Entenda a relação entre os negócios e as mudanças climáticas, e saiba como diferentes setores dependem do meio ambiente – e geram impactos nele
A relação entre o setor privado e as mudanças climáticas é complexa.
Para começar, as atividades econômicas do modelo extrativo (que não leva em conta seus impactos na natureza), no qual a maioria das organizações opera atualmente, gera danos profundos no ecossistema global.
O gráfico abaixo ilustra bem como o crescimento nesse modelo atual acontece às custas da biodiversidade:
Outro fator importante para entender o vínculo entre o setor privado e as mudanças climáticas é o fato de que negócios de todos os setores dependem diretamente da natureza para manterem suas operações em dia.
Para se ter uma ideia, estima-se que mais da metade do PIB mundial seja dependente da natureza. Na prática, US$ 150 trilhões por ano são gerados pela biodiversidade na forma de serviços ecossistêmicos (como fornecimento de alimentos, armazenamento de carbono e filtragem de água e ar).
Por outro lado, o declínio da funcionalidade dos ecossistemas já custa mais de US$ 5 trilhões anualmente à economia global na forma de serviços naturais perdidos.
Como aponta o estudo Exploring nature impacts and dependencies – a field guide to eight key sectors:
Desenvolvido pela Nature Action 100 (uma coalizão de investidores que visa mobilizar instituições financeiras para preservação da natureza) em parceria com a Ceres (ONG dedicada a promover a sustentabilidade e o engajamento corporativo em questões socioambientais), o relatório destaca o potencial da biodiversidade para a sobrevivência do planeta (e dos negócios).
Segundo a análise, proteger e restaurar florestas e outros ecossistemas naturais poderia contribuir com até um terço da redução das emissões necessária para limitar o aumento da temperatura global, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris.
Leia também: Como as empresas podem ajudar a proteger o planeta?
O estudo da Nature Action e da Ceres revela como as empresas afetam o meio ambiente por meio de suas operações e, ao mesmo tempo, são profundamente dependentes da natureza.
Os impactos e as dependências naturais variam de setor para setor e até mesmo de empresa para empresa, o que cria diferentes níveis de exposição ao risco.
Clique nos setores de seu interesse para entender a relação dessas indústrias com o meio ambiente.
Durante seus processos de produção, empresas de biotecnologia e farmacêuticas utilizam produtos químicos como acetona, cloreto de benzila e ácido clorídrico, que podem contribuir para a poluição ambiental, se não forem manuseados adequadamente.
Além disso, ingredientes farmacêuticos projetados para resistir à decomposição no corpo humano podem entrar nos ecossistemas naturais por meio de águas residuais domésticas que são regularmente lançadas em rios, lagos e oceanos, afetando negativamente os ecossistemas aquáticos e a vida selvagem.
E ainda, resíduos de medicamentos podem aumentar a propagação de bactérias resistentes a antibióticos e causar problemas reprodutivos e de desenvolvimento em peixes e anfíbios.
Empresas de biotecnologia e farmacêuticas dependem da diversidade genética encontrada na flora e fauna selvagens para pesquisa e desenvolvimento. Cerca de 88% dos medicamentos registrados – usados no tratamento de doenças como Alzheimer, câncer, malária e Parkinson – são derivados de produtos naturais ou inspirados por eles.
No entanto, a superexploração de recursos e o declínio da biodiversidade podem limitar o acesso a materiais genéticos valiosos necessários para este setor.
Empresas deste setor precisam de quantidades significativas de água de alta qualidade para seus processos de desenvolvimento e fabricação. Essa alta demanda por fontes limitadas de água ultrapura pode esgotar as águas subterrâneas e de superfície, além de afetar o ciclo natural da água.
O setor químico emite diversos poluentes atmosféricos:
Vibrações de maquinaria pesada, utilizadas para separação criogênica do ar e recuperação e separação de dióxido de carbono (CO₂) durante a produção industrial de gases, criam poluição sonora que pode ter impactos profundos na vida selvagem e nos seres humanos.
O setor químico é o maior consumidor de energia industrial do mundo e emite grandes quantidades de CO₂ devido ao uso de combustíveis intensivos em carbono. Em 2022, a produção de produtos químicos liberou 935 milhões de toneladas de CO₂.
O setor químico consome muitas matérias-primas. Sendo assim, o cultivo de biomassa para produtos químicos comuns (como milho, óleo de palma, cana-de-açúcar e soja) pode resultar na conversão de ecossistemas naturais em terras agrícolas.
Além disso, fertilizantes e produtos químicos especializados dependem de matérias-primas escassas. A extração e produção desses materiais, incluindo minerais raros, podem causar mudanças no uso da terra e fragmentação do habitat natural de muitas espécies.
A fabricação de produtos químicos gera grandes quantidades de resíduos que podem poluir o solo se não forem gerenciados adequadamente. Além disso, o uso de produtos químicos na fabricação de mercadorias pode liberar substâncias perigosas que se acumulam na superfície.
O uso excessivo de fertilizantes e pesticidas também pode poluir o solo ao aumentar as concentrações de nitrato, fósforo e metais pesados, como cádmio – causando efeitos adversos à saúde e comprometendo a qualidade das terras agrícolas.
O setor químico produz diversos tipos de resíduos contendo substâncias altamente perigosas. Grande parte desses resíduos é composta por materiais metálicos, que podem contaminar as áreas ao redor quando descartados em aterros sanitários ou de maneira inadequada.
A poluição da água ocorre quando substâncias como efluentes industriais, águas residuais ou produtos químicos tóxicos são liberados em corpos d’água. Isso pode acontecer durante processos de fabricação, transporte ou uso de produtos químicos por empresas.
O descarte inadequado de resíduos – incluindo produtos químicos não utilizados – também contribui para a poluição da água. Essa contaminação afeta os ecossistemas aquáticos e pode prejudicar a saúde humana. O escoamento de fertilizantes e produtos químicos agrícolas também representa uma ameaça para as plantas, animais e para a biodiversidade dos ecossistemas aquáticos.
O setor utiliza água intensamente para resfriamento, reações químicas e extração de solventes. Em muitos casos, são necessárias tecnologias avançadas de tratamento para reciclar a água devido à presença de produtos químicos específicos e à qualidade da água resultante. Como consequência, esse alto consumo de água pode colocar pressão sobre os recursos hídricos locais.
Por conta do aquecimento global, que causa o aumento da frequência e da intensidade de tempestades, as instalações industriais enfrentam cada vez mais riscos de inundações. Isso pode atrapalhar processos importantes, como separação de ar, destilação e produção de fertilizantes.
Vários processos de produção do setor dependem intensamente da água, incluindo resfriamento, meio de reação e extração de solventes. Essa dependência pode representar um risco para as empresas, especialmente em áreas com escassez ou demandas concorrentes.
As atividades de transporte do varejo liberam poluentes atmosféricos que afetam a qualidade do ar, especialmente em áreas urbanas. Os resíduos eletrônicos gerados pelo setor podem causar poluição do solo se o descarte e a reciclagem não forem bem gerenciados. Além disso, o descarte inadequado de resíduos também pode poluir a água, com produtos químicos, metais pesados, microplásticos e outros materiais.
Os mercados online geram grandes emissões de GEE devido à energia utilizada para operar centros de dados, armazéns, centros de distribuição e transporte. Os centros de dados do comércio eletrônico são especialmente intensivos em energia, e o modelo de entrega direta ao cliente emite grandes quantidades de GEE provenientes do transporte movido a combustíveis fósseis.
O uso excessivo de materiais de embalagens – como plásticos, papelão e isopor – gera muitos resíduos neste setor. E ainda, muitos produtos são embalados em materiais descartáveis (como o plástico), aumentando a produção de lixo após a compra.
O baixo índice global de reciclagem de plástico (cerca de 9%) resulta em milhões de toneladas desse material vazando para o meio ambiente, onde se decompõem em microplásticos prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. Além disso, o descarte inadequado de produtos eletrônicos e têxteis também geram grandes impactos na natureza.
As atividades de distribuição do varejo e do comércio eletrônico têm dependências específicas relacionadas à natureza. A maioria dessas dependências ocorre nas etapas iniciais da cadeia de suprimentos (detalhadas nos setores: Biotecnologia e Farmácia; Químico; Alimento; Florestas e Embalagens, Produtos domésticos e pessoais; e Metais e Mineração).
Eventos climáticos extremos – como ondas de calor recordes, secas, chuvas intensas, nevascas e inundações – prejudicam a distribuição de mercadorias, afetando a confiabilidade e a segurança das redes de transporte. Esses eventos climáticos também podem tornar lojas inacessíveis aos consumidores, reduzir a demanda e diminuir o poder de compra dos consumidores.
Avalanches e deslizamentos de terra podem danificar estradas e trilhos de trem, interrompendo as redes de distribuição para o comércio de produtos de consumo.
A indústria de alimentos tem diferentes atividades que contribuem para gerar impactos negativos nos ecossistemas terrestres e aquáticos, afetando a qualidade da água e a saúde dos organismos aquáticos.
A expansão das áreas de cultivo para agricultura tem impactado profundamente os ecossistemas de água doce. Projetos de infraestrutura como barragens, lagos de retenção e canais de irrigação podem interromper o fluxo da água e afetar a disponibilidade para habitats nos ecossistemas aquáticos.
Além disso, a aquicultura pode resultar no desenvolvimento de tanques e reservatórios que degradam ou destroem habitats naturais. Isso também pode alterar os padrões de fluxo de água, dificultando migrações e promovendo a eutrofização, afetando a estabilidade dos leitos dos rios.
Entre as atividades dessa indústria que mais geram emissões de GEE, estão:
A agricultura ocupa mais da metade das terras habitáveis do mundo, com sua expansão resultando na conversão de florestas e ecossistemas naturais em pastagens e terras agrícolas. Quase 90% do desmatamento global é atribuído à expansão agrícola, causando perda de biodiversidade e degradação do solo.
Além disso, empresas de alimentos processados, como aquelas que usam óleo de palma, também contribuem para esses impactos por meio de suas cadeias de suprimentos complexas e sem transparência.
Certos métodos de pesca, como arrasto e dragagem, causam sérios danos aos habitats marinhos. A aquicultura também contribui para a degradação oceânica, com impactos similares aos observados nos ecossistemas de água doce. Para se ter uma ideia, desde 1980, a expansão da aquicultura resultou na conversão de quase 19 mil quilômetros quadrados de manguezais.
A FAO indica que mais de 30% das populações globais de peixes estão sendo superexploradas, o que representa uma ameaça à biodiversidade e perturba o equilíbrio dos ecossistemas marinhos. Em situações extremas, isso pode resultar no colapso das populações de peixes e na degradação completa desses ecossistemas.
No setor de alimentos, resíduos de embalagens e o desperdício causam grandes impactos ambientais. Não é à toa que alimentos e materiais de embalagem compõem quase metade de todos os resíduos sólidos municipais atualmente.
O desperdício de alimentos contribui diretamente para emissões de gases de efeito estufa, ao mesmo tempo em que incentiva o uso adicional de recursos. Além disso, a maioria das embalagens é concebida para uso único, sendo descartada ao invés de ser reutilizada ou reciclada.
A agricultura requer grande consumo de água, o que pode prejudicar os ecossistemas de água doce, aumentar o estresse hídrico local e o risco de seca. A pecuária, por exemplo, tem uma pegada hídrica considerável. Em média, para produzir meio quilo de carne bovina, são necessários cerca de 7 mil litros de água, enquanto para a mesma quantidade de vegetais, são usados aproximadamente 150 litros.
No setor alimentício, as empresas compartilham geralmente as mesmas dependências relacionadas à natureza, mas com variações na importância relativa. Nesse sentido, o relatório da Nature Action 100 e da Ceder agrupou as dependências do setor em categorias mais amplas de serviços ecossistêmicos.
Os serviços ecossistêmicos habilitadores, como polinização, manutenção de habitats de berçário, qualidade do solo e da água, são essenciais para a produção agrícola e de frutos do mar.
Na agricultura, a polinização é crucial para 35% das culturas alimentares globais, enquanto solos saudáveis garantem nutrientes e retenção de umidade. Já na aquicultura, a qualidade do solo e da água sustenta a saúde e produtividade das operações. Por fim, a água também é vital na indústria de alimentos processados, garantindo padrões de higiene e segurança.
Os serviços de mitigação, como a biorremediação, são fundamentais para reduzir a contaminação por pesticidas na agricultura e revitalizar o solo de forma ecoeficiente.
Nos ecossistemas marinhos, processos naturais de biorremediação e diluição de resíduos ajudam a manter a qualidade da água e o bem-estar das espécies marinhas, evitando que os peixes acumulem contaminantes prejudiciais.
Serviços ecossistêmicos como regulação do clima, controle de doenças e estabilização de terras ajudam a proteger a produção de alimentos de interrupções.
Condições climáticas estáveis são essenciais para o cultivo e criação de gado. Além disso, florestas e pastagens ajudam a evitar a erosão e mantêm a fertilidade do solo. Já nas áreas costeiras, zonas úmidas e manguezais reduzem o impacto de tempestades e inundações, preservando os habitats marinhos.
Os serviços ecossistêmicos de provisão fornecem insumos essenciais para a produção de alimentos, incluindo fibras, forragens, matéria genética (plantas, animais, algas) e recursos hídricos.
Na agricultura, os cultivos dependem de fontes de água para irrigação e criação de gado, enquanto a diversidade genética é vital para manter populações marinhas saudáveis na pesca. Nos alimentos processados, a água desempenha múltiplos papéis, desde a limpeza de equipamentos até como um ingrediente essencial nos produtos.
O transporte de produtos das fábricas para os pontos de venda resulta em emissões que poluem o ar. Durante a produção, resíduos e descargas industriais podem contaminar o solo e corpos d’água por escoamento.
O setor de varejo de alimentos e bebidas também gera grandes volumes de águas residuais, frequentemente contendo materiais orgânicos, químicos e aditivos. Além disso, esse setor contribui para a poluição do solo e da água devido às atividades agrícolas e à produção de embalagens, incluindo plásticos e alumínio.
O transporte, armazenamento e distribuição de alimentos geram altas emissões de gases de efeito estufa, com diferentes modos de transporte contribuindo para essas emissões.
Além disso, a refrigeração necessária para manter os alimentos frios ao longo da cadeia de suprimentos é intensiva em carbono. E ainda, o desperdício de alimentos devido a manuseio inadequado e descarte também tem um impacto significativo na pegada de carbono do setor.
O setor utiliza grandes quantidades de embalagens para facilitar a distribuição e o varejo, impulsionando o uso intensivo de plásticos descartáveis, principalmente. As soluções de embalagem sustentável têm avançado lentamente, com foco em reciclagem em vez de alternativas inovadoras. Além disso, o desperdício de alimentos contribui com bilhões de toneladas de resíduos sólidos gerados por esse setor.
Muitas das necessidades de recursos naturais para o setor de varejo de alimentos e bebidas ocorrem nas etapas iniciais da cadeia de suprimentos e são descritas nas informações do setor alimentício.
Eventos climáticos extremos afetam a distribuição de alimentos, sendo um desafio porque os alimentos precisam ser armazenados e refrigerados corretamente para evitar deterioração. Temperaturas e chuvas intensas podem interromper redes de transporte, tornando-as menos confiáveis e seguras. Além disso, esses eventos podem tornar lojas inacessíveis, reduzir a demanda e o poder de compra dos consumidores.
Inundações e tempestades podem afetar rodovias e também os canais de navegação, prejudicando o transporte de alimentos.
Avalanches e deslizamentos de terra podem danificar estradas e trilhos de trem, interrompendo as redes de distribuição de produtos alimentícios.
A poluição gerada por este setor é resultante de diversas atividades. As práticas da gestão florestal – preparação do local, uso de fertilizantes e colheita de madeira – contaminam fontes de água com metais, nutrientes e sedimentos, resultando em solos degradados que não suportam o crescimento florestal adequado.
Na indústria de celulose e papel, os processos de polpação e branqueamento emitem compostos de enxofre e óxidos de nitrogênio, poluindo o ar. Além disso, o descarte de resíduos dessas atividades prejudica a capacidade dos solos de realizar processos essenciais e contribui para a poluição das águas.
A degradação florestal pode resultar em ainda mais emissões de carbono do que o próprio desmatamento. Práticas industriais de exploração madeireira, como o corte raso, liberam carbono do solo e da biomassa deixada para trás. Embora as florestas possam se regenerar, pode levar séculos para compensar esse impacto climático.
E ainda, o uso de maquinaria pesada também emite gases de efeito estufa adicionais.
Quase um terço das florestas globais (1,15 bilhão de hectares) é predominantemente usada para fins produtivos. Práticas como o corte raso, a colheita seletiva, o plantio de monoculturas e o cultivo de espécies não nativas degradam os ecossistemas florestais ao reduzir a biodiversidade, danificar e erodir os solos, aumentar a incidência de pragas e doenças e intensificar os riscos de incêndios.
A indústria de celulose e papel consome grandes volumes de água. A crescente demanda por produtos de papel deve intensificar ainda mais as pressões sobre a água doce globalmente.
Ecossistemas florestais saudáveis fornecem serviços de biorremediação que mitigam o acúmulo de pesticidas, herbicidas, metais pesados e outros poluentes provenientes de maquinaria. Microorganismos, árvores e outras plantas florestais em ecossistemas saudáveis absorvem e degradam contaminantes para desintoxicar o solo, permitindo que as florestas prosperem.
Diversas espécies arbóreas dependem dos serviços de polinização de insetos, pássaros e morcegos. Tais serviços contribuem para a saúde das florestas ao facilitar a reprodução e manter a biodiversidade. As florestas precisam de solos férteis para crescer, armazenar água e outros recursos. No entanto, práticas industriais de exploração madeireira podem degradar e erodir o solo, reduzindo a produtividade florestal e elevando os custos operacionais.
Serviços ecossistêmicos de proteção são cruciais para florestas saudáveis, pois as mudanças climáticas aumentam sua vulnerabilidade a incêndios, secas, invasões de espécies e doenças. A prolongação das temporadas de incêndios e condições extremas resulta em perdas significativas de madeira globalmente.
Ao diversificar espécies arbóreas, gestores podem usar o controle natural para proteger florestas contra doenças e pragas, evitando o uso excessivo de pesticidas que prejudicam a biodiversidade e aumentam futuros riscos.
Os serviços de provisão são uma categoria ampla de serviços ecossistêmicos que fornecem insumos físicos diretos para o manejo florestal e a produção de papel e celulose. Nesse sentido, esse setor depende fortemente da disponibilidade de recursos hídricos. Tanto a produção de madeira para fornecimento de fibras quanto os processos de fabricação de celulose e papel requerem uma grande quantidade de água.
Compostos usados na produção de produtos domésticos e pessoais, como compostos orgânicos voláteis e metais pesados, são liberados durante a produção por meio de descartes de águas residuais, acumulando-se no solo e na água. O uso desses produtos também emite substâncias que afetam a qualidade do ar e a saúde humana.
Emissões de GEE são geradas durante processos de fabricação, transporte e embalagem. No entanto, a maioria das emissões do setor ocorre por meio de fornecedores e clientes. São emissões que resultam da extração de matérias-primas, como petróleo para plásticos e óleo de palma para cosméticos, e quando os produtos são usados, como em banhos quentes ou lavagens de roupa.
Plásticos, microplásticos e resíduos sólidos (lenços umedecidos, máscaras faciais, fraldas) são uma grande fonte de poluição para o setor de bens domésticos e pessoais quando não são descartados corretamente.
Além disso, os plásticos utilizados para embalagens, como tubos de pasta de dente, frascos de loção ou recipientes de cosméticos, são difíceis de reciclar, com 22% desses resíduos acabando em ecossistemas terrestres e marinhos.
Produtos domésticos e pessoais, assim como suas embalagens, dependem de uma variedade de matérias-primas, que vão desde extratos botânicos até metais e minerais. Por exemplo, empresas podem empregar óleos vegetais em produtos de cuidados com a pele e minerais em pigmentos cosméticos, usando em seguida celulose e papel para embalar esses produtos.
A água é insubstituível em muitos processos de produção do setor de produtos domésticos e pessoais. Ela é frequentemente utilizada para enxaguar e purificar produtos durante várias etapas de fabricação e para limpar materiais de embalagem, como garrafas e recipientes. Além disso, a água também é um ingrediente fundamental em muitos produtos desta indústria.
Este setor gera poluição por meio de diferentes atividades:
Explosões em escavações podem provocar atividades sísmicas, causando perturbações que levam à migração de espécies de uma área específica.
A mineração contribui com 4 a 7% das emissões globais de gases de efeito estufa. A extração de recursos, especialmente de locais profundos ou remotos, requer maquinário pesado movido a combustíveis fósseis, gerando emissões de CO2.
O processamento de matérias-primas neste setor também emite grandes quantidades de gases de efeito estufa devido a tratamentos químicos e reações em alta temperatura. Além disso, podem ocorrer emissões de metano de forma natural durante a mineração.
A mineração afeta os ecossistemas de água doce por meio do processamento intensivo de minérios com alto uso de água, da poluição dos efluentes e da drenagem ácida de minas. Esses poluentes, que incluem metais pesados e substâncias químicas perigosas como cianeto e ácido sulfúrico, prejudicam a vegetação e a vida aquática.
E ainda, o armazenamento de rejeitos e a mineração de areia em rios aumentam os riscos, incluindo possíveis falhas em barragens e perturbação dos habitats naturais.
A mineração afeta diretamente a superfície terrestre. A preparação para exploração de minérios envolve o desmatamento e a remoção da vegetação local. Além disso, a extração de rochas e solo reconfigura paisagens naturais e prejudica ecossistemas.
E ainda, a erosão do solo impacta a água e a vida aquática, e a mineração abre áreas remotas à atividade humana – sendo que mais de 1.200 locais de mineração estão em áreas importantes para a biodiversidade.
Metais pesados dos minérios podem escapar durante o processo de lixiviação, afetando a vegetação e o solo com contaminação persistente. Além disso, a poluição química ocorre de duas formas: quando reagentes como ácido sulfúrico, mercúrio e cianeto são liberados durante o processamento mineral; ou por meio da oxidação de minerais presentes nos minérios, especialmente sulfetos que geram ácido sulfúrico.
Mineração e processamento mineral exigem grandes volumes de água para escavação, controle de poeira e processamento. A escavação profunda requer a redução do lençol freático, enquanto a mineração de superfície frequentemente demanda drenagem para acessar camadas e garantir a segurança. Isso pode levar à depleção, distúrbios hidráulicos e contaminação dos recursos hídricos existentes.
A mineração requer estabilidade climática para operar continuamente. Eventos climáticos extremos, como inundações ou secas, podem interromper as operações devido à redução da disponibilidade de água, causando atrasos ou riscos à segurança. Alterações na paisagem devido à mineração podem afetar microclimas, alterando padrões de temperatura e precipitação, o que impacta o planejamento operacional e a segurança do local.
A estabilização do solo e o controle de erosão são essenciais para garantir a estabilidade e prevenir a perda de solo. Operações de mineração dependem fortemente dessas medidas para reduzir riscos, incluindo interrupções, danos aos equipamentos e questões de segurança dos trabalhadores.
A mineração utiliza muita água para extração, processamento e refino, usando fontes tanto subterrâneas quanto superficiais. A escassez de água é uma grande barreira para o desenvolvimento de recursos minerais.
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