Você já ouviu falar nos limites planetários?
Esse conceito científico diz respeito a um conjunto de nove fronteiras dentro das quais a humanidade pode continuar a se desenvolver e prosperar por gerações futuras. Ultrapassar os limites planetários significa aumentar o risco de gerar mudanças ambientais abruptas e irreversíveis em grande escala.
Aqui vai a má notícia: seis desses limites já foram ultrapassados (como mostra a imagem abaixo), enquanto simultaneamente a pressão em todos os processos de fronteira continua aumentando.
A agricultura contribuiu significativamente para a transgressão dos limites planetários.
A adoção de práticas regenerativas nesse setor é uma necessidade urgente para ajudar a restaurar sistemas fundamentais para a economia e, em última instância, para preservar a vida na Terra.
Este é o pano de fundo do novo artigo da nossa série que vem investigando iniciativas realizadas por empresas do setor de alimentos e bebidas que geram impacto socioambiental positivo.
Nele, Francine Pereira (nossa redatora-chefe) apresenta 5 empresas que estão impulsionando a agricultura regenerativa. Tem case da Alemanha, Chile, Brasil, Nicarágua e França. Vale (muito) a leitura!
Natasha Schiebel
Cofundadora e Head de Conteúdo A Economia B
*Farol da Economia Regenerativa é a newsletter d’A Economia B. Assine gratuitamente e não perca nenhuma edição.
Você sabia que…
… 58% das 250 maiores marcas de moda do mundo têm metas de uso de materiais sustentáveis, mas apenas 11% revelam as fontes de energia de sua cadeia de suprimentos?
É greenwashing que chama, né?!
Esse é apenas um dos destaques do relatório What Fuels Fashion?, desenvolvido pelo Fashion Revolution (maior movimento de ativismo de moda do mundo) com o objetivo de aumentar a conscientização pública e educar sobre os desafios sociais e ambientais da indústria da moda.
Saiba mais e conheça uma iniciativa que está em busca de soluções por uma moda circular.
Empresas que são forças para o bem
A empresa que decidiu transformar uma área de pasto em floresta
Na Farol #21, contamos que estamos produzindo o sétimo Estudo B, que será um guia sobre inovação, tendências e histórias de impacto socioambiental e ação climática no setor de alimentos e bebidas na América Latina e Europa.
Estamos na fase final da curadoria das histórias que vão entrar no guia e fica cada vez mais difícil não soltar spoilers de algumas das nossas descobertas. 😀
Aliás, se sua organização tiver interesse em se engajar nos debates sobre a economia regenerativa, deixo o convite para que patrocine este estudo inédito.
Criamos uma série de contrapartidas de muito valor para nossos parceiros. Converse com o João (joao@aeconomiab.com) que ele te apresenta as possibilidades.
Ah, vale dizer que o Estudo B# 7 será publicado em português, inglês e espanhol, com o objetivo de chegar aos demais países da América Latina e na Europa. Vem com a gente!
Recentemente, entrevistamos o Guiga Pirá, head de ativismo e marketing da Naveia (empresa brasileira que produz bebidas vegetais à base de aveia). Decidi compartilhar aqui o trecho em que ele conta como surgiu a ideia de transformar uma área de pasto em floresta porque essa é uma ideia que muitas organizações podem copiar, adaptar, usar como inspiração – talvez até a sua.
Olha só o que ele disse:
“Viajando pelo Brasil em busca de fornecedores, nos deparamos com uma paisagem muito comum na estrada: pastos. Terras que já abrigaram grandes florestas, mas que hoje estão em estado terminal, produzindo um pouco de capim que serve como parte da alimentação de bovinos.
Essa destruição só vai acabar quando deixarmos de financiar a criação de animais para extrair deles o que já conseguimos de fontes vegetais, paralelamente ao trabalho de regeneração dessas terras degradadas para desempenharem o papel natural delas, que é prover alimento abundante para todas as espécies da região, manter o solo, o ar e a água limpos e sadios, e estocar carbono da atmosfera para regular a temperatura do planeta.
Assim, antes de completar um ano de operação, decidimos ir na contramão do que é esperado de uma empresa convencional e investimos pesado em uma área de 220 hectares no berço da cultura de laticínios do país (Minas Gerais), que era usada para produção de leite de vacas. Uma terra em avançado estágio de degradação com muita erosão e poucas árvores.
Estamos recuperando a capacidade produtiva dela e alargando sua cobertura florestal para testar o que é possível produzir nesse ambiente e como podemos regenerar o que foi desmatado.
Inserida na Mata Atlântica, a Floresta Naveia produz alimentos em uma pequena área de agrofloresta, cria oportunidades de emprego para as pessoas da região que só conheciam o trabalho com vacas e ainda sequestra CO2 da atmosfera.
Quando falamos desse projeto, muitas pessoas acham que fazemos isso para produzir a aveia que usamos nos nossos produtos, mas não é bem assim. Nossa aveia continua vindo do Rio Grande do Sul, onde o clima é perfeito para o cultivo dela e nossos produtores parceiros estão localizados.
A Floresta Naveia existe porque o sonho e a necessidade de recuperar áreas degradadas existe desde antes da Naveia existir, e entendemos esse trabalho como parte da nossa função.”
Para saber mais sobre a floresta Naveia, dê o play neste vídeo:
Pensamentos que iluminam e ecoam
“Nossa principal missão não é gerar receita, mas combater o greenwashing e melhorar o mundo do vinho. A receita é uma ferramenta para alcançar o real objetivo, não o propósito do nosso trabalho. O mundo do vinho tem um futuro promissor se todos os stakeholders fizerem esforços em seus respectivos níveis, levando em conta o meio ambiente, e não apenas a imagem de luxo ou tradição.”
Camille Gante Alborghetti, Cofundadora EthicDrinks, em entrevista ao Estudo B #7
Farol Recomenda
[Podcast] Protagonistas de impacto – #01 Vamos falar sobre protagonismo e impacto positivo?
Uma de nossas missões é apresentar ideias e ações que organizações podem colocar em prática para construir um futuro melhor para todos, uma vez que a gente sabe da capacidade do setor privado de investir em iniciativas que têm real poder de transformação.
Mas, é claro, organizações são feitas de pessoas, e os protagonistas são aqueles que de fato fazem as coisas acontecer. Paulo Boneff, Head Global de Desenvolvimento Organizacional e Responsabilidade Social na Gerdau, é um desses personagens.
Paulo é o primeiro entrevistado do podcast Protagonistas de impacto. Apresentado por Alda Marina de Campos Melo (fundadora da Pares, consultoria e assessoria em desenvolvimento de lideranças e organizações para inovação e impacto positivo), o programa tem o objetivo de compartilhar histórias inspiradoras de líderes brasileiros. Essa primeira conversa vale o play!
[Livro] A terra inabitável: Uma história do futuro
A terra inabitável: Uma história do futuro foi uma das leituras recomendadas de um excelente curso sobre como cobrir as mudanças climáticas pela lente do jornalismo de soluções que concluí esta semana.
Apesar de ter começado a ler há poucos dias (não passei dos 10% no Kindle), achei que valia a recomendação.
Na obra, David Wallace-Wells fala sobre alguns dos problemas que enfrentaremos neste século por causa da emergência climática (como falta de alimentos, emergências em campos de refugiados, enchentes, destruição de florestas e desertificação do solo) e também de mudanças políticas e culturais que provocarão uma mudança radical na forma como entendemos a vida.
Talvez seja pesado? Talvez. Mas já estamos na chuva mesmo…
Para seguir pensando
🇧🇷
- [via Amazônia Real] Rios voadores da Amazônia viram corredores de fumaça tóxica
- [via O Joio e O Trigo] Sem critérios ambientais, Bolsa canaliza mais de R$ 560 bilhões ao agro brasileiro
- [via Política por inteiro] Do que é feita uma Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC)?
- [via g1] Chefe da ONU emite alerta pela rápida elevação do Oceano Pacífico: ‘Catástrofe em escala mundial’
- [via Folha de S. Paulo] Empresários lançam manifesto por união contra mudanças climáticas
🏴🇺🇸
Os textos abaixo estão em inglês. Trago um pequeno contexto sobre cada um para você só clicar se realmente tiver interesse 🙂
- [via Fortune] The ‘sustainability recession’ will end soon—and not by choice → Neste artigo, Andrew Winston (autor de livros como Net Positive e Green to Gold) apresenta um bom panorama sobre o que levou ao que chama de “recessão da sustentabilidade” e lista os motivos que farão com que essa onda mude logo de direção
- [via The Guardian] ‘These ideas are incredibly popular’: what is degrowth and can it save the planet? → Um pequeno manual sobre degrowth (um tema que temos observado cada vez mais), que inclusive me lembrou deste artigo que publicamos em 2020 (mais um “vale a pena ler de novo”): Os “países B” e o bem-estar da população como métrica de sucesso
- [via BBC] ‘When I was cycling, the world was big again’: What it takes to replace a flight with a long-distance bike ride → Uma relato inspirador sobre como mudar o modal de transporte muda o olhar sobre o mundo
- [via The Progress Playbook] How this English community built its own wind turbine → Uma boa história sobre como uma comunidade na Inglaterra construiu a maior turbina eólica do país, gerando energia limpa e renda para projetos locais
- [via The New York Times] Parisians Are Choosing Bikes Over Cars. Will New Yorkers Do That, Too? → Com as eleições municipais se aproximando, vale a pena olhar para o que grandes metrópoles mundiais andam fazendo para melhorar a qualidade de vida de seus moradores e pensar em quais propostas cobrar de candidatos a prefeitos e vereadores no Brasil. Essa matéria do NYT fala sobre a experiência de Paris se tornando cada vez mais amigável para ciclistas e traz lições para Nova York que a gente pode trazer para as nossas cidades.