Compensação de carbono pode gerar impacto social, não só impacto ambiental. Além disso, precisa ser um esforço coletivo. Conheça dois movimentos que atuam neste sentido
Não foi ao acaso que a redução e a mitigação de emissões de carbono esteve presente em todas as conversas da Cúpula Global do Clima*. Diante da crise climática que abala o planeta, as empresas precisam agir com urgência para eliminar ou pelo menos diminuir significativamente os impactos ambientais de suas operações. E conhecer exemplos de corporações que já estão nesse caminho é uma ótima forma de saber como começar a sua jornada.
O painel Net Zero e Estratégia de Compensação: desafios e oportunidades para além do carbono tratou dessa questão. Porém, com um olhar mais amplo. Os participantes destacaram a importância de estratégias de compensação de carbono que geram não só impacto ambiental, mas também social.
Esse, inclusive, é o objetivo do Programa Compromisso com o Clima (do Instituto Ekos Brasil), uma plataforma que conecta empresas interessadas em compensar suas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) a projetos dedicados a gerar benefícios sociais e ambientais.
Talia Bonfante, coordenadora do programa, explicou que mais do que uma vitrine de projetos de compensação, a plataforma vem ganhando força no coletivo, conectando também investidores e soluções socioambientais. “O programa foi desenhado pensando em compensação de carbono, mas estamos revisando essa questão para acompanhar o desafio Net Zero, passando a incluir projetos de redução”, detalhou.
João Teixeira, Gerente de Sustentabilidade da Natura, também participou do debate. Ele ressaltou a importância da colaboração e do apoio à inovação para o avanço da agenda climática.
Para o executivo, as grandes empresas devem puxar esse movimento, incentivando os pequenos negócios a assumirem um papel mais ambientalmente responsável.
Neste sentido, Talia apontou que o Programa Compromisso com o Clima é aberto para todos e oferece também modalidades simples de compra de carbono, pensando em facilitar o acesso às pequenas empresas interessadas em compensar suas emissões.
Leia também: O caminho da Movida para ser carbono neutro até 2030 |
No que diz respeito à forma como são escolhidos os projetos de compensação de carbono divulgados na plataforma, Talia explicou que o Instituto Ekos faz a análise não só pensando nos benefícios climáticos, mas também nos impactos sociais gerados pelas soluções.
“O Programa Compromisso com o Clima leva em conta a compensação de carbono, mas é preciso que a compensação não tenha nenhum custo negativo. Não adianta ter uma iniciativa muito boa para o clima, mas que traz um impacto negativo social”, salientou.
Outro movimento em destaque na Cúpula do Clima foi a “Corrida para a Resiliência” (Race to resilience), uma campanha global da ONU voltada a empresas, cidades, regiões e instituições financeiras e de educação para tomar ações rigorosas e imediatas para reduzir à metade as emissões até 2030 e entregar um mundo saudável e carbono zero até 2050.
Os membros da Corrida se comprometem com o objetivo de reduzir emissões e seguir o Acordo de Paris com ações transparentes e objetivos robustos de curto prazo.
“A Race to Resilience tem crescido muito. Temos 25% da economia global dentro da campanha, que funciona baseada em 4Ps: Pledge (comprometa-se), Plan (Planeje), Proceed (Continue) e Publish (Reporte anualmente). Atualmente, há um debate intenso para que pledge e plan sejam unificados, pois se não for assim, as metas não serão cumpridas. O curto prazo é fundamental”, alertou Daniela Lerário, Board Member do Sistema B Brasil e Líder Brasil no Climate Champions Team para COP26.
Participam da Corrida:
Para saber mais, acesse o site Race to Resilience
*Este artigo faz parte da cobertura da primeira Cúpula Global do Clima, evento organizado pelo Sistema B e pelo B Lab, que aconteceu entre 29/06 e 01/07/21. Assine nossa newsletter para receber todas as atualizações.
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