Entenda o que é capitalismo de stakeholders e o contexto que está fazendo empresas repensarem a forma como fazem negócios e saiba como mapear stakeholders pode ajudar a promover a inovação
A nova dinâmica nos negócios que buscamos apresentar a cada história publicada em A Economia B tem muito a ver com menos afagos a acionistas e altos executivos e mais preocupação com as pessoas que tocam o dia a dia da organização, com fornecedores, com a comunidade e com o meio ambiente.
É nesse contexto que o capitalismo de stakeholder ganha popularidade e mostra que novos tempos exigem novas formas de fazer negócios. A constatação de que uma visão interdependente está ligada não somente a criar diferenciais competitivos, mas à própria sobrevivência de um negócio, aos poucos vai sendo assimilada.
No início de 2021, Klaus Schwab, presidente da entidade, publicou um livro sobre o assunto.
Em Stakeholder Capitalism: A Global Economy That Works for Progress, People and Planet, Schwab reconhece que o sistema econômico está quebrado e mostra o caminho para uma economia que funcione para todas as pessoas e para o planeta.
Por trás desse movimento em que empresas buscam se adaptar para serem mais conscientes, transparentes e prontas para assumir responsabilidades coletivas, estão vários motivos (falamos sobre isso aqui), dentre os quais destacam-se o fluxo de investimentos cada vez mais direcionado ao capitalismo de stakeholder sinalizado por Schwab. Investidores estão fugindo de organizações alheias à urgência climática.
Além disso, consumidores mais exigentes – e ativistas – não deixam as organizações serem detentoras das narrativas. O poder está descentralizado.
A cena abaixo – registrada durante o desfile da Louis Vuitton na Semana da Moda de Paris de 2021 – é um exemplo disso. Ativistas do movimento Extinction Rebellion se infiltraram na passarela para criticar o consumismo – e quase passaram despercebidas.
A não tão invisível mão do mercado, que tem feito o fluxo de investimentos, o olhar de consumidores e o interesse de profissionais serem direcionados para empresas éticas, que aderem a princípios ESG e que são engajadas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, está promovendo uma espécie de evolução natural nos negócios.
Tendências atreladas a transformações comportamentais, mudanças geracionais, desigualdade social e urgência climática contribuem para que as marcas mais ousadas e cientes do zeitgeist vigente transformem-se em ativistas de causas sociais, ambientais e políticas.
A mudança é real, e o que está à frente exige novas formas de se pensar a gestão. “A nova onda de valor virá da interdependência e da consciência, com mais direção e foco. Estamos saindo da mera filantropia corporativa, das campanhas de voluntariado e de ações isoladas para o valor compartilhado. Quando entendermos que ESG e sustentabilidade podem gerar lucro, aí sim teremos empresas inovadoras”, analisa Hildengard Allgaier, consultora de sustentabilidade.
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Inovação tem pouco a ver com um momento eureka e mais com processos, práticas e questionamentos feitos por e para as pessoas certas. E quando falamos em trazer sustentabilidade e impacto positivo para a inovação, um caminho é o mapeamento de stakeholders.
“Parece bobo, mas muitas empresas não têm política de relacionamento com a comunidade, com universidades, com governos e não têm políticas de bem-estar. A boa notícia é que a ausência traz oportunidades. Quando, enquanto empresa, estou conversando com vários públicos de interesse, com instituições que têm poder de influência e influenciam meu negócio, tenho vários tipos de oportunidade de melhorias”, aponta Hildengard.
Uma boa forma de fazer o mapeamento de stakeholders é por meio da Avaliação de Impacto B (BIA), ferramenta gratuita do Sistema B que serve como um processo de autoanálise para a organização entender onde pode melhorar nas cinco áreas que são analisadas no processo de certificação de empresas B.
O preenchimento do BIA é o primeiro passo da certificação, mas pode ser utilizado gratuitamente sem compromisso em obter o selo de empresa B.
O BIA também pode ser um ponto de partida para levar o debate para sua empresa e encontrar oportunidades de inovação na cadeia de stakeholders. Abaixo estão algumas perguntas presentes nas cinco áreas que compõem a avaliação.
Uma das vantagens de se ter uma visão holística sobre a empresa é que assim se cria um ambiente criativo que favorece a inovação além de suas fronteiras tradicionais.
Esse mapeamento de públicos estratégicos é um ativo valioso. Como explica Hildengard, mapear uma empresa é mapear um sistema e os grupos de valor que atuam no sistema. “Todos os stakeholders têm, em diferentes graus, poder e influência sobre a mesma, de forma que determinam sua maneira de existir e sua viabilidade no mercado. Quando a empresa entende o poder de influência que tem nesses tópicos se torna diferente, pois entende que pode impactar em tudo”, aponta.
Um bom caso para estudar e entender como uma empresa pode atuar de fato com foco nos stakeholders é o da Patrus Transportes, cuja história contamos aqui.
Por fim, recomendamos a leitura dos artigos abaixo, que exploram a temática do capitalismo de stakeholders.
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