Por meio da venda de sorbet, a empresa B Juçaí protege uma planta nativa da Mata Atlântica ao mesmo tempo em que se preocupa com sua responsabilidade social e com o desenvolvimento econômico das comunidades em que atua. Entenda como esse processo funciona
A palmeira-juçara chegou a ser uma das plantas mais abundantes da Mata Atlântica brasileira. Porém, por conta da exploração descontrolada do seu palmito (que é extraído do interior do tronco), ela está ameaçada de extinção – afinal, a extração do palmito exige a derrubada da palmeira, que não se regenera.
Segundo Márcia Hirota, diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, isso é muito grave para a saúde de toda a floresta, uma vez que além de aproximadamente 70 espécies da fauna se alimentarem do fruto desta árvore, a palmeira-juçara tem um papel fundamental na dinâmica dos processos ecológicos. “Sem o palmito-juçara, a Mata Atlântica empobrece”, declara.
Desde 2007, o projeto socioambiental AMÁVEL (A Mata Atlântica Sustentável) trabalha para reverter esse quadro, incentivando a preservação da palmeira-juçara e seu plantio sustentável.
Uma das etapas deste trabalho foi um estudo para atestar a viabilidade comercial da exploração do fruto da palmeira (o juçaí) no lugar do palmito. Para isso, os pesquisadores mapearam as áreas onde a árvore estava presente e comprovaram que o juçaí era seguro para consumo humano e que, além disso, era supernutritivo e saboroso – o que acabou rendendo ao fruto o apelido de açaí da Mata Atlântica.
Ou seja, a empresa e seus produtos nasceram da missão de conservar a juçara e da visão de criar um modelo de negócio que oferece as condições para sua conservação. E não o contrário.
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Além de não derrubar as árvores para extrair o juçaí, a empresa preserva 33% dos frutos de cada palmeira, garantindo alimento para a fauna local. Os animais, por sua vez, dispersam as sementes pela mata, plantando novas gerações da árvore.
Coletores da própria comunidade local, organizados em cooperativas, realizam essa extração. Portanto, o plantio e a exploração responsável da palmeira beneficiam diretamente a comunidade e os agricultores rurais da região.
Além disso, a fábrica, que fica dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) da Serrinha do Alambari (RJ), contrata mão de obra local dentro de um trabalho de transformação social, fazendo os palmiteiros se tornarem extratores legalizados de frutos da juçara.
De acordo com a empresa, nenhum tipo de fertilizante sintético ou agrotóxico é utilizado no processo de extração do juçaí e de produção do sorbet. Além disso, toda a estrutura produtiva é focada no redirecionamento dos resíduos de despolpamento (sementes de juçara) para replantio da espécie.
Portanto, o método usado associa preservação da palmeira-juçara, geração de empregos e legalização de extratores. Fechando, assim, um ciclo de desenvolvimento econômico e sustentável.
Bruno conta que conheceu a certificação B em 2016, através de um parceiro. Ao analisar o propósito do movimento e a lista de participantes, os gestores da empresa imediatamente entenderam que precisavam fazer parte dele, e no mesmo ano começaram os processos para a certificação.
“De lá pra cá, também ajudamos a criar o CluB, um clube com empresas B que se reúnem mensalmente com ideias e sugestões de apoio mútuo e desenvolvimento de novas ações socioambientais. Em quatro anos de integração com o Sistema B, o Juçaí já realizou diversas parcerias com outras empresas do movimento, ajudando a multiplicar esse ecossistema do bem”, destaca.
O pensamento coletivo citado por ele é, aliás, um dos grandes pilares das empresas B. As organizações certificadas trabalham para criar benefícios para todos os envolvidos, não apenas para os acionistas.
Ele destaca que ser uma empresa B certificada e de fato contribuir para o movimento é uma forma importante de reforçar esse DNA e de se conectar com empresas e potenciais parceiros de visão similar.
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O trabalho do Juçaí tem impacto direto nos seguintes ODS:
1: Erradicação da pobreza
2: Fome Zero e Agricultura Sustentável
3: Saúde e bem-estar
12: Consumo e produção responsável
13: Ação contra a mudança global do clima
15: Vida terrestre
17: Parcerias e meios de implementação
A imagem abaixo destaca algumas das ações da empresa que contribuem para a evolução desses ODS (o número no topo de cada área do gráfico indica a qual ODS ela corresponde):
Clique na imagem para ampliar
Além disso, existem outras iniciativas que são bons exemplos do que a empresa faz para contribuir com o avanço de alguns dos ODS e cumprir com sua missão de preservar a palmeira-juçara. Caso, por exemplo, destas duas:
Com o objetivo de ampliar o engajamento da cadeia de valor no propósito da sustentabilidade e de valorizar as parcerias que viabilizam o cumprimento da missão, em 2020, a empresa lançou o Prêmio Juçara, um reconhecimento aos clientes que mais venderam os sorbets da marca ao longo do ano e, assim, contribuíram para conservar a palmeira-juçara.
Os premiados receberam um troféu que certifica a quantidade de juçaras conservadas a partir da quantidade de litros de Juçaí comercializados.
No ano passado, o cliente que mais contribuiu para a conservação das palmeiras vendeu 18.271 litros de Juçaí, o equivalente a 2.150 juçaras.
Por meio de uma parceria com a Eureciclo (que também é uma empresa B certificada), o Juçaí garante a compensação ambiental de sua produção, devolvendo ao ciclo produtivo o dobro da quantidade de plástico e papelão que gerado.
“Além de darmos a destinação correta a esses resíduos, que são enviados para cooperativas de reciclagem, também realizamos investimentos na cadeia de forma a neutralizar duas vezes mais o nosso impacto ambiental”, aponta a empresa no relatório Mapa de Impacto Sustentável 2020.
Apesar do evidente esforço do Juçaí para ser um agente de transformação, Bruno reconhece que esse é um trabalho sem fim. “Sustentabilidade é uma jornada de evolução, e sempre existe algo que pode ser aperfeiçoado, melhorado e otimizado”, conclui o gerente geral da empresa.
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