Entenda o conceito de economia circular, conheça empresas que o aplicam e inspire-se a buscar formas de promovê-lo e apoiá-lo
A cada ano, 500 bilhões de dólares em roupas pouco usadas são jogados fora. Além disso, anualmente, a indústria da moda é responsável por 1,2 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa liberados na atmosfera.
Esses dados, sozinhos, já ligam um sinal de alerta. Porém, essa é apenas a ponta do iceberg – afinal, estamos falando de um único mercado.
Neste sentido, para você ter uma ideia, estimativas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) projetam que a produção anual de lixo sólido no mundo passe de atuais 1,3 bilhão de toneladas para 2,2 bilhões até 2025. Além disso, estudos da Global Footprint Network – rede que mede o uso e a gestão de recursos naturais ao redor do globo – apontam que já estamos consumindo mais do que a Terra é capaz de oferecer. Segundo a pesquisa, seriam necessários 1,75 planetas Terra para suprir a demanda atual de recursos.
As mudanças climáticas, a perda da biodiversidade e a poluição do ar são apenas algumas das consequências destes (e de outros) problemas.
Ou seja, já estamos pagando o preço dessa conta – há bastante tempo, aliás. Portanto, a busca por soluções para reverter esse cenário não é uma questão para o futuro, é uma necessidade atual. A economia circular é parte importante desse plano.
Economia linear x Economia circular
Esse é o ciclo da economia linear, que se utiliza dos recursos naturais para a criação de produtos, que depois serão descartados no ecossistema.
E por que a economia linear se tornou insustentável?
Basicamente, para se ter o maior retorno econômico possível neste modelo, é necessário ter cada vez mais extração e produção dos recursos naturais. Mas, como já ficou claro, esse jogo não funciona para o planeta.
Como solução viável, a economia circular parte da premissa de que é necessário reduzir, reutilizar, recuperar e reciclar materiais e energia.
Na economia circular nada se desperdiça, tudo se reaproveita.
A economia circular defende que haja mudanças em todo o processo – desde a idealização dos produtos até a melhora da utilização dos materiais que os compõem.
Além disso, nesse modelo, o “fim de vida” dos produtos é substituído pela restauração e reutilização deles. Uma proposta que gera inúmeros benefícios – como, por exemplo:
- Redução da produção de lixo;
- Menor emissão de carbono;
- Minimização da extração de recursos naturais;
- Criação de oportunidades para novos modelos de negócio, gerando mais empregos e competitividade econômica.
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A economia circular em ação
Segundo o relatório Gap Circular de 2020, apenas 8,6% da economia global é circular. Para piorar, se comparado a 2019, o percentual caiu 0,5% – de acordo com a pesquisa, essa queda é fruto do índice elevado de extração, do aumento contínuo de estoque e do ciclo dos produtos que estão chegando perto do fim de vida.
Porém, isso não significa que não existam boas histórias de empresas adotando conceitos da economia circular com sucesso.
Lembra quando falamos sobre os 500 bilhões de dólares em roupas que são jogados no lixo anualmente?
A startup curitibana “Amiga, me Empresta?” existe para minimizar esse dano ao oferecer um catálogo de vestuário feminino que pode ser emprestado. A cliente assina um dos planos disponíveis, escolhe as peças de sua preferência, usa e, uma semana depois, devolve. Assim, as roupas são aproveitadas por muitas mulheres e não são esquecidas no fundo de um armário (ou, pior, jogadas no lixo).
“Acreditamos em uma moda circular, em que as peças são ressignificadas e recebem um pouco da história das nossas amigas, a cada uso. Acreditamos que cada uma que opta por locar uma peça conosco, ao invés de comprar um item novo, está salvando um pouco mais o meio ambiente e o futuro do planeta”, comenta Flávia Lopes, fundadora da startup.
E ela não está sozinha nesse movimento. A seguir, apresentamos outras três empresas que já assumem mudança de pensamento e adotam a economia circular em seus processos de produção.
Green Mining
Esta startup utiliza tecnologia para rastrear embalagens que foram consumidas e mandar para a reciclagem – garantindo que o material volte para o ciclo de produção.
Além disso, a empresa se preocupa em gerar um impacto social positivo nas comunidades em que atua. Uma das ações neste sentido é a contratação de coletores de materiais recicláveis para trabalharem com carteira assinada. Os coletores rodam pelas cidades em que a startup atua com triciclos não motorizados, evitando, assim, a emissão de CO².
Polen
“Transformamos resíduos em oportunidades.”
Este é o slogan desta startup que oferece benefícios a empresas que passam a adotar a economia circular em seus próprios negócios.
Por meio de sua plataforma online, a Polen conecta geradores de resíduos a empresas que vão usar esses materiais como matéria-prima.
Além disso, a cleantech* oferece ainda:
– Soluções em logística reversa de embalagens para indústrias de todos os setores;
– Selo de certificação ambiental;
– Relatório de sustentabilidade – entregue por meio de uma plataforma balizada em blockchain.
*Cleantechs são “startups verdes”, ou seja, que desenvolvem soluções tecnológicas para problemas que geram impacto ambiental.
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So+ma Vantagens
Este programa de vantagens possibilita a troca de materiais recicláveis por benefícios. O aplicativo soma pontos toda vez que alguém leva um material reciclado para os locais de coleta da empresa. Quanto mais recicláveis levar, maior a pontuação no sistema.
Esses pontos podem ser trocados por cursos, exames, alimentação básica, descontos em supermercados, além de outras vantagens. A So+ma defende mudança de hábitos que consequentemente vão impactar a comunidade.
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Como começar a adotar a economia circular
Como você viu, a economia circular pode ser adotada de diferentes formas, por empresas de diferentes mercados, e gerar um impacto na vida de cada um de nós. Se as histórias que reunimos aqui o inspiraram a agir, mas você não sabe por onde começar, as dicas abaixo podem ajudar.
1) Entenda seu próprio meio
Antes de ir para a prática, é necessário colocar em perspectiva quais as áreas e/ou produtos mais impactam o meio ambiente. Para isso, é importante se perguntar, por exemplo: “como podemos diminuir o uso de determinadas matérias-primas que agridem o ecossistema e como reaproveitar os recursos da melhor forma possível?”.
Aliás, isso vale não apenas para operações empresariais, mas também para o dia a dia de cada cidadão.
2) Promova uma cultura ecológica
Agora que os pontos necessários para uma mudança de postura foram descobertos, é indispensável que todos na instituição (ou na sua casa!) possuam o mesmo pensamento. Então, criar uma cultura de consciência ambiental que permeia toda a organização é uma boa forma de fazer com que todos sigam o mesmo objetivo. A nova postura precisa ser clara para todos.
3) Aposte na inov(ação)
Conceitos sem ações não levam a lugar algum. Portanto, depois de passar pelas etapas iniciais, é necessário colocar a mão na massa e executar tudo o que foi pensado anteriormente.
Nesse estágio pode surgir um novo modelo de negócio, abrindo novas oportunidades para a empresa e para os funcionários. Um exemplo disso pode ser a criação de uma equipe antenada em tecnologias que criam alternativas sustentáveis para empresa, otimizando de forma inteligente o processo de extração e produção.
Mais uma vez, no âmbito individual, é possível planejar e executar diversas ações para abraçar a economia circular. Mas isso é conversa para um novo artigo...
E aí, inspirado a colocar os novos conceitos em prática e espalhar que dá para criar uma economia sustentável?
PS: Se você conhece outros bons exemplos de aplicação da economia circular, deixe um comentário. Descobrir e compartilhar histórias inspiradoras é uma de nossas missões.
Precisamos avançar muito como cidades e pais nesse sentido ….
Com certeza, Douglas. Mas, um passo por vez, partindo do individual e ampliando aos poucos para o coletivo, avançaremos! 🙂 As iniciativas que compartilhamos neste artigo são provas de que é possível. Obrigada pela visita e pelo comentário. Abraço