Resolução CVM 193, que entra em vigor hoje (01 de novembro), faz parte do Plano de Ação de Finanças Sustentáveis para 2023-2024 e endossa normas de sustentabilidade internacionais
No início de outubro, estivemos em Málaga (Espanha) cobrindo o GSG Global Impact Summit, um dos principais eventos de investimentos de impacto do mundo.
Lá, ouvimos Emmanuel Faber, chairman do ISSB (International Sustainability Standards Board), dizer que o objetivo da organização ao desenvolver os padrões internacionais de sustentabilidade IFRS S1 e S2* era “acabar com a sopa de letrinhas e fornecer uma linguagem única, comparável e confiável para ESG ao redor do mundo, produzida pelos mercados de capital”.
*Em resumo, o IFRS S1 estabelece um conjunto de requisitos de divulgação projetado para permitir que as empresas comuniquem aos investidores riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade. Já o IFRS S2 estabelece divulgações relacionadas especificamente ao clima, e foi criado para ser usado em conjunto com o IFRS S1.
Questionado sobre os desafios da implementação desses padrões, o executivo declarou:
“De muitas maneiras, é uma nova linguagem, e só se tornará uma linguagem perfeita, que falamos fluentemente, se todos a usarmos. Então, criamos muita proporcionalidade e escalabilidade para facilitar sua adoção”.
Brasil na vanguarda
Poucas semanas depois do GSG Global Impact Summit, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apresentou a Resolução CVM 193, que permite a elaboração e divulgação de relatório de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade com base no padrão emitido pelo ISSB.
Com isso, o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a adotar oficialmente o novo padrão global. Mas esse é apenas o primeiro passo para o avanço dessa linguagem nacionalmente…
A Resolução, que faz parte do Plano de Ação de Finanças Sustentáveis para 2023-2024, entra em vigor hoje (1º de novembro), e inicialmente a adoção será voluntária. Ou seja, empresas de capital aberto, fundos e companhias securitizadoras que desejarem poderão optar por divulgar relatórios seguindo as diretrizes do ISSB a partir do exercício de 2024 – as normas não se aplicarão para reportar dados de 2023.
A partir de 2027 (correspondendo ao exercício de 2026) a divulgação de tais relatórios será obrigatória. Durante o período de relatórios voluntários, a CVM planeja coletar feedback dos participantes por meio de uma consulta pública.
Em nota, João Pedro Nascimento, presidente da CVM, destacou que a instituição vem implementando diversas ações envolvendo finanças sustentáveis pois entende a importância do tema para o desenvolvimento do mercado de capitais do Brasil. “O futuro é verde e digital, e essa entrega para a sociedade demonstra o compromisso da CVM em contribuir para o atingimento dos ODS da Agenda 2030 da ONU”, declara.
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