Conheça as principais causas e efeitos das mudanças climáticas e entenda os entraves para o avanço do ODS 13 da Agenda 2030
“As mudanças climáticas podem afetar a vida de todas as pessoas.”
Essa é uma ideia que, há alguns anos, ainda parecia abstrata e distante, mas está se tornando cada vez mais concreta e real.
Com as consequências da crise climática mais evidentes, tais como as enchentes que abalaram o Rio Grande do Sul entre abril e maio deste ano, é possível perceber uma maior preocupação e conscientização em relação a esse problema.
No Brasil, por exemplo, uma pesquisa realizada pelo Datafolha em junho de 2024 revelou que 97% dos brasileiros percebem os impactos das mudanças climáticas em seu cotidiano, especialmente calor extremo (65%) e chuvas intensas (33%).
Além disso, 77% dos entrevistados acreditam que as mudanças climáticas são causadas principalmente por ações humanas e 52% consideram isso um risco imediato.
Ou seja, o aumento da intensidade e frequência de eventos meteorológicos extremos, resultado direto das mudanças climáticas, deixa claro que essa não é uma crise futura, mas uma realidade que já afeta a vida de milhares de pessoas em todo o mundo e exige atenção imediata.
Essa é justamente a missão do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13 da Agenda 2030: tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos.
Este conteúdo sobre o combate às mudanças climáticas (ODS 13) faz parte da nossa série sobre o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Leia todos os artigos já publicados aqui.
As mudanças climáticas podem ser influenciadas por fenômenos naturais, como variações na atividade solar ou grandes erupções vulcânicas. No entanto, desde o século XIX, as atividades humanas têm sido o grande impulsionador dessas alterações, com a emissão de gases provenientes da queima de combustíveis fósseis (como carvão, petróleo e gás) sendo a maior vilã dessa história.
Isso porque a queima de combustíveis fósseis gera emissões de gases de efeito estufa (GEE). Tais gases retêm o calor do sol na atmosfera e aumentam as temperaturas globais.
Os principais GEE responsáveis pelas mudanças climáticas são dióxido de carbono (CO₂) e metano (CH₄).
Além disso, o desmatamento também é um impulsionador importante das mudanças climáticas.
As florestas cobrem cerca de 30% da superfície terrestre e atuam como importantes depósitos de carbono. Afinal, as árvores absorvem CO₂ durante seu crescimento, armazenando-o na madeira, no solo e em matéria vegetal.
Porém, o desmatamento, principalmente para agricultura, libera grandes quantidades desse carbono armazenado de volta para a atmosfera, contribuindo para o aumento dos GEE e, consequentemente, para as mudanças climáticas.
Interferências no sistema climático global podem gerar consequências catastróficas nos ecossistemas naturais do planeta.
As mudanças climáticas podem afetar as funções naturais do planeta de várias maneiras:
Entenda algumas dessas consequências:
Eventos climáticos extremos podem gerar perdas materiais, deteriorar infraestruturas e reduzir a acessibilidade a serviços básicos.
Leia também: Os negócios e o meio ambiente: como diferentes setores impactam a natureza – e dependem dela
E ainda, é importante salientar que esses impactos ambientais, sociais e econômicos não acontecem de maneira uniforme.
As desigualdades socioeconômicas persistentes podem aumentar a vulnerabilidade dos grupos menos assistidos, que geralmente enfrentam maior exposição a riscos e têm menos recursos para se proteger.
Leia também: Não há desenvolvimento sustentável sem redução das desigualdades (ODS 10)
Como mencionado anteriormente, as emissões de gases de efeito estufa (GEE) são um dos principais fatores responsáveis pelo aquecimento global e pelas mudanças climáticas. Por isso, ao combater a crise climática, essa deve ser a principal área de atuação.
Nesse sentido, uma referência importante para acompanhar o progresso do ODS 13 é o Acordo de Paris, um tratado global no qual 196 países assumiram o compromisso de reduzir o aquecimento global.
O Acordo de Paris tem como principal objetivo reduzir as emissões de GEE para limitar o aumento médio de temperatura global abaixo dos 2°C (se possível, a um limite de 1,5°C) até o final do século, comparado a níveis pré-industriais.
Contudo, no ritmo atual, estamos a caminho de ultrapassar esse limite, colocando em risco a vida na Terra.
Para se ter uma ideia, a implementação completa dos compromissos atuais para reduzir as emissões colocaria o mundo no caminho para limitar o aumento da temperatura a 2,9°C acima dos níveis pré-industriais neste século. Ou seja, bem acima dos limites seguros.
Além disso, segundo a Nasa, sem intervenções urgentes para reduzir as emissões globais atuais, a temperatura global deverá aumentar entre 2,5°C e 4,5°C até 2100.
Segundo dados do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas das Nações Unidas, as emissões de GEE precisam ser reduzidas em 43% até 2030, em comparação com os níveis de 2019.
Porém, há um contraste significativo entre o que é preciso ser feito e o que é realizado na prática.
O último relatório de emissões globais aponta um crescimento recorde anual de 1,2% nas emissões em 2022, bem acima da média dos anos anteriores.
O documento indica ainda que as emissões provenientes de combustíveis fósseis cresceram entre 0,8 e 1,5% – sendo o principal contribuinte do aumento global das emissões de GEE.
Outro indicativo de que estamos na contramão para alcançar as metas do Acordo de Paris e do ODS 13 é o fato de que o investimento em combustíveis fósseis tem aumentado continuamente.
Conforme a edição de 2023 do Relatório Luz da Sociedade Civil da Agenda 2030, todas as metas do ODS 13 no Brasil estão em retrocesso.
“Quatro metas permaneceram em retrocesso no quadriênio 2019-2022 e duas delas retrocederam nos últimos dois anos. Isso deixa o ODS 13, pelo segundo ano consecutivo, com todas as suas metas em retrocesso”, aponta a análise.
Entre as recomendações para o progresso do ODS 13 no país, o documento lista ações como:
Um bom sinal que indica movimentos nessa linha é a aprovação da lei que determina que riscos climáticos devem ser contemplados nas políticas públicas e de desenvolvimento econômico e social.
A nova legislação estabelece diretrizes para planos de adaptação às mudanças climáticas em nível municipal e estadual. Ela indica que tais planos devem ser elaborados conforme os critérios da Política Nacional sobre Mudança do Clima.
É fundamental que governos efetivamente assumam seu compromisso e estabeleçam políticas públicas que impulsionem a transição para uma economia regenerativa e contribuam para combater as mudanças climáticas e limitar o aquecimento global.
Contudo, o poder privado também tem um papel central nessa transformação. Afinal, as atividades econômicas do modelo extrativista, no qual a maioria das organizações opera, gera danos profundos ao ecossistema global e é um dos principais drivers das mudanças climáticas.
Além disso, as empresas também têm interesses econômicos para atuar no combate às mudanças climáticas. Isso porque essa crise representa riscos significativos para as operações em todos os setores da economia.
Este é o tema do nosso próximo artigo.
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