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Evolução dos ODS: Educação de qualidade e Igualdade de gênero

Entenda os desafios para o alcance dos ODS 4 e 5: Educação de qualidade e Igualdade de gênero e conheça empresas que estão contribuindo nessas áreas.

Este conteúdo faz parte da série Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – 10 anos para mudar o mundo. Neste artigo, vamos falar sobre os ODS 4 e 5: Educação de qualidade e Igualdade de gênero. Entenda os desafios nessas áreas e conheça empresas que estão contribuindo para o alcance dessas metas.

É difícil argumentar contra o fato de que educação de qualidade e igualdade de gênero são questões fundamentais para o progresso social e econômico do planeta. 

Afinal:

Com acesso à educação inclusiva e de qualidade, os cidadãos têm mais oportunidades e se tornam mais preparados para navegar nas mudanças constantes no mercado. Além disso, uma base educacional adequada pode fazer toda a diferença para a qualidade de vida de maneira geral. 

E com oportunidades iguais, meninas e mulheres podem avançar em diferentes áreas econômicas, educativas, sociais e políticas, cooperando significativamente para o desenvolvimento do mercado e da sociedade como um todo. 

Contudo, ainda há muito o que melhorar nessas duas áreas que estão diretamente relacionadas a diretos humanos fundamentais para uma vida justa e de qualidade.

🙅 Milhares de crianças e adolescentes no mundo todo não têm acesso à educação de qualidade, não completam sua formação básica e não possuem habilidades mínimas de leitura e matemática. 

🚺 E em pleno século XXI, nascer mulher ainda significa posicionar-se em desvantagem no mercado de trabalho e estar muito mais sujeita a abusos e outros tipos de violência.

 Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 4 e 5 tratam dessas duas questões cruciais para o avanço global em diferentes setores.

A seguir, conheça os principais desafios para atingir as metas de educação de qualidade e igualdade de gênero. Além disso, entenda o papel do setor privado no alcance dessas metas e conheça empresas que estão agindo para contribuir com o progresso desses ODS.

Objetivo 4: Educação de qualidade
Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos

Uma das aspirações mais ambiciosas do ODS relacionado ao acesso à educação de qualidade em todo o mundo é: “Até 2030, garantir que todas as meninas e meninos completem o ensino primário e secundário”.

Porém, já há indícios de que esse cenário não se tornará realidade até o final da década. 

Global Monitoring Education aponta que, para que esse indicador seja alcançado, todas as crianças ao redor do globo em idade escolar deveriam ter iniciado seus estudos em 2018. Mas, na realidade, muitas ainda nem entraram na escola…

Atualmente, 30% das crianças que deveriam estar no primário não começaram essa etapa educacional. 

Globalmente, a situação é a seguinte: 

– 88% das crianças completam a escola primária;
– 72% dos adolescentes completam o ensino fundamental;
– Apenas 53% dos jovens completam o ensino médio.

Ou seja, além de muitos cidadãos não terem acesso à educação de qualidade, há uma grande parcela de estudantes que não termina a formação básica. Um dos grandes problemas nesse sentido é que muitos jovens que deveriam estar frequentando a escola não estão. 

– Em 2014, 263 milhões de milhões de crianças estavam fora da escola.
– Cinco anos depois, 258 milhões de crianças e adolescentes em todo o mundo ainda não recebiam educação escolar.

Se continuarmos nesse ritmo, a previsão é que, globalmente um em cada seis cidadãos entre 6 e 17 anos esteja fora da escola em 2030. Ou seja, serão 225 milhões de crianças e adolescentes nesse grupo! Além disso, estima-se que apenas seis em cada 10 jovens completem o ensino médio até o fim da década. Portanto, nesse cenário, a meta da ONU estaria longe de ser atingida.

Cenário no Brasil

É verdade que os índices de atendimento escolar a crianças e adolescentes melhoraram nos últimos anos no Brasil. Porém, cerca de 1,9 milhões de brasileros com idade escolar ainda estão fora das salas de aula. Neste universo, estão:

– 450 mil crianças entre 4 e 5 anos;
– 600 mil crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos;
– 900 mil jovens entre 15 e 17 anos.

Segundo um levantamento feito pelo IBGE em 2019, 7,6% dos estudantes desta última faixa etária abandonaram a escola e 24% não estavam na etapa adequada à sua idade – ou seja, ainda não frequentavam o ensino médio.

Em comparação com estudantes de famílias mais rica, o índice de evasão escolar entre os jovens de famílias mais pobres é oito vezes maior, e o nível de atraso escolar é quatro vezes maior.

ODS – educação de qualidade e igualdade de gênero

Indo além, seja pela ausência de formação educacional ou porque a qualidade do ensino não é ideal, ainda há o fato de que uma grande parcela da população não possui habilidades mínimas de leitura e em matemática.

Unesco estima que, globalmente, seis em cada dez crianças e adolescentes (617 milhões) não estão atingindo níveis mínimos de proficiência em leitura e matemática.

A entidade prevê que: 

– Mais da metade (56%) de todas as crianças ao redor do globo não será capaz de ler ou lidar com matemática quando estiver completando o ensino fundamental;
– E 61% dos adolescentes serão incapazes de atingir níveis mínimos de alfabetização e conhecimento básico em matemática quando concluírem o ensino médio.

Essa, inclusive, é uma questão que também se reflete na falta de habilidades educacionais básicas entre os mais velhos. 

– No Brasil, 6,8% dos cidadãos com mais de 15 anos (11,3 milhões de pessoas) são analfabetos;
– Globalmente, mais de 750 milhões de adultos não sabem ler e escrever – sendo que dois terços desse grupo é formado por mulheres.

 O que, aliás, nos leva ao próximo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável…

Objetivo 5: Igualdade de gênero
Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas

ODS – educação de qualidade e igualdade de gênero

A igualdade de gênero não é apenas um direito humano fundamental, é também essencial para a formação de um mundo mais pacífico, próspero e sustentável.

Nas palavras da ONU:

“Proporcionar às mulheres e meninas acesso igual à educação, assistência médica, trabalho decente e representação nos processos políticos e econômicos de tomada de decisão alimentará economias sustentáveis e beneficiará as sociedades e a humanidade em geral.”

Mas, será que estamos no caminho para alcançar a meta número cinco da Agenda 2030 – de acabar com todo tipo de discriminação e violência contra mulheres e meninas?

Alguns avanços aconteceram na última década.

De acordo com o relatório Women’s Rights in Review, 25 years after Beijing, 131 países realizaram reformas legais para gerar mais igualdade de gênero nos últimos dez anos. Contudo, em geral, mulheres ainda não possuem representação igualitária no poder público. 

Tanto é que homens ocupam 75% dos cargos parlamentares!

Com pouca voz e espaço político, as mulheres ainda precisam lutar para defender seus direitos mais básicos. 

A verdade é que a desigualdade global de gênero dos dias de hoje tem raízes fortes na desvalorização das mulheres ao longo da história. Essa desigualdade histórica ainda alimenta e possibilita a violência e a discriminação de pessoas do sexo feminino, e está embutida em diferentes camadas da sociedade – na família, no trabalho, no governo, nas relações pessoais e sociais como um todo.

Os dados abaixo são reflexos dessa desigualdade e indicam uma realidade injusta: nascer mulher ainda significa automaticamente estar em desvantagem e mais vulnerável à violência, não importa o lugar do planeta.

ODS – educação de qualidade e igualdade de gênero

– Globalmente, uma a cada três mulheres já sofreram algum tipo de violência física e/ou sexual; de parceiros e não parceiros.
– 30% das cidadãs globais que já estiveram em um relacionamento vivenciaram alguma forma de violência física e/ou sexual.
– Em todo o mundo, 7% das mulheres já foram sexualmente agredidas por alguém que não seja seu parceiro.
– Um levantamento feito em 2017 apontou que entre 87 mil mulheres assassinadas em todo o mundo, mais da metade (58%) foram mortas por parceiros ou membros da família.
– Globalmente, 38% dos homicídios femininos são cometidos por parceiros íntimos.
– Mulheres e meninas representam 72% do tráfico de pessoas global, sendo que três em cada quatro crianças traficadas são meninas.
– Aproximadamente 15 milhões de adolescentes do sexo feminino com idade entre 15 e 19 anos já foram forçadas a ter relações sexuais em algum ponto de suas vidas.

Ou seja, todas essas situações ainda são resultado da falta de uma visão mais humana e justa em relação às mulheres.

 No Brasil, a situação não é muito diferente: no país, uma mulher é agredida a cada quatro minutos. Além disso, 1,6 milhão de brasileiras foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento e 22 milhões passaram por algum tipo de assédio. Tudo isso só ao longo de 2019. Entre os casos de violência, 42% ocorreram no ambiente doméstico.

Esses dados nacionais e globais já são assustadores, concorda?

Porém, a verdade é que muito provavelmente eles representam apenas uma parcela do problema. Afinal, há muitos casos em que as mulheres ou meninas não reportam a violência sofrida (seja por vulnerabilidade, medo ou falta de apoio). No Brasil, por exemplo, há indícios de que mais da metade das mulheres (52%) que são violentadas não denuncie o agressor.

Além da alta vulnerabilidade à violência física, psicológica e sexual, outro reflexo da desvalorização das mulheres acontece no mercado de trabalho.

Segundo análises do Fórum Econômico Mundial (WEF), no ritmo atual, a igualdade de gênero global vai levar cerca de um século para ser alcançada – sendo que em algumas áreas, como no mercado de trabalho, pode demorar até 257 anos! Ou seja, ainda estamos muito longe de presenciar um mundo com oportunidades iguais para homens e mulheres.

 Uma prova disso é que, mesmo exercendo funções iguais, as mulheres continuam recebendo muito menos que os homens.

– O estudo do WEF indica que, ocupando cargos semelhantes, um homem pode chegar a ganhar 40% mais que uma mulher.
– A falta de representação das mulheres em cargos de liderança também contribui para essa situação. Globalmente, 73% das posições de gestão nas empresas são ocupadas por homens.

No Brasil, a igualdade de gênero teve alguns avanços nos últimos anos, especialmente nas áreas educacional e de saúde. Mas ainda há muito o que ser feito – principalmente em relação às oportunidades econômicas e à representação política. 

No Índice Global Gender Gap Index 2020, que analisou a paridade entre homens e mulheres nas áreas de saúde, educação, trabalho e política em 153 países, o Brasil ficou na 92ª posição. Na relação entre 25 países da América Latina, o país está entre os piores da região, em 22º lugar.

Além disso, uma análise do IBGE apontou que:

– 62% dos cargos de gerência em empresas brasileiras são ocupados por homens;
– Apenas 10% dos assentos da Câmara dos Deputados são ocupados por mulheres.

O papel das empresas no alcance das metas de educação de qualidade e igualdade de gênero

ODS – educação de qualidade e igualdade de gêneroImagem: Wakami

Ao mesmo tempo em que as ações das empresas são fundamentais para os avanços nas áreas educacionais e de igualdade de gênero, a evolução nessas esferas beneficia diretamente negócios no mundo todo. 

👩‍🏫 Por um lado, o avanço na qualidade educacional da força de trabalho torna as empresas mais competitivas e preparadas para acompanhar as movimentações tecnológicas e as mudanças de mercado. 

🙋‍♀️Por outro, o empoderamento das mulheres tem o potencial de acelerar o crescimento econômico das empresas e dos países como um todo.

Para se ter uma ideia, estima-se que o alcance das metas da ONU relacionadas à igualdade de gênero tem o potencial de adicionar entre US$12 e 28 trilhões na economia global – representando um crescimento de 12%. Na América Latina o crescimento econômico gerado pela paridade de gênero pode chegar a 14%.

Então, o que as empresas podem fazer para contribuir para essas metas, que beneficiam não “somente” a qualidade de vida dos cidadãos, mas também o desenvolvimento de negócios em todo o mundo?

No que se refere à educação:

  • As empresas podem utilizar seus recursos e suas competências para agir em parceria com governos e outras instituições para promover mais acesso à educação;
  • Além disso, negócios de todos os tamanhos podem gerar mais oportunidades de aprendizado para seus colaboradores por meio de apoio financeiro e oferecimento de capacitação.

Já em relação à igualdade de gênero:

  • As organizações precisam ter uma participação ativa para garantir que homens e mulheres tenham oportunidades iguais no mercado de trabalho. Em seus próprios processos internos, as empresas devem assegurar que as mulheres sejam tratadas de maneira justa e igualitária;
  • E ainda, negócios podem promover ou apoiar programas focados no empoderamento feminino.

A seguir, apresentamos alguns exemplos de empresas que estão atuando nessas duas frentes para garantir um mundo com mais educação e igualdade de gênero.

ODS – educação de qualidade e igualdade de gênero

ODS 4 – Educação de qualidade:
Ericsson
 

Uma das líderes mundiais em fornecimento de tecnologias de informação e comunicação (TIC), a Ericsson, em parceria com o Earth Institute da Universidade de Columbia, criou o projeto “Connect To Learn”. Por meio dessa iniciativa, a empresa usa seus próprios serviços para impulsionar a educação, fornecendo bolsas de estudos e tecnologias da informação para escolas em áreas remotas e pobres do mundo. 

O Connect to Learn usa o poder de tecnologias móveis e soluções de banda larga e na nuvem para oferecer treinamento aos educadores e aprimorar o trabalho dos professores e a educação dos estudantes.

Segundo a companhia, o programa já foi implementado em mais de 25 países e melhorou a vida de 120 mil estudantes, especialmente meninas.

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ODS 4 – Educação de qualidade:
Laureate International Universities
ODS – educação de qualidade e igualdade de gênero

“Nós acreditamos no poder da educação para mudar vidas.”

Esse é o moto do grupo Laureate International Universities, que tem como missão oferecer educação superior de qualidade a um preço acessível.

A instituição atua em parceria com líderes da indústria para fornecer aos alunos habilidades e experiências alinhadas às necessidades do mercado. Como resultado, as comunidades em que a universidade atua se tornam mais preparadas e mais prósperas.

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ODS 4 – Educação de qualidade e ODS 5 – Igualdade de gênero:
Vava Coffee

A educação é a ponte entre a pobreza extrema e uma vida mais próspera e justa. Com isso em mente, a Vava Coffee (uma empresa de café do Quênia) atua diretamente na capacitação dos fazendeiros do país. O objetivo é ajudar os produtores a venderem eles mesmo os seus grãos, sem a necessidade de intermediários – aumentando significativamente suas rendas. Além disso, a empresa também atua na educação das mulheres neste setor, aumentando suas oportunidades de crescimento e independência. 

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ODS 5 – Igualdade de gênero:
Wakami

A Guatemala é um dos países com os maiores índices de desigualdade de gênero do mundo – o e pior nesse sentido na América Latina. A hegemonia masculina ainda é algo forte na cultura da região – especialmente em áreas rurais. A Wakami, empresa de bijuterias feitas à mão, nasceu com o propósito de mudar esse cenário. 

A organização contrata mulheres que vivem em aldeias rurais de todo o país para produzir seus produtos, fornecendo emprego e renda para mulheres que normalmente não teriam oportunidades de trabalho e desenvolvimento. Além de oferecer uma profissão, a Wakami fornece treinamento e capacitação para suas colaboradoras e apoio educacional a seus filhos.

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ODS 5 – Igualdade de gênero:
Athleta

A Athleta é uma marca do grupo GAP que tem como missão empoderar mulheres e meninas. Uma das maneiras pela qual ela cumpre essa promessa é por meio do programa PACE (Personal Advancement & Career Enhancement), focado em apoiar as mulheres que trabalham nas fábricas que produzem as roupas da Athleta. 

Além de fornecer a essas mulheres educação em habilidades básicas e treinamento técnico, o projeto também oferece apoio para ajudá-las a avançar profissionalmente e em suas vidas pessoais. 

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Para pensar!

Veja como são empresas de segmentos distintos, fazendo ações menores ou maiores, mas com objetivos muito claros. A verdade é que nem sempre é preciso criar algo gigantesco para fazer a diferença. Pelo contrário. Muitas vezes são justamente as pequenas ações que, combinadas, proporcionam os melhores resultados.

Além disso, é possível se engajar em causas importantes que aparentemente não têm conexão com o seu mercado. Para isso, é claro, é preciso apurar o olhar e enxergar além do que é visível a todos. Que tal tentar?

Você conhece algum case de empresa que está atuando para contribuir para o alcance dos ODS 4 e 5, para assegurar educação de qualidade a todos e igualdade de gênero? Deixe um comentário e fortaleça ainda mais esse debate!

Até mais!

Leia também os outros artigos desta série:

Evolução dos ODS: Erradicação da pobreza e Fome Zero e Agricultura Sustentável
Evolução dos ODS: Saúde e bem-estar para todos

 Imagens: Ben Mullins; Aaron Burden; Claudio Schwarz; Raj Rana via Unsplash

Francine Pereira

Jornalista, especializada em criação de conteúdo digital. Há mais de 10 anos escrevo sobre tendências de consumo, inovação, tecnologia, empreendedorismo, marketing e vendas. Minha missão aqui no A Economia B é contar histórias de empresas que estão ajudando a transformar o mundo em um lugar mais justo, igualitário e sustentável.

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