Conhecer as diferentes tonalidades de “lavagem verde” é o primeiro passo para mantê-las bem longe das ações de comunicação da sua organização
Em uma caverna nas altas terras de Montana, uma ursa se prepara para uma longa soneca de inverno, sem saber que lá embaixo, pessoas com motores e máquinas irão explorar petróleo durante o inverno rigoroso.
Mas antes que ela acorde, as pessoas terão ido embora, e a terra explorada será replantada para que logo pareça como se ninguém jamais tivesse estado ali. As pessoas às vezes trabalham durante o inverno para que a natureza possa ter a primavera só para ela.
Essa narrativa “poética” faz parte de uma série de comerciais da Chevron da década de 90.
Na época, a campanha foi considerada um case de sucesso – inclusive ganhou vários prêmios por sua mensagem humanitária e o foco nas pessoas, em vez de falar da empresa ou seus produtos.
Hoje, porém, temos clareza do que realmente é: greenwashing.
É assim que Francine Pereira, nossa redatora-chefe, abre o guia antigreenwashing para empresas que acabamos de publicar.
Em tempos em que as organizações são cada vez mais cobradas a compartilhar suas iniciativas sociais e ambientais, saber se comunicar de forma genuína, honesta, autêntica e baseada em dados é essencial.
Boa leitura!
Natasha Schiebel
Cofundadora e Head de Conteúdo A Economia B
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Há oito dias, uma forte tempestade atingiu a região de Valência e levou embora quase tudo o que viu pela frente. Até o fechamento desta edição, o número de vítimas fatais estava em 217 – e ele deve subir, já que ainda há muitos desaparecidos.
Não sei se você sabe, mas é em Valência que moro com meu marido e sócio, João Guilherme Brotto, e nossa gatinha, a Batata.
Apesar de o bairro em que vivemos não ter sido atingido e de estarmos fisicamente bem, a tragédia também nos afetou.
Temos vivido dias pesados, tristes, com muita angústia, sensação de impotência e vontade imensa de colaborar com a reconstrução dos pueblos e das vidas abaladas pelo pior evento climático do século na Espanha.
Decidimos não focar esta Farol nesse assunto porque a ferida ainda está aberta. Porém, convidamos você a conhecer as histórias da Bruna e do Guilherme, dois empreendedores brasileiros que há pouquíssimo tempo realizaram o sonho de abrir seus negócios aqui (ela, um box de crossfit; ele, uma academia de jiu-jitsu) e que sofreram duríssimas perdas na semana passada.
A décima oitava edição do Global Risks Report, publicada no ano passado pelo Fórum Econômico Mundial, alertou: vivemos em um contexto de policrise, em que desafios ambientais, sociais, econômicos e climáticos se acumulam, interligam e se aprofundam.
Para reverter esse cenário, não basta buscar soluções isoladas, é preciso construir mudanças sistêmicas.
“A mudança sistêmica envolve alterar as condições que sustentam o sistema e os problemas existentes, o que significa abordar as causas profundas e lidar com as condições sociais, econômicas e ambientais que mantêm esse sistema no lugar, buscando uma solução sustentável e duradoura. O objetivo final é transformar sistemas para que tenhamos melhores soluções.”
Anna Dubois, Head of Partnerships and Fundraising da Ashoka (rede global de empreendedorismo social)
No palco do The Gap in Between*, Eva Curto (gestora de projetos da escola de negócios EOI), Rocío Castrillo (diretora de empreendedorismo e estratégia da Enisa), Margarita Albors (fundadora e presidente da Social Nest Foundation) e a própria Anna Dubois debateram os caminhos para promover mudanças sistêmicas.
Segundo elas, esse processo exige:
“É impossível enfrentar problemas complexos e, consequentemente, promover mudanças sistêmicas, sem inovação e cooperação”, afirma Anna.
Para a executiva da Ashoka, um bom exemplo de iniciativa que combina esses dois elementos e ajuda a promover mudanças sistêmicas é a Specialisterne, negócio social que promove a inclusão de pessoas neurodiversas no mercado de trabalho.
“Thorkil Sonne, fundador da Specialisterne, percebeu que, quando pessoas neurodiversas acessavam o mercado de trabalho, existia uma visão de limitação, de falta de certas habilidades. Ele mudou essa perspectiva. O que a Specialisterne faz é apoiar pessoas com neurodiversidade, proporcionando acesso ao mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, mudando a narrativa sobre o que significa oportunidade, pois essas pessoas têm habilidades especiais que são muito interessantes para certos tipos de funções”, conta.
A importância de ouvir e engajar líderes locais e organizações já estabelecidas em projetos de mudança sistêmica foi ressaltada por Eva.
“Engajar as comunidades locais é fundamental para qualquer tipo de projeto, especialmente se queremos lidar com a mudança sistêmica. Quando você implementa um projeto em um território, já existem líderes naturais atuando ali, não é preciso reinventar a roda; basta ouvi-los.
No Territorio Emprende, um projeto que estamos implementando na Galícia voltado para empreendedores sociais e ambientais, decidimos estabelecer uma fase zero – chamada de ‘capacitação de capacitadores’ – para criar um espaço seguro para todos os líderes da comunidade. Ouvi-los e capacitá-los de forma que eles próprios possam se tornar mentores dos empreendedores fez toda a diferença no projeto.”
Outro ponto levantado por Anna é o fato de que o sucesso da mudança sistêmica depende de uma relação igualitária entre financiadores e inovadores sociais. Neste sentido, ela destaca a importância de reduzir a disparidade de poder e permitir colaborações mais efetivas.
“Os inovadores sociais veem o futuro de uma forma mais brilhante do que qualquer um de nós; eles são otimistas, enxergam algo à frente que muitos de nós não conseguimos ver, especialmente em um contexto onde tudo é tão difícil. Eles são os especialistas, têm as melhores soluções, estão junto à comunidade impulsionando a mudança. Porém, quando se sentam com um investidor, há uma dinâmica de poder; historicamente, o investidor tem mais poder do que o especialista, do que o inovador social, e isso gera certos desafios. Precisamos mudar isso. É fundamental que as conversas aconteçam sobre o que queremos alcançar e como cada um pode atuar aconteçam ‘de igual para igual’”.
Por fim, ciente de que mudanças sistêmicas não acontecem do dia para a noite, Eva destaca a necessidade de uma visão de longo prazo para alcançar um modelo regenerativo, centrado na vida e na natureza.
Para isso, segundo ela, precisamos fazer uma transição de um modelo extrativista para um modelo regenerativo, centrado na vida e que coloca a natureza no centro. “Infelizmente levará anos para que tenhamos uma massa crítica de pessoas pensando dessa forma, mas vejo que não há outra alternativa para o nosso planeta”, disse.
*O evento The Gap in Between, organizado pela Social Nest Foundation em Valência (Espanha), promoveu debates sobre os principais desafios ambientais e sociais que enfrentamos e apresentou startups que estão desenvolvendo soluções para eles
No início desta semana, o João entrevistou a Verônica Manguinho de Souza, cofundadora da Flora (uma consultoria de e para pessoas dedicadas a promover impacto positivo).
A Verônica acabou de voltar de Londres, onde participou do Blue Earth Summit (evento que debate a inovação no contexto do impacto socioambiental), e compartilhou o que viu de mais interessante por lá.
A entrevista na íntegra fica para a próxima edição. Aqui, compartilhamos um trechinho que complementa muito bem o debate sobre mudanças sistêmicas do The Gap in Between. Afinal, envolver-se em conversas desconfortáveis sobre questões socioambientais é essencial para promover a honestidade, a transparência e mudanças significativas nas práticas de sustentabilidade…
… sem mudanças significativas nas políticas climáticas, o aumento global de temperatura pode chegar a 3,1°C até o final do século, trazendo à tona o pior das mudanças climáticas?
O relatório Lacuna de Emissões 2024 – Chega de calor… por favor, recém-lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), recomenda uma redução de 42% das emissões anuais de gases do efeito estufa até 2030 e de 57% até 2035 para manter viva a meta de 1,5°C, definida no Acordo de Paris, em 2015.
Porém, apesar dos alertas preocupantes, os autores do estudo afirmam que o caminho para limitar o aquecimento global a 1,5°C ainda é tecnicamente possível.
“O único grupo minoritário do qual qualquer pessoa pode vir a fazer parte a qualquer momento de sua vida é o do pessoas com deficiência. Isso pode acontecer num instante, pode acontecer amanhã, pode acontecer hoje. Não quero pesar o clima, mas destacar que temos a oportunidade de tornar essa transição justa para todos. Se uma solução é acessível para pessoas com deficiência, então ela é acessível para todos.”
Molly Chauhan
Ativista pelos direitos das pessoas com deficiência e executiva de parcerias e marketing da Motability Operations, empresa que gerencia um programa de mobilidade acessível que atende mais de 800 mil pessoas com deficiência no Reino Unido
→ Molly foi uma das participantes do painel “The Role of Just Transition in Climate Action”, parte da programação do Louder Than Words, evento que aconteceu em outubro, em Oxford.
De acordo com a LADAPT (associação francesa que luta pelo direito das pessoas com deficiência), a primeira causa de discriminação no ambiente de trabalho na França é a deficiência.
Em menos de um minuto, o curta-metragem The Eyes deixa bem claro como isso funciona na visão de uma pessoa com deficiência.
Vale o play.
Em contrapartida, lares com maior poder aquisitivo podem investir em energias renováveis, reduzindo despesas e, em muitos casos, até gerando excedente, que é vendido para a rede.
Para ajudar a minimizar esse problema, a empresa britânica Octopus Energy lançou Octopus Solar Sharing, programa que permite a doação do excedente de energia para causas sociais, beneficiando pessoas em situação de vulnerabilidade energética.
Ilana Cardial, repórter do Reset, passou as últimas duas semanas em Cali, na Colômbia, onde cobriu a décima sexta Conferência da Biodiversidade da ONU (COP 16).
Neste episódio do podcast Economia do Futuro, ela e Melina Costa conversam sobre os destaques do evento, que foi suspenso no último sábado (02) depois de rodadas de negociação que não levaram a um acordo.
Vale o play!
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A Farol da Economia Regenerativa (newsletter d’A Economia B) condena práticas como greenwashing, socialwashing, diversitywashing e wellbeing washing. As informações compartilhadas aqui passam por um processo de checagem feito pelo nosso time de jornalistas, porém, sabemos que muitas vezes à primeira vista pode não ser fácil distinguir iniciativas legítimas de tentativas de greenwashing, por exemplo. Acredita que algo não deveria estar aqui? Fique à vontade para nos procurar.
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