Entenda como as empresas podem se tornar aliadas das mulheres, promovendo uma cultura de diversidade e inclusão, com mais equidade de gênero
O cenário já é bastante conhecido. Quando março se aproxima, muitas marcas começam suas campanhas de marketing voltadas a homenagear as mulheres, enquanto a área de Recursos Humanos prepara algo (uma flor? um doce?) para presentear suas funcionárias.
Não há nada de errado em celebrar o Dia Internacional das Mulheres. O problema é que, em geral, essas comemorações pontuais não se refletem em mudanças sistemáticas que beneficiam as homenageadas. E pior, muito do que é promovido em torno do dia 8 de março serve apenas para reforçar estereótipos que prejudicam as mulheres no mercado de trabalho.
Uma frase comum nessa época é “O Dia das Mulheres é todos os dias”. Ok… Mas o que sua empresa está fazendo para efetivamente celebrar e apoiar suas funcionárias todos os dias? Afinal, não há flores e doces suficientes neste mundo para compensar a falta de oportunidades, a diferença injusta de salários e oportunidades e as agressões (físicas e psicológicas) que muitas mulheres enfrentam no mundo corporativo.
Neste artigo, listamos algumas ações que as empresas podem desenvolver para efetivamente serem aliadas das mulheres o ano todo – e não apenas em março.
Para fugir do clichê e realmente se posicionar em favor das mulheres, as empresas precisam realizar mudanças estruturais significativas, que ajudem a resolver os grandes desafios enfrentados pelas mulheres em suas carreiras.
A seguir, listamos alguns problemas e obstáculos que contribuem para a desigualdade de gênero no mercado de trabalho e dificultam o desenvolvimento profissional das mulheres. Ou seja, para ser um verdadeiro aliado feminino, sua empresa deve agir nessas áreas.
Na corrida do mercado de trabalho, as mulheres estão em desvantagem desde a largada. Afinal, diversas pesquisas apontam que discriminações de gênero barram as profissionais mulheres já no processo de recrutamento e seleção.
Inúmeros motivos que fazem com que muitas profissionais encontrem resistência para avançar em suas carreiras. Modelos de contratação obsoletos, preconceitos em relação à capacidade feminina e visões ultrapassadas em relação ao papel da mulher são algumas das razões para que muitas vezes elas não sejam selecionadas.
Indo além, tais barreiras também impedem que as mulheres cresçam dentro das organizações. De acordo com o Gender Equality Index (GEI) Bloomberg, relatório que analisa a equidade de gênero em empresas de capital aberto ao redor do globo, quase metade (43%) dos funcionários de todas as empresas analisadas são mulheres. Contudo, a maioria delas (50%) ocupa cargos de entrada.
A falta de oportunidades que muitas mulheres encontram se reflete na disparidade salarial entre profissionais de gêneros distintos.
Segundo o relatório Global Gender Gap 2021, desenvolvido pelo Fórum Econômico Mundial (FEM), a diferença de rendimentos entre homens e mulheres no mercado de trabalho chega a 51%.
O fato de encontrarem barreiras para ocuparem cargos de alta gestão, que são melhores remunerados, é um dos fatores que contribui para essa disparidade de renda. O GEI Bloomberg aponta que, em média, apenas 29% dos profissionais mais bem pagos nas empresas são mulheres. No entanto, mesmo quando ocupam as mesmas funções que seus pares masculinos, as mulheres também ganham menos. Em cargos equivalentes, profissionais mulheres ganham até 37% menos que os homens, de acordo com o estudo do FEM.
A falta da voz feminina na tomada de decisões nas empresas muitas vezes pode ser percebida pela maneira como a marca se comunica e se posiciona na sociedade. Isso acontece quando, por exemplo, empresas realizam campanhas desastrosas para o Dia das Mulheres, com mensagens carregadas de preconceitos e visões ultrapassadas.
Mais do que isso, sem um olhar feminino, muitas organizações deixam de identificar oportunidades de mercado relevantes que poderiam ajudá-las a fortalecer suas marcas e a expandir suas atuações.
Por fim, a ausência de mulheres em cargos executivos reforça a falta de diversidade de gênero. Isso porque a representatividade feminina nos cargos de alta gestão e em conselhos administrativos se reflete diretamente em mais presença de profissionais mulheres em posições de liderança como um todo nas organizações.
Desenvolver uma cultura de diversidade e inclusão significa criar processos e promover ações para atrair, acomodar e apoiar profissionais com diferentes perfis e backgrounds.
O objetivo é quebrar paradigmas e mudar sistemas que impedem que determinados grupos tradicionalmente excluídos ou marginalizados no mercado de trabalho – como, por exemplo, mulheres, pessoas com deficiência, pessoas negras – tenham oportunidades iguais de carreira e desenvolvimento profissional.
Nesse sentido, vale salientar que, quando se trata de apoiar as mulheres no mercado de trabalho, também é fundamental levar em conta os diferentes perfis dessas profissionais. Ou seja, é preciso olhar além da mulher branca e cisgênero. Mulheres negras, mulheres trans, mulheres com deficiência, mulheres periféricas… Todas precisam ter espaço e oportunidades.
Sendo assim, além de criar processos que contribuam para a atração, seleção e desenvolvimento de profissionais diversos, é crucial que as empresas eduquem os colaboradores em relação à importância da diversidade e da equidade de gênero nas empresas e no que se refere à quebra de paradigmas em relação a o que é ser mulher.
Ademais, vale salientar que ter mais mulheres nas empresas é benéfico também do ponto de vista financeiro. Estudos indicam que empresas com maior presença feminina lucram mais e têm maiores chances de superar concorrentes com menor diversidade de gênero nas lideranças.
Leia também: Diversidade e Inclusão nas empresas – uma jornada de transformação necessária e urgente |
O estudo nacional Percepções sobre a violência e o assédio contra mulheres no trabalho aponta que:
As situações citadas pelas entrevistadas vão desde excesso de supervisão, violência verbal, convites e comentários inapropriados e até mesmo violência física e sexual. A análise revela ainda que a proporção de homens que vivem as mesmas situações no trabalho é muito menor:
Fonte: Locomotiva / Instituto Patrícia Galvão, 2020
E ainda, outro dado relevante levantado pela pesquisa é que em grande parte desses casos de violência e assédio contra mulheres no trabalho, nada acontece com o agressor.
Um dos problemas nesse sentido é que as organizações não oferecem sistemas de apoio às vítimas.
Em alguns setores, a predominância masculina é o principal fator que impede o avanço da carreira das mulheres nessas áreas. Porém, isso pouco tem a ver com habilidades inatas específicas em homens ou mulheres. O fato de haver pouca representatividade nas áreas STEM (ciência, engenharia, tecnologia e matemática), por exemplo, está diretamente relacionado a fatores culturais, a estereótipos de gênero e às ditas “aptidões inatas”.
A área de tecnologia é um exemplo disso. Afinal, nas maiores empresas deste setor, apenas 24% dos funcionários em cargos técnicos são mulheres. No entanto, os desafios que as profissionais enfrentam vão além da entrada neste mercado. As mulheres que atuam na área de tecnologia enfrentam obstáculos em suas carreiras que são inerentes ao gênero que carregam.
O estudo Women in Tech revela que:
Antes da pandemia de Covid-19, um levantamento do IBGE apontou que, em média, as mulheres já dedicavam 21,3 horas por semana a afazeres domésticos e cuidado de pessoas, quase o dobro do que os homens gastam com as mesmas tarefas – 10,9 horas.
Com as medidas de quarentena, muitas famílias passaram a precisar equilibrar questões como cuidados com a casa, cuidado dos filhos e home office. Nesse contexto, a sobrecarga de trabalhos domésticos não remunerados afetou de maneira desproporcional as mulheres.
Um estudo feito pela Datafolha constatou que 57% das mulheres que trabalham de casa acumularam também a maior parte dos afazeres domésticos (entre os homens, o índice é de 21%).
E ainda, outro levantamento realizado pela plataforma Gênero e Número revelou que 50% das mulheres passaram a cuidar de alguém na pandemia. Na pesquisa, 37,5% das entrevistadas afirmaram serem as únicas responsáveis pelo trabalho doméstico e de cuidado em suas casas. Além disso, mais da metade afirmou que está executando mais tarefas em casa – como preparar alimentos, lavar louça e limpar o domicílio.
Noções ultrapassadas de que é “papel da mulher” assumir essas responsabilidades domésticas e de cuidado da família prejudicam a carreira delas de diferentes maneiras.
Leia também: A pandemia e a (des)igualdade de gênero: como essa crise afeta as mulheres |
Muitos dos desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho são resultado direto da reafirmação constante de estereótipos de gênero, que ditam como mulheres supostamente devem ser e agir. Aliás, existem evidências de que esses estereótipos são justamente o culpados por afastar as mulheres de determinadas carreiras e podem frear seu desenvolvimento profissional.
Estudos realizados pela doutora em economia Katherine B. Coffman revelam que os estereótipos de gênero determinam as visões que as mulheres têm sobre suas próprias habilidades.
“Se eu pegar uma mulher que tem exatamente a mesma habilidade em duas categorias diferentes – verbal e matemática – apenas o fato de que há mais homens na área de matemática molda sua crença de que sua própria habilidade em matemática é menor”, detalha Coffman.
As análises da especialista revelam ainda que, como resultado dessa visão distorcida por conta de estereótipos, as mulheres são mais propensas a subestimar suas próprias habilidades e a não acreditar em feedbacks positivos sobre suas capacidades.
Além de atrapalhar o desenvolvimento profissional das mulheres, os estereótipos de gênero nas empresas também se refletem na forma como produtos e serviços são desenvolvidos e apresentados ao público.
Muitas marcas ainda baseiam seu desenvolvimento e sua comunicação em noções ultrapassadas em relação às mulheres – que são mais frágeis, delicadas, que são mais aptas a certas áreas, que usam determinada cor, por exemplo.
Empoderar mulheres e promover a equidade de gênero no mercado de trabalho é fundamental para impulsionar os negócios, promover a melhoria da qualidade de vida de mulheres, homens e crianças, e para o desenvolvimento econômico sustentável.
Para se ter uma ideia, estima-se que promover maior equidade de gênero e empoderar as mulheres tem o potencial de adicionar entre US$ 12 e 28 trilhões na economia global – representando um crescimento de 12%. Na América Latina, o crescimento econômico gerado pela paridade de gênero pode chegar a 14%.
Sabendo da importância do papel das empresas nesse sentido, a ONU Mulheres e o Pacto Global criaram os Princípios de Empoderamento das Mulheres. Tais princípios são um conjunto de considerações que ajudam a comunidade empresarial a incorporar em seus negócios valores e práticas que visem à equidade de gênero e ao empoderamento de mulheres. São eles:
Leia também: O papel das empresas para garantir equidade de gênero |
Ao pensar sobre esses fatores e responder essas questões, você terá uma visão mais clara do que o seu negócio pode fazer para criar um ambiente com mais diversidade e equidade de gênero. Assim, sua empresa mostrará às mulheres e ao mercado que, para vocês, definitivamente o Dia da Mulher é todo dia.
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