Foto: Sam Lion - via Pexels
Entenda como as empresas podem contribuir para o avanço do ODS 12, implementando práticas sustentáveis em suas próprias operações e influenciando a sociedade e a economia de forma mais ampla
Este conteúdo faz parte da série sobre o papel do setor privado no avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), da Agenda 2030. Leia todos os artigos já publicados aqui.
É isso que propõe o ODS 12, que visa promover um sistema mais ambiental e socialmente responsável de produção e consumo.
Porém, para que as metas deste ODS possam ser alcançadas até o final da década, precisaremos ver mudanças significativas no modelo atual. Entre as questões prioritárias neste sentido, estão:
No primeiro artigo sobre este tema, analisamos dados sobre padrões e práticas “business as usual” que impulsionam um sistema de produção e consumo baseado principalmente na dependência de combustíveis fósseis e extração excessiva de recursos.
Além disso, mostramos o que significa ter um sistema de produção e consumo sustentável e qual é o caminho para alcançá-lo.
Saiba mais: ODS 12: por sistemas de produção e consumo mais responsáveis
E ainda, indicaremos práticas e ações que as empresas podem adotar para promover um modo de produção que proporcione crescimento econômico sem necessariamente esgotar nosso patrimônio natural – mostrando marcas que já estão adotando esses valores.
Vamos começar falando sobre uma questão que impacta diretamente o avanço do ODS 12 – e que está no controle das empresas:
Uma ideia central do ODS 12 é reduzir significativamente a geração de resíduos, promovendo a reciclagem e reutilização – reduzindo a necessidade de extração de recursos. Contudo, um fator crítico para atingir este objetivo é a inovação tecnológica.
Inovações que contribuem para aumentar a vida útil dos produtos beneficiam a economia e o meio ambiente, gerando menos desperdício e resíduos. No entanto, algumas barreiras impedem que soluções com esse foco ganhem força no mercado.
O elevado custo inicial de produtos duráveis, a infraestrutura de reciclagem inadequada em muitos países, a cultura arraigada do consumismo e descarte e a falta de políticas governamentais para promover a produção sustentável e a redução de resíduos são alguns dos desafios nesse sentido.
Mas, como explica Ana Lipton, especialista em Sustentabilidade e Meio Ambiente, existe um motivo muito mais simples: muitos produtos são propositalmente projetados para serem descartados simplesmente porque isso gera mais lucro.
Para entender a obsolescência programada, basta pensar nas empresas de tecnologia que lançam constantemente novos modelos, criando um ciclo perpétuo de compra e substituição, mesmo quando as diferenças entre os modelos antigos e novos são mínimas.
Então, esse é um problema relevante para a Agenda 2030. Afinal, a obsolescência programada vai na contramão do ODS 12, pois força os consumidores a comprar novos produtos regularmente, gerando aumento de resíduos, uso ineficiente de recursos e impacto ambiental negativo.
E ainda, produtos projetados para falhar rapidamente geram mais lixo eletrônico e elevam as emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Leia também: União Europeia chega a acordo sobre “lei do direito ao conserto”
O setor privado desempenha um papel crucial no avanço do ODS 12 – tanto pela capacidade de implementar práticas sustentáveis em suas próprias operações, quanto pelo poder de influenciar a sociedade e a economia de forma mais ampla.
Além disso, organizações e empresários podem liderar iniciativas de advocacy por políticas públicas favoráveis à sustentabilidade, investir em projetos sustentáveis, criar mercados para soluções ecológicas e demonstrar responsabilidade e transparência em suas práticas.
O guia Blueprint For Business Leadership On The SDGs traz diretrizes para apoiar os empresários no caminho para o progresso do ODS 12. São elas:
Exemplos:
Dicas para implementar ações como essas:
Exemplos:
Dicas para implementar ações como essas:
Exemplos:
Dicas para implementar ações como essas:
Exemplos:
Dicas para implementar ações como essas:
Leia também: Boas práticas em relatórios de sustentabilidade
A Flori Tech é uma empresa que busca revolucionar o gerenciamento de resíduos com tecnologia e inovação. Para isso, desenvolveu uma máquina de coleta de itens recicláveis que possui sensores inteligentes para identificação de resíduos.
O processo simplifica o descarte, utilizando gamificação e educação ambiental para promover o engajamento. Além disso, o sistema gera dados de descarte enviados em tempo real.
Projetada para locais como escolas, escritórios e shoppings, a máquina possui sensores inteligentes, feedback instantâneo e notificação automática quando o armazenamento está quase cheio.
Saiba mais: flori.tech
A Ambipar oferece serviços de gestão ambiental com foco na sustentabilidade e na economia circular. A empresa valoriza os resíduos pós-consumo e pós-indústria, reinserindo-os na cadeia produtiva para promover uma economia de baixo carbono, reduzir a extração de recursos naturais e oferecer créditos de reciclagem e compostagem.
Com sete plantas dedicadas, a empresa transforma resíduos em combustível através de processos como coprocessamento, caldeira de biomassa, biogás e biometano – apoiando a transição energética das indústrias.
Saiba mais: ambipar.com
Com foco em resolver o problema do descarte de absorventes (compostos majoritariamente por plástico, que demora até 400 anos para se decompor), a Pantys – que é uma empresa B certificada – desenvolveu calcinhas absorventes reutilizáveis.
O objetivo da empresa é reduzir significativamente o lixo e os custos com absorventes descartáveis. Segundo a Pantys, em quatro anos utilizando seu produto, uma mulher pode deixar de usar até 780 absorventes descartáveis, que equivalem a R$228 e 27,3 kg de lixo.
Além disso, a empresa lançou recentemente o Pantys Circular, um projeto de logística reversa: os produtos usados devolvidos às lojas são transformados em energia limpa, com um incentivo para o consumidor de desconto na próxima compra.
Saiba mais: pantys.com.br
Por meio de uma tecnologia de higienização, essa empresa busca resolver o problema dos resíduos orgânicos e plásticos e promover o uso de energias renováveis, eficiência energética e economia circular.
O sistema da EWM trata e converte resíduos alimentares e orgânicos no local onde são gerados, utilizando uma tecnologia patenteada que acelera a decomposição por oxidação direta com oxigênio reativo (MIRA).
Esse processo reduz os resíduos em 60-80%, transformando-os em um material que pode virar composto, combustível ou ração para animais. E ainda, o produto resultante pode ser armazenado, evitando a formação de líquidos nocivos e emissões de CO2.
Saiba mais: ewmsoluciones.com
Calpech é uma empresa de tecnologia que desenvolveu um método para transformar resíduos da indústria de azeite e outras fontes orgânicas em encapsuladas em carbono que são usadas para melhorar a geração e qualidade do biogás.
Estas nanopartículas de ferro também podem ser utilizadas no tratamento de solo, águas residuais e aquíferas, atuando como agentes redutores, adsorventes e oxidantes para eliminar uma ampla variedade de contaminantes orgânicos e inorgânicos.
Este enfoque não apenas oferece uma solução sustentável para os resíduos agrícolas, mas também contribui para a eficiência energética e a saúde do ecossistema.
Saiba mais: calpech.com
Renewcell
A maioria das roupas usadas e dos resíduos de produção acabam em aterros sanitários ou incineradores, com pouca reciclagem eficaz de algodão em grande escala.
A Renewcell desenvolveu uma tecnologia que transforma algodão usado e outros têxteis ricos em celulose em um novo material biodegradável: a CIRCULOSE®. Esse novo material, então, é utilizado para fabricar fibras têxteis de viscose ou liocel de qualidade virgem biodegradável.
A introdução do CIRCULOSE® preenche a lacuna na reciclagem têxtil, permitindo a criação de novos produtos têxteis de alta qualidade a partir de resíduos, ao invés de novos materiais como algodão, petróleo ou madeira.
Saiba mais: renewcell.com
Leia também: Estocolmo+50 Climate Hub: movimentos que apontam uma nova economia
A ReUrbi enfrenta o problema da obsolescência programada em duas frentes: ambiental e social. Essa empresa B certificada ajuda organizações a descartarem lixo eletrônico de forma responsável ao mesmo tempo em que atua para diminuir a exclusão digital no Brasil.
O negócio oferece soluções de logística reversa para equipamentos eletrônicos de TI e Telecom, garantindo descarte certificado. Além disso, apoia projetos sociais através do Instituto ReUrbi de Inclusão Socioambiental, oferecendo equipamentos recondicionados a preços acessíveis.
De acordo com dados da empresa, o trabalho de reciclagem de equipamentos da ReUrbi já gerou mais de 1,3 toneladas de matérias primas para processamento final e 25.000 equipamentos recondicionados.
Saiba mais: reurbi.com.br
Leia também: Reaproveitamento do lixo eletrônico: causa ambiental com propósito social
O Crush Citrus é um tipo de papel sustentável desenvolvido pela fabricante italiana Favini. O produto é feito a partir de resíduos de frutas cítricas, substituindo até 15% da celulose de árvore.
Na produção de suco de frutas cítricas, 60% da fruta é descartada. O papel sustentável Crush Citrus utiliza esses resíduos para criar um material que é composto por 15% de polpa e 40% de resíduos pós-consumo.
O papel da Favini é um ótimo exemplo da economia circular: além de reutilizar subprodutos do processamento agroindustrial, o papel em si também é um material reciclável. Após o uso, o Crush Citrus pode ser facilmente reciclado, continuando seu ciclo de vida.
Saiba mais: favini.com
Essa é uma das tendências na área ambiental que deverão ganhar cada vez mais evidência nas estratégias ESG nos próximos anos.
No Estudo B #6, analisamos diversas tendências que estão influenciando a adoção da agenda ESG nas empresas.
Empresas comprometidas com o ODS 12 podem realizar parcerias com outros agentes da sociedade que também estão atuando para tornar os modelos de produção e consumo mais sustentáveis.
Neste sentido, além de se unir a instituições de ensino, governos e até mesmo outras empresas, para ajudar a alavancar o ODS 12 é possível fazer parcerias com ONGs que já atuam nessa causa. Caso, por exemplo, das que destacamos a seguir.
O Ecotece é uma ONG que tem como missão transformar as práticas de produção e consumo na indústria da moda para torná-la mais ética, limpa e inclusiva.
Atuando em parceria com empresas e educação do público sobre práticas sustentáveis na indústria da moda, o instituto desenvolve projetos em três áreas distintas: na promoção da cultura de sustentabilidade na moda, no estímulo ao vestir consciente e na modificação das lógicas de produção e consumo.
Saiba mais: ecotece.org.br
O GoodTruck Brasil tem como missão reduzir o desperdício de alimentos no país e promover segurança alimentar em comunidades vulneráveis.
Por meio de parcerias com distribuidores e supermercados, a ONG resgata alimentos excedentes e os distribui para pessoas em situação de rua e comunidades necessitadas. Atuando em cinco cidades, além de seu trabalho prático, a organização busca promover conscientização social através de experiências educacionais e voluntariado.
Saiba mais: goodtruck.org.br
A Recicleiros tem como missão promover a gestão de resíduos sólidos de forma inclusiva e sustentável, atuando como agente integrador entre prefeituras, empresas e catadores.
Eles desenvolvem programas de capacitação, incubação de cooperativas, integração empresarial e ambiental, alinhados com os princípios de governança, transparência e compliance.
Saiba mais: recicleiros.org.br
A ONG Banco de Alimentos tem o objetivo de reduzir o desperdício de alimentos e combater a fome, envolvendo cidadãos, empresas e indústrias alimentícias.
A organização recolhe alimentos excedentes que perderam valor de prateleira no comércio e indústria, mas ainda são próprios para consumo, distribuindo-os para entidades sociais cadastradas, garantindo a complementação nutricional de milhares de pessoas em São Paulo.
Saiba mais: bancodealimentos.org.br
O desafio do ODS 12 exige uma transformação profunda e abrangente que só será possível com o comprometimento e a ação colaborativa de todos os setores da sociedade: empresas, governo, sociedade civil e comunidades.
Como o texto que você acabou de ler deixa claro, o setor privado tem um papel central nesse sentido. Afinal:
Por exemplo, políticas públicas podem criar condições favoráveis para que empresas inovem em práticas sustentáveis. Além disso, os consumidores têm o poder de direcionar o mercado ao fazer escolhas mais conscientes e exigir produtos que respeitem o meio ambiente e os direitos humanos.
Esperamos que as histórias apresentadas aqui e as reflexões propostas ajudem você a encontrar formas de fazer a sua parte – seja individualmente, apoiando causas que apoiam o avanço do ODS 12, ou por meio de ações empresariais focadas nessa causa.
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