disso, há impactos sociais significativos nas comunidades participantes, incluindo a criação de cinco empregos temporários para cada casa construída.
Saiba mais: echale.mx
“Transformar vidas por meio da mudança social e do desenvolvimento sustentável dos territórios.” Esse é o propósito da Diagonal Social, empresa de consultoria de gestão social. A Diagonal ajuda organizações públicas e privadas a elevarem o padrão ESG de suas operações, gerando desenvolvimento e impacto positivo na sociedade.
A empresa contribui para o ODS 11 por meio dos seu trabalho nas áreas de gestão de territórios periféricos, planejamento e gestão urbana e monitoramento de impactos socioambientais. Além disso, a Diagonal também realiza elaboração de estudos, planos integrados e gerenciamento de programas de desenvolvimento voltados para:
Saiba mais: diagonal.social
Leia também: Urbanismo social e o desenvolvimento sustentável nas cidades |
A Moradigna é um negócio de impacto social que busca mudar a vida de milhões de brasileiros que moram em situação de insalubridade. Para isso, a empresa oferece pacotes de reforma a baixo custo.
A grande facilidade que a Moradigna oferece é a acessibilidade ao crédito. Isso porque a empresa conta com parcerias com instituições financeiras para fornecer um financiamento de forma mais acessível e parcelada aos clientes. Assim, eles podem escolher as condições que mais se adequam à sua realidade.
Saiba mais: moradigna.com.br
Desenvolvido pela Accenture em parceria com a Gerando Falcões, Favela Beta é um programa de transformação social por meio da inovação.
O movimento visa interromper o ciclo da pobreza nas favelas, oferecendo benefícios para as comunidades ao mesmo tempo em que gera valor aos negócios das empresas parceiras. Ou seja, o Favela Beta pretende fazer a ponte com startups e grandes empresas para inovar e resolver problemas comuns às favelas.
O programa é uma alternativa de investimento ESG com foco na criação de soluções transformadoras nas cidades. Assim, a iniciativa também traz a oportunidade para investidores ampliarem seu portfólio de negócios, gerando impacto positivo na sociedade e ajudando a transformar a vida dos moradores – que ganham em inclusão, acessibilidade e qualidade de vida.
Saiba mais: accenture.com
Essa startup usa inteligência de dados para aprimorar o transporte coletivo, com foco em resolver o problema dos ônibus lotados nas cidades. A empresa desenvolveu um contador de passageiros (CDP) capaz de informar em tempo real onde os ônibus estão e se eles estão vazios.
Dessa forma, o usuário de transporte público sabe quanto tempo falta para chegar o ônibus e qual é o seu nível de ocupação.
Além disso, por meio dos dados gerados com o dispositivo da Milenio Bus, as empresas de mobilidade urbana conseguem criar estratégias para o uso mais eficiente das frotas.
Saiba mais: mileniobus.com.br
Essa é uma aceleradora de lideranças comunitárias que tem como foco gerar melhorias em praças e parques públicos que foram esquecidos e/ou degradados.
Criada para coletivos, associações de bairro e empresas que desejam gerar impacto positivo em seus bairros e comunidades, a Cidades.co oferece conteúdos e ferramentas gratuitas que ensinam uma metodologia colaborativa.
A startup desenvolveu uma plataforma colaborativa em que os grupos de vizinhança podem captar recursos de acordo com seus objetivos e necessidades de revitalização dos espaços urbanos.
Saiba mais: cidades.co
Se sua empresa realmente está comprometida com o ODS 11, pode realizar parcerias com outros agentes da sociedade que também estão atuando para diminuir as desigualdades nas cidades e promover um urbanismo mais sustentável.
Neste sentido, além de se unir a instituições de ensino, governos e até mesmo outras empresas, para ajudar a alavancar o ODS 11 é possível fazer parcerias com ONGs que já atuam nessa causa – caso, por exemplo, das que destacamos a seguir.
A missão do FICA é viabilizar o aluguel para famílias de baixa renda no centro de São Paulo (SP), por meio da compra e/ou gestão de imóveis a partir do financiamento coletivo. Assim, a entidade busca garantir o uso socialmente justo da terra.
Saiba como apoiar: fundofica.org/apoie
A Rede Gerando Falcões é um ecossistema de desenvolvimento social que tem como objetivo transformar a vida dos moradores das favelas. A entidade faz isso através do oferecimento de educação socioemocional, educação profissional, acesso ao trabalho e a tecnologias.
Saiba como apoiar: gerandofalcoes.com
O FNRU é uma articulação nacional que reúne movimentos populares, sociais, ONGs, associações de classe e instituições de pesquisa. A entidade tem como missão lutar pelo direito à cidade, modificando o processo de segregação social e espacial para construir cidades mais justas, inclusivas e democráticas.
Saiba mais: forumreformaurbana.org.br
A Terra de Direitos defende que a democratização do acesso à terra – seja ela urbana ou rural – é indispensável para uma vida digna. Para isso, luta pela construção de territórios livres da exploração e de práticas sociais coletivas no campo e na cidade a partir dos princípios e ferramentas da assessoria jurídica popular.
Saiba como apoiar: terradedireitos.org.br
Essa é uma organização que atua para combater as desigualdades e garantir que pessoas em condições de pobreza tenham um lugar digno para viver. A entidade trabalha para influenciar políticas públicas e ampliar o debate sobre a proteção de assentamentos precários e a melhor ocupação das cidades. Além disso, também tem programas que oferecem soluções de acesso à moradia, água e saneamento.
Saiba como apoiar: habitatbrasil.org.br
Essa organização atua em quatro eixos: sustentabilidade, educação, empreendedorismo e infraestrutura. Os projetos mais realizados pela rede são o de captação de água de chuva, hortas e compostagem, reformas, educação ambiental. Além disso, a entidade tem projetos de apoio estratégico a instituições sociais, escolas e de apoio à geração de renda de indivíduos e/ou comunidades.
Saiba como apoiar: esf.org.br
A construção de cidades mais inclusivas e sustentáveis demanda a participação da sociedade como um todo – governos, cidadãos, instituições e setor privado.
No entanto, as empresas em especial têm o potencial de liderar essa transformação, por meio da participação ativa em iniciativas públicas e pelo oferecimento de serviços, produtos e modelos de negócios que contribuam para diminuir as desigualdades e impacto ambiental nas cidades.
Ou seja, o caminho para um futuro mais resiliente, inclusivo e sustentável passa por desenvolver processos empresariais que sejam bons para as pessoas e para o planeta. Então, guiar-se pelas metas do ODS 11 é um excelente caminho para empresas que desejam participar ativamente da construção dessa nova economia.
Esperamos que as histórias apresentadas e as reflexões propostas neste artigo lhe ajudem a encontrar formas de fazer a sua parte – seja individualmente, apoiando causas que apoiam o avanço do ODS 11, ou por meio de ações empresariais focadas nessa causa.
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