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Inteligência artificial a favor da resiliência climática

Ferramenta desenvolvida pelo Google utiliza IA para auxiliar gestores urbanos a planejar intervenções para melhorar a resiliência climática nas cidades

As ondas de calor extremo, cada dia mais comuns em diferentes partes do planeta, impactam diretamente a vida das pessoas e a economia global. Porém, suas consequências não afetam a todos de maneira igual…

Além de afetarem desproporcionalmente as pessoas que vivem em ilhas de calor urbanas (áreas onde estruturas como estradas e edifícios absorvem e reemitem calor), as ondas de calor são especialmente prejudiciais para comunidades vulneráveis, incluindo pessoas idosas, crianças e aqueles com condições crônicas de saúde. 

Para se ter uma ideia, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a mortalidade relacionada ao calor entre pessoas com 65 anos ou mais aumentou aproximadamente 85% entre 2017 e 2021.

Do ponto de vista econômico, o calor extremo reduz a produtividade, especialmente em setores que dependem de trabalho ao ar livre, como construção civil e agricultura. Além disso, a alta demanda por energia para refrigeração também gera sobrecarga no sistema elétrico, aumentando os custos para governos e consumidores.

Para enfrentar esses e outros desafios relacionados às mudanças climáticas, as cidades têm procurado diferentes soluções. Madri, por exemplo, desenvolveu o programa “Refúgiate en la Cultura” visando “tirar” os cidadãos e turistas das ruas nos horários em que o calor é mais intenso nos meses de verão. 

No entanto, de maneira geral, lidar com as ondas de calor e suas consequências é um desafio para gestores urbanos. A tecnologia pode ser uma aliada para mudar esse panorama e aumentar a capacidade de adaptação climática nas cidades.

Google Heat Resilience Tool

O Google Research está testando uma nova ferramenta de Resiliência ao Calor baseada em inteligência artificial para ajudar as cidades a combater o calor extremo.

Na prática, a tecnologia analisa imagens de satélite e aéreas para auxiliar os planejadores urbanos a quantificar o impacto potencial de medidas de resfriamento, como o plantio de árvores e instalação de superfícies altamente refletivas, como os telhados frios (os chamados cool roofs).

A ferramenta também incorpora indicadores de vulnerabilidade social, incluindo estatísticas de renda, para identificar as áreas que mais precisam de alívio térmico. Essa abordagem detalhada e multidisciplinar permite que os gestores municipais visualizem os efeitos das estratégias adotadas.

No momento, 14 cidades dos Estados Unidos estão utilizando a ferramenta para identificar quais bairros são mais vulneráveis ao calor extremo e desenvolver um plano para enfrentar o aumento das temperaturas. 

Segundo o Google, o condado de Miami-Dade, por exemplo, planeja usar as informações obtidas para incentivar medidas de mitigação do calor em novos empreendimentos imobiliários. Enquanto isso, Stockton, na Califórnia, utilizou uma versão anterior da ferramenta para identificar possíveis projetos de redução de ilhas de calor urbanas.

Com o aumento das ondas de calor extremo e seus impactos desiguais nas cidades, tecnologias como a ferramenta de resiliência ao calor do Google representam um avanço significativo na busca por soluções urbanas mais adaptativas. No entanto, fica a pergunta: como essas inovações poderão ser integradas de forma eficaz e abrangente nas políticas públicas e no planejamento urbano global? E, além disso, como garantir que essas soluções sejam acessíveis a todas as comunidades, especialmente as mais vulneráveis?

Leia também: 
Adaptação climática na prática: os pontos de ônibus climatizados de Madri


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Redação A Economia B

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