Entenda como a Movida planeja cumprir a meta de ser uma empresa carbono neutro até 2030 e saiba como essa jornada reflete em diferenciais para a marca
O setor de transportes responde por 14% das emissões globais de carbono. Desses, 60% vêm de veículos leves e do transporte rodoviário. O Brasil destaca-se negativamente por ser o quinto país mais poluidor, segundo dados do Climate Watch. “Essa é a década da ação. É tudo muito urgente. Precisamos criar metas ousadas e agir rapidamente. Não podemos esperar que só os governos e os grandes players ajam”, disse Renato Franklin, CEO da Movida, em palestra na Cúpula Global do Clima*.
A fala é sobretudo, um reconhecimento da responsabilidade de uma empresa inserida em um dos mercados mais poluentes do mundo em mudar o que não pode continuar a ser a regra dominante.
Renato lembra que “se a indústria fizer uma transformação, esses dados podem ser melhorados. A transição do carro próprio para o carro alugado é um ponto importante”, alerta.
Essa tendência, que surge inspirada por novos comportamentos de consumo, de fato já pode ser percebida. Em muitas cidades europeias, por exemplo, é possível alugar motos e carros elétricos compartilhados, que ficam pelas ruas à disposição de quem possui o app. É inegável que a eletrificação do setor automotivo é um caminho sem volta. E ela vem acompanhada pela economia compartilhada.
Tal contexto de adoção em escala de veículos elétricos e de pessoas optando por alugar carros ao invés de comprar pode nos fazer olhar com mais otimismo para um dos setores mais críticos quando o assunto é emissão de gases de efeito estufa (GEE).
O caminho da Movida para ser carbono neutro até 2030
A Movida criou uma agenda climática com o objetivo de ser uma empresa carbono neutro até 2030 e carbono positivo em 2040.
Para isso, há diversos projetos e metas já em vigor, que vão desde o plano de garantir 100% do abastecimento de lojas e escritórios com energia renovável ainda em 2021, até um surpreendente projeto de regeneração ambiental.
No Relatório Integrado 2020, que apresenta resultados financeiros e não financeiros (ambientais, sociais, operacionais e de governança), a Movida conta que as emissões que não podem ser evitadas são neutralizadas por meio de investimentos em projetos de sequestro de carbono com geração de benefícios sociais e ambientais – como projetos de reflorestamento com impacto positivo, por exemplo. “Além do sequestro de carbono, essas iniciativas promovem também a recuperação da biodiversidade e a geração de empregos e renda local”, revelou Renato.
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Carbon Free: plantio de árvores para compensar emissões de cada aluguel
Carbon Free é um programa em que o cliente Movida pode escolher neutralizar as emissões geradas durante a locação do veículo, por meio de um projeto de restauração florestal.
Funciona assim: se o cliente optar por contratar o Carbon Free (ao custo de R$ 1 por diária), a Movida calcula a quantidade de CO2 emitida durante a locação e, a partir disso, realiza o plantio de árvores para compensar as emissões.
O que torna a iniciativa interessante é que a empresa não planta árvores aleatoriamente, mas apoiando um projeto ambicioso de regeneração ambiental conduzido por uma ONG holandesa.
O plantio das mais de 57 mil árvores que foram custeadas pela Movida nos últimos 10 anos é gerenciado pela Black Jaguar Foundation (BJF), que possui um projeto único: a implementação do Corredor de Biodiversidade do Araguaia. Em um trecho de 2.600km, mais de 1.7 bilhões de árvores nativas estão sendo plantadas em propriedades particulares entre a Amazônia e o Cerrado.
“Vale destacar, inclusive, que o projeto ajudou a aumentar o engajamento dos clientes no Carbon Free. Além disso, nossos funcionários também enxergam o propósito e propagam entre os clientes. Se só plantamos árvores, isso não chega forte na linha de frente. Como o Corredor beneficia muita gente e muitos setores, benefícios intangíveis fortalecem a causa e aumentam o engajamento.”
Os benefícios indiretos de a Movida ter uma agenda climática
Segundo Renato, muitos gestores questionam a relação custo-benefício do investimento para tornar a Movida uma empresa carbono neutro até 2030. A resposta dele é clara: “O payback é muito grande e rápido. O primeiro retorno é o engajamento da equipe. Descobrimos que tínhamos muito mais gente envolvida do que imaginávamos. Desde o corporativo até o pessoal da loja. O engajamento é mais rápido e maior do que imaginávamos”, revelou.
Mas não é só isso. Na visão do CEO, além de ser o melhor programa de atração e retenção de talentos, a preocupação com o impacto no planeta é, atualmente, o único jeito de ter clientes e investidores – ao lado da Natura, a Movida forma o restrito grupo de empresas B de capital aberto.
“É um caminho sem volta e muito mais urgente do que parece. Alguns enxergam como marketing, mas é algo muito mais necessário do que um diferencial competitivo. Temos que ter uma agenda climática por propósito, porque queremos, mas também porque é a única forma de manter um negócio no futuro. Só precisamos dar o primeiro passo, ter ousadia, ter consciência de que temos que pensar grande e fazer diferente do que fazíamos”, completou.
Ou seja, fica nítido que a agenda climática da Movida, que permeia a certificação B e projetos como o Corredor do Araguaia, é, sobretudo, parte de uma visão de gestão e construção de uma empresa resiliente para o futuro.
Conscientização é a agenda mais importante
Renato também comentou sobre um benefício indireto e que extrapola os limites do CNPJ quando uma empresa decide levar a sério uma agenda climática…
“Quando um grupo empresarial decide seguir o caminho da sustentabilidade, isso tange e permeia todas as famílias de pessoas que trabalham nele. Assim, vamos modificando essa consciência e modificando o capitalismo. Os nossos hábitos como consumidores farão as empresas perceberem que não tem como oferecer um produto sem pensar no impacto dele no planeta e na sociedade. Se a gente, enquanto consumidor, mudar hábitos e olhar para o impacto de nossas escolhas, vamos acordar empresários e governantes”, concluiu.
Ao fim de sua apresentação, Renato resgatou uma frase de Yann Arthus-Bertrand, documentarista e ativista francês que disse, certa vez: “É tarde demais para sermos pessimistas”.
E sua empresa, já possui uma agenda climática?
Saiba mais:
*Este artigo faz parte da cobertura da primeira Cúpula Global do Clima, evento organizado pelo Sistema B e pelo B Lab, que aconteceu entre 29/06 e 01/07/21. Assine nossa newsletter para receber todas as atualizações
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