Cofundadora de Gestora de recursos focada em investimentos de impacto declara: “a verdadeira mudança exige que desafiemos velhas estruturas e reimaginemos como fazemos negócios”
Eu não conhecia o Sulaiman R. Khan nem a Cynthia V. Davis antes de vê-los no Louder Than Words – evento que cobri há menos de um mês, em Oxford, e que comecei a contar como foi na última Farol*. Porém, suas brevíssimas apresentações (breves até demais, na minha opinião!) foram duas das que mais me marcaram.
Ambos falaram sobre justiça, equidade, diversidade e inclusão (JEDI) nas organizações, mas cada um com uma perspectiva individual única.
Ele vive há mais de quatro décadas como uma pessoa com deficiência, atua há 15 anos em indústrias criativas e é fundador e Chief Radical Officer da consultoria ThisAbility® Limited, uma empresa focada em Justiça para Pessoas com Deficiência. Ela é cofundadora e CEO do Diversifying Group, consultoria que ajuda organizações a se tornarem mais inclusivas.
No primeiro dia do evento, Sulaiman criticou o fato de que, muitas vezes, a diversidade tende a incluir todos, exceto as pessoas com deficiência. “É por isso que diversidade e inclusão não são suficientes. Precisamos ir além da diversidade, trabalhar para que a equidade seja uma ferramenta fundamental para a justiça”, alertou.
Na visão dele, JEDI (especialmente a Equidade e a Justiça) é responsabilidade de todos, em todas as empresas.
“[Mas] não precisamos ser barulhentos sobre o assunto. Devemos ser como fungos: invisíveis, mas vitais. Precisamos ser curiosos, compassivos e corajosos para alcançar isso através da interdependência. (…) Essa é a única maneira de criar negócios que façam o bem e construam um mundo justo e equitativo para todos”, disse.
No dia seguinte, Cynthia se mostrou alinhada a Sulaiman.
“Não encare JEDI como um trabalho extra que você precisa fazer, nem como algo que deve ser feito apenas pela equipe de RH, pelo time de EDI (Equidade, Diversidade e Inclusão) ou por uma pessoa especialista no assunto. Esse é um trabalho em que todos nós temos um papel a desempenhar, e todos nós temos a oportunidade de realmente criar o tipo de organização da qual queremos fazer parte; organizações que ouvem, que aprendem, que dão às pessoas o espaço e a capacidade de serem elas mesmas e de fazerem um ótimo trabalho”, declarou.
Aos que têm medo de cometer erros ao tentar evoluir nessas temáticas, ela sugeriu que se foque no impacto, em onde se quer chegar. “Entenda que não há um pequeno passo que seja errado ou certo. Essa é uma jornada que você está trilhando, e não há varinha mágica que você possa agitar, nem bala de prata que vá resolver tudo de uma vez. É preciso realmente entender onde você está como organização, para onde está tentando ir e quais são os passos que você precisa dar para chegar lá e criar uma organização verdadeiramente inclusiva”, orientou.
Quando os cinco minutos que tinha no palco do New Theatre estavam quase chegando ao fim, Cynthia disse:
“Continue fazendo o trabalho e não tenha medo de errar, porque é assim que aprendemos a fazer da maneira certa”.
Pode ser menos complexo do que se pinta, mas, para isso, um passo fundamental é saber fazer as perguntas difíceis e buscar incansavelmente as respostas a elas.
Nesta Farol, trago mais alguns insights do Louder Than Words – nas seções “Pensamentos que iluminam e ecoam” e “Empresas que são forças para o bem” –, além de uma entrevista que fizemos na semana passada, em Madrid, uma seleção de alguns dos melhores artigos que publicamos nas últimas semanas em A Economia B e nossas sugestões de coisas para ler/ver/ouvir.
Boa leitura!
Natasha Schiebel
Cofundadora e Head de Conteúdo A Economia B
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💡Farol #24 – Cultivando o futuro em um planeta à beira do(s) limite(s)
“A gente precisa reconhecer que o sistema não está quebrado, ele funciona exatamente como foi projetado, com base em valores que faziam sentido na época em que foi definido. Mas esse design já não atende às necessidades de hoje. Precisamos ter a coragem de mudar esse ‘código’ e reinventar o sistema, redesenhando as estruturas para que gerem resultados diferentes e alinhados com um futuro melhor. Como humanos, muitas vezes comprometemos nossos valores por conveniência, mas a verdadeira mudança exige que desafiemos essas velhas estruturas e reimaginemos como fazemos negócios.”
Amy Clarke, cofundadora da Tribe Impact Capital, Gestora de recursos focada em investimentos de impacto
→ Amy foi uma das participantes do painel “From Insiders to Activists”, que reuniu profissionais que fizeram carreira em grandes corporações e acabaram se tornando ativistas climáticos. Na próxima Farol, trarei alguns destaques dessa conversa. Não perca!
Desafiar velhas estruturas e reimaginar a forma como negócios são feitos é algo que Patrick Grant se propôs a fazer quando criou a Community Clothing.
No palco do Louder Than Words, Grant, que é autor do livro Less: Stop Buying So Much Rubbish – How Having Fewer, Better Things Can Make Us Happier, alertou que, atualmente, apenas entre 20 e 25% do dinheiro gasto com roupas vai para quem as produz. Para ele, a única maneira de resolver isso é criar novos modelos de negócios cujo core seja construído a partir da visão de que não existe necessidade de um crescimento contínuo do consumo.
A Community Clothing nasceu com esse propósito. “Nós nunca incentivamos as pessoas a comprarem mais coisas. Nunca lançamos novas coleções. Não há sazonalidade. Todos os produtos que vendemos estão no nosso site há 7 ou 8 anos. A ideia toda é construir um negócio baseado na necessidade, e não no desejo, e distribuir o dinheiro da maneira certa”, disse.
Em termos práticos, 65% de todo o dinheiro gasto na Community Clothing vai para as pessoas que fazem os produtos. “Todas as pessoas ao longo da cadeia”, destacou Grant. Ou seja, incluindo fazendeiros, fiandeiros, tecelões, tingidores, fabricantes – o que, segundo ele, é fundamentalmente diferente.
Para ilustrar como funciona, Grant contou que as meias que estava usando custam cerca de 4 libras para serem feitas em uma fábrica que existe há cerca de cento e tantos anos no interior da Inglaterra. “Eles nos cobram 4 libras, nós cobramos cerca de 6 libras dos clientes, o governo pega 1 libra em impostos e nós pegamos 1 libra. Esse é o nosso modelo. Mas vendemos muitas meias e fazemos muito bem. E são boas meias, que duram muito tempo”, conta.
Para conhecer melhor esse modelo de negócio, acesse o site da empresa.
Na semana passada, João Guilherme Brotto (jornalista e cofundador d’A Economia B) e eu estivemos em Madrid para cobrir o ESG Summit Europe 2024. Compartilhamos os principais insights no LinkedIn:
→ Destaques do dia 01
→ Destaques do dia 02
Assim que o evento terminou, o João bateu um papo com Onara Lima, consultora especialista em sustentabilidade e ESG com quem trocávamos figurinha virtualmente há muito tempo e que finalmente pudemos conhecer pessoalmente.
Os dois compartilharam suas principais percepções sobre o ESG Summit Europe 2024 e analisaram alguns dos temas mais quentes do momento. Assista à primeira parte dessa conversa:
O primeiro episódio da nova temporada do podcast Prato Cheio (produzido pela plataforma de jornalismo investigativo sobre alimentação, saúde e poder O Joio e O Trigo) é um primor!
Os repórteres de O Joio investigam as origens do bilionário mercado de águas engarrafadas e revelam, por exemplo, como o marketing das grandes corporações criou desconfiança em relação à água da torneira, transformando a garrafa plástica em sinônimo de status e saúde.
Além disso, o programa destaca que, no Brasil, esse mercado é controlado por grandes corporações que pagam uma fatia minúscula de impostos e são acusadas de explorar mais recursos do que declaram aos órgãos públicos.
“Diante das metas de redução do aquecimento global, países vêm se preparando para fazer a chamada ‘transição energética’, utilizando fontes renováveis. Nesse cenário, a energia eólica, produzida a partir da força dos ventos, aparece como uma das alternativas mais festejadas. Mas será que ela é 100% sustentável?”
Para esta segunda-feira pós-primeiro turno das eleições municipais de 2024, cai bem a leitura do Guia Prático de Urbanismo Social (uma produção do Centro de Estudos das Cidades – Laboratório Arq.Futuro do Insper e da Diagonal).
Com exemplos reais e metodologias testadas, o guia é um recurso fundamental para gestores públicos, lideranças comunitárias e todos que desejam criar cidades mais justas e inclusivas. A obra oferece diretrizes sobre como diagnosticar, planejar e executar intervenções urbanas, além de ferramentas para monitorar e avaliar o impacto dessas ações.
Se você quer entender melhor a relação entre urbanismo social e desenvolvimento sustentável nas cidades, não deixe de (re)ler este artigo
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Os textos abaixo estão em inglês. Trago um pequeno contexto sobre cada um para você só clicar se realmente tiver interesse 🙂
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