Universo B

Empresas da indústria da beleza se unem por um mercado mais responsável

Conheça a coalizão de empresas B criada para melhorar as práticas sociais e ambientais da indústria de beleza e aumentar a conscientização pública sobre a relação entre beleza e responsabilidade

O skincare nosso de cada dia pode até fazer (muito) bem para a saúde da pele e para a autoestima de milhões de pessoas que ajudam a colocar o Brasil em quarto lugar no ranking de maiores consumidores de produtos de beleza e higiene do mundo

Porém, atualmente, esse mesmo mercado tão querido por quem está sempre buscando um produto novo para incluir na sua rotina de cuidados, não é lá um grande amigo do planeta – por vários motivos, aliás. Só para citar alguns: 

  • Ainda existem marcas que testam seus produtos em animais;
  • Mais de 10 mil Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) são utilizados na produção convencional de cosméticos;
    • POPs são substâncias químicas que não se decompõem facilmente e permanecem no ambiente ou se acumulam no organismo, podendo causar danos à saúde.
  • Uma enorme quantidade de embalagens plásticas é descartada incorretamente e acaba não apenas agravando a situação do lixo, como poluindo os oceanos. 

A questão das embalagens tem um peso tão grande no desafio que a indústria enfrenta ambientalmente que vale analisá-la atentamente… 

Leia também: “Sustentabilidade já foi. Esquece. Agora é a hora da regeneração!”

A indústria da beleza e o lixo

A indústria da beleza e o lixo
Imagem criada por Dustan Woodhouse para Unsplash

De acordo com uma pesquisa feita em 2018 pelo movimento Zero Waste Week, mais de 120 bilhões de embalagens foram produzidas somente naquele ano pela indústria da beleza. A maioria delas, feita principalmente de plástico de uso único. Ou seja, são embalagens que, assim que o produto acaba, muitas vezes entram para as estatísticas do levantamento da ONG WWF que revelou que:

Das 11,3 milhões de toneladas de lixo plástico produzidas por ano no Brasil, 10,3 milhões são coletadas. Porém, apenas 145 mil (ou seja, 1,28% do total) são reaproveitadas.

Falando em soluções – ou, ao menos, em redução de danos –, segundo o LCA Center, grupo holandês que estuda o impacto ambiental das embalagens no mundo, se o uso de refis de produtos se tornasse norma, cerca de 70% das emissões de carbono do setor de beleza poderiam ser eliminadas. 

Além disso, haveria uma economia de 65% da energia e 45% da água utilizados em processos de fabricação de potes, tampas e faixas. Por fim, a quantidade de lixo produzida seria muito menor.

Leia também: 

A responsabilidade de mudar é das empresas!

A responsabilidade de mudar é das empresas
Imagem criada por freepik – www.freepik.com

As empresas da indústria da beleza não apenas estão cientes disso, como vêm assumindo compromissos para construir um novo normal.

A Fundação Ellen MacArthur criou o New Plastic Economy, um compromisso global que, dentre outras questões, visa garantir que, até 2025, seus signatários eliminem de sua produção as embalagens de plástico único e tornem 100% de suas embalagens reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis.

Várias gigantes do mercado de beleza e higiene assinaram o compromisso. Caso, por exemplo, da Natura – que é uma empresa B certificada. 

No relatório de resultados de 2020, a Natura revelou que:

  • 50% dos resíduos gerados pelas embalagens da marca no Brasil foram destinados para reciclagem naquele ano;
  • Suas embalagens foram feitas 44% de materiais recicláveis (60% da meta).

Dentre as metas que a Natura visa atingir até 2030, destacamos:

  • 50% de todo o plástico utilizado deve ser de conteúdo reciclado;
  • 100% de todo o material de embalagens deve ser reutilizável, reciclável ou compostável;
  • Para atingir a meta de 100% de descarte responsável onde não houver infraestrutura de reciclagem disponível, a marca fará compensação por meio de programas de coleta e reúso.

A L’Oréal, outra signatária do compromisso New Plastic Economy, comprometeu-se a transformar 100% de suas embalagens plásticas em recarregáveis, reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis até 2025.

Até 2030, a empresa visa reduzir em 20% a intensidade da quantidade de embalagens usadas em seus produtos, em comparação com 2019. Em maio de 2020, por exemplo, a L’Oréal lançou sua primeira geração de embalagens inovadoras incorporando papelão e, portanto, contendo menos plástico do que os tubos de plástico padrão. Isso permitiu reduzir a quantidade de plástico utilizado pelas marcas Garnier Bio e La Roche-Posay em 49% e 45%, respectivamente.

Além disso, 100% do plástico usado nas embalagens da L’Oréal virá de fontes recicladas ou de base biológica (50% dessa meta será atingida em 2025).

B Corp Beauty Coalition

Apesar de ações pontuais serem importantes para a transformação do mercado, mudanças sistêmicas só acontecem quando a preocupação em mudar é coletiva.

Cientes disso e preocupadas em diminuir a pegada social e ambiental da indústria da beleza, mais de 30 empresas B desse mercado, de quatro continentes, criaram a coalizão B Corp Beauty.

Davide Bollati

“Como B Corporations certificadas atendendo aos mais altos padrões de impacto social e ambiental, ficamos cada vez mais desconfortáveis ​​com a pegada social e ambiental da indústria da beleza e concluímos que nossos respectivos esforços individuais para permitir mudanças positivas podem ser aprimorados por meio de uma parceria de compromisso mútuo.

Então, decidimos formar uma coalizão para alavancar nossas forças combinadas e oferecer benefícios tangíveis para clientes de beleza, comunidades e o planeta que compartilhamos”, declara Davide Bollati, presidente da Davines, marca de cuidados capilares.

Leia também: Empresas B: o que são e por que são tão importantes para o futuro do planeta

O que a coalizão se propõe a fazer pela indústria da beleza

Dentre os objetivos da B Corp Beauty Coalition – da qual já fazem parte marcas como The Body Shop, RITUALS e WELEDA –, destacam-se:

  • Promover a colaboração e a troca entre as empresas.
  • Identificar e compartilhar melhores práticas, implementar ações de melhoria e divulgar seus resultados.
  • Influenciar a indústria da beleza a promover mudanças mais amplas que podem, por fim, melhorar sua pegada social e ambiental.

Para isso, os membros da B Corp Beauty Coalition se comprometem a investir tempo e esforços para melhorar quatro questões-chave que afetam todos e tudo:

  • Fornecimento de ingredientes e sustentabilidade. 
  • Logística mais verde.
  • Responsabilidade da embalagem. 
  • Mensagens externas consistentes e claras que os clientes possam entender e confiar.
Kara Peck – B Corp Beauty Coalition – coalizão de empresas da indústria da beleza
Kara Peck
“É animador ver essas B Corps visionárias unindo forças para criar a B Corp Beauty Coalition e compartilhar seu conhecimento e suas melhores práticas umas com as outras e com o mundo.
Com setor empresarial exclusivamente culpado por muitos dos impactos negativos das mudanças climáticas e das desigualdades sistêmicas que enfrentamos hoje, esse tipo de inovação colaborativa é exatamente o que o mundo precisa das empresas.
O trabalho da coalizão vai acelerar muito a mudança da indústria de beleza e cuidados pessoais para um futuro justo, regenerativo e sem carbono”, declara Kara Peck, Diretora Sênior de Estratégia e Parcerias do B Lab EUA/Canadá.

 

Katie Hill – B Corp Beauty Coalition – coalizão de empresas da indústria da beleza
Katie Hill

Katie Hill, Diretora Executiva do B Lab Europa, acrescenta que este trabalho tem relevância e alcance muito além de seu próprio setor. Afinal, aborda fundamentalmente o objetivo mais amplo das empresas de lidar com questões complexas. “O B Lab Europa vê essa liderança proativa dos indivíduos nas Empresas B como abrindo caminho para muitos outros em diferentes setores seguirem o exemplo. De fato, o movimento das Empresas B é construído com base na premissa de que mudar a maneira como os negócios operam para beneficiar as pessoas e o planeta é alcançável quando trabalhamos juntos”.

E você, já pensou em identificar os impactos negativos da sua indústria no planeta e na sociedade e unir-se a outras empresas do mesmo mercado que também estão preocupadas com suas pegadas sociais e ambientais?

Quer receber conteúdo sobre a economia regenerativa em seu e-mail?
Assine nossa newsletter que traz uma curadoria de notícias, tendências, insights e ferramentas sobre ESG, desenvolvimento sustentável, negócios de impacto, inovação e clima.
Ative o JavaScript no seu navegador para preencher este formulário.
Nome

Natasha Schiebel

Natasha Schiebel é cofundadora e Editora-chefe d'A Economia B.

Jornalista por paixão e formação, Natasha acredita que boas histórias têm o poder inspirar transformações, e aplica essa lente no seu trabalho.

Natasha é líder climática certificada pelo projeto Climate Reality e especialista em jornalismo de soluções.

Comentar

Clique aqui para publicar um comentário

Série Estudos B

Guia para empresas