ODS

51 países têm metas para energia eólica, mas só 6 devem cumpri-las até 2030

51 países têm metas para energia eólica, mas só 6 devem cumpri-las até 2030
Foto de Jason Mavrommatis na Unsplash

Estudo aponta que crescimento da energia eólica ainda está aquém do necessário para limitar o aquecimento global a 1,5°C

Um novo relatório do think tank climático Ember revela que, embora 70 países e os 27 estados-membro da União Europeia tenham definido metas ambiciosas para a expansão da energia eólica, os compromissos assumidos ainda são insuficientes para limitar o aquecimento global a 1,5°C.

Baseados em políticas energéticas e metas climáticas nacionais, esses planos preveem aumentar a capacidade eólica global para 2.157 gigawatts (GW) até 2030, um crescimento de 2,4 vezes em relação a 2022. No entanto, ainda há uma lacuna de 585 GW para atingir o necessário e limitar o aquecimento ao definido no Acordo de Paris. Para alcançar esse objetivo, a capacidade global de energia eólica precisaria triplicar, chegando a 2.742 GW até 2030.

A energia eólica desempenha um papel crucial na transição para uma matriz energética limpa. Segundo o relatório, ela não apenas fornece eletricidade de baixo custo, mas também complementa outras fontes renováveis, como a solar, contribuindo significativamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Leia também: O que acontece quando energia solar e energia humana se somam

Principais destaques negativos do relatório

Estados Unidos e Índia são os principais destaques negativos no relatório, ambos apresentando grandes discrepâncias entre suas previsões e as metas de capacidade eólica para 2030.

Os EUA e a Índia estão projetados para ficarem mais distantes de suas metas eólicas até 2030

Em 2023, os Estados Unidos adicionaram apenas 6,4 GW de capacidade eólica, o menor volume desde 2017. Além disso, embora não haja uma meta explícita para a energia eólica no país, uma meta implícita foi estabelecida com base em um estudo do Laboratório Nacional de Energia Renovável (NREL), que considerou os impactos da Lei de Redução da Inflação e da Lei de Infraestrutura Bipartidária.

Segundo a Ember, os EUA precisariam adicionar 32 GW de capacidade eólica anualmente de 2024 a 2030, mas as projeções atuais indicam uma média de apenas 16,5 GW por ano. A capacidade eólica offshore enfrenta desafios adicionais, como altos custos, problemas de licenciamento e dificuldades na cadeia de suprimentos. 

Na Índia, a meta de triplicar a capacidade renovável para 509 GW até 2030 inclui um aumento de 2,6 vezes na capacidade eólica, de 42 GW em 2022 para 110 GW em 2030. Para atingir esse objetivo, o país precisa construir 9,3 GW de capacidade eólica anualmente de 2024 a 2030. Embora tenha havido um aumento de 51% nas instalações eólicas em 2023, a taxa atual de 2,8 GW por ano ainda é insuficiente para alcançar a meta.

O relatório também destaca que muitos países do Oriente Médio, África e Ásia Central e Sudeste ainda não estabeleceram capacidade eólica significativa ou metas claras. Países como Arábia Saudita e Indonésia possuem metas modestas e apresentam pouco progresso em direção ao necessário para contribuir com a expansão global.

Brasil e Turquia se destacam positivamente na geração de energia eólica

Por outro lado, alguns países estão superando suas metas – como o Brasil e a Turquia.

Brasil e Turquia estão projetados para adicionar bem mais capacidade de energia eólica do que o necessário para cumprir suas metas nacionais de 2030 um título

No Brasil, a rápida expansão da energia eólica já ultrapassou a meta estabelecida para 2030, com o país adicionando 5 GW em 2023, o que o coloca bem à frente das previsões anteriores. Atualmente, a energia eólica representa 13% da matriz elétrica brasileira, superando a meta de 12% para 2030.

A Turquia também deve exceder sua meta de 18 GW até 2030, com uma taxa de construção média de 1,1 GW por ano.

O relatório conclui que, para fechar a lacuna entre as metas nacionais e a meta global de triplicação, é necessário um maior compromisso político, intervenções direcionadas e um aumento substancial nos investimentos em infraestrutura. Além disso, os especialistas que assinam o estudo recomendam a simplificação dos processos de licenciamento, o fortalecimento das redes de transmissão e a cooperação internacional para superar barreiras regulatórias e financeiras. 

Em nota, Katye Altieri, analista global de eletricidade da Ember, enfatiza a urgência da situação.

“Os governos estão com pouca ambição em relação à energia eólica, especialmente à eólica onshore. Em meio ao hype da energia solar, a energia eólica não está recebendo atenção suficiente, embora forneça eletricidade barata e complemente a solar. O caminho para um futuro energético mais limpo pode ser moldado pela priorização de políticas melhoradas, marcos regulatórios e suporte financeiro”, analisa.

A COP 29, que acontecerá em novembro no Azerbaijão, será uma oportunidade para os líderes globais revisarem e reforçarem suas estratégias energéticas.

Leia também: Transição de matriz energética: a ComBio e a revolução da biomassa


Conheça a nossa plataforma de curadoria e treinamento B2B sobre impacto, ESG e regeneração

Farol da Economia Regenerativa é uma solução de curadoria de conteúdo sobre ESG, sustentabilidade, impacto e regeneração. Funciona como um programa de aprendizado contínuo e é planejado sob medida para sua equipe e organização.

O Farol oferece palestras, treinamentos, notícias, tendências, insights, coberturas internacionais e uma curadoria exclusiva para a sua organização e seu time navegarem pelos temas mais urgentes da nossa era. Conheça o Farol e entre em contato para agendarmos uma conversa.

farol da economia regenerativa

Redação A Economia B

Os conteúdos assinados por Redação A Economia B são produzidos coletivamente pelo nosso time de jornalistas. Pauta, apuração, produção e edição são parte de um esforço compartilhado para oferecer a você a melhor curadoria de conteúdo sobre ESG, sustentabilidade, impacto e regeneração.

Série Estudos B

Guia para empresas