ODS

Brasil precisa reduzir emissões de gases de efeito estufa em 92% até 2035, alerta Observatório do Clima

Rede de entidades ambientalistas propõe meta climática ambiciosa para país se adequar ao objetivo global de limitar o aquecimento a 1,5ºC

O Observatório do Clima (OC), uma das principais redes de organizações da sociedade civil brasileira dedicadas à agenda climática, apresentou uma proposta abrangente para a nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC)* do Brasil no âmbito do Acordo de Paris.

NDC é um documento que cada país signatário do Acordo deve apresentar periodicamente, detalhando seus compromissos e metas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e combater as mudanças climáticas.

A proposta exige uma redução drástica de 92% nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2035, em comparação aos níveis de 2005, para que o país contribua efetivamente para a meta global de limitar o aumento da temperatura média do planeta a 1,5°C.

Para efeitos de comparação, a NDC apresentada pelo Brasil no ano passado estipulava um teto para emissão de 1,3 bilhão de toneladas líquidas em 2025, com uma redução de 48,4% em comparação com 2005. E em 2030, limitava as emissões a 1,2 bilhão de toneladas líquidas, avançando para 53,1% do que era emitido em 2005.

O Observatório do Clima sugere que o país reduza suas emissões de 2,44 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e) registradas em 2005 para 200 milhões de toneladas líquidas em 2035. 

Medidas concretas para atingir a meta

A iniciativa do Observatório do Clima tem um duplo objetivo: alinhar o Brasil com a meta global de limitar o aquecimento da Terra a 1,5ºC e inspirar outros países a adotarem metas igualmente ambiciosas.

Para alcançar esses objetivos, a proposta sugere que o Brasil adote uma série de políticas públicas que facilitem o cumprimento desse compromisso. Entre as medidas recomendadas, estão:

  • Redução do desmatamento a quase zero em todo o país (limitado a um máximo de 100 mil hectares por ano a partir de 2030);
  • Sequestro maciço de carbono no solo pela forte expansão de práticas agropecuárias de baixo carbono;
  • Abandono dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos;
  • Melhoria na gestão de resíduos.

Segundo o Observatório do Clima, essas ações são cruciais para evitar futuras tragédias ambientais no Brasil, como as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul recentemente, e posicionariam o país como um líder global na luta contra a crise climática.

“Nós estamos fazendo uma NDC para as pessoas que perderam as suas casas na enchente do Rio Grande do Sul, para as pessoas que estão sofrendo com as queimadas agora no Brasil, para as pessoas que estão mais vulneráveis a ondas de calor. Nós estamos mostrando que há um caminho para o país fazer uma entrega que seja compatível com a necessidade de frear o aumento desses extremos climáticos”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do OC, à Agência Brasil.

O Brasil deve apresentar uma nova versão de sua NDC até fevereiro de 2025, e a proposta do Observatório do Clima busca influenciar esse processo, promovendo uma abordagem mais ambiciosa e abrangente para o enfrentamento da crise climática.

Você pode conferir a proposta completa aqui.


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Redação A Economia B

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