Inovação

A arquitetura do reaproveitamento e os tijolos que nascem do que ia para o lixo

Startup francesa transforma roupas usadas em tijolos e se une a outras iniciativas globais que reaproveitam resíduos para construir de forma mais limpa e acessível

Todos os anos, o mundo descarta 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) – e a maior parte deles acaba em aterros sanitários. Como mostramos nesta reportagem, só no Deserto do Atacama, no Chile, estima-se que mais de 30 mil toneladas de roupas descartadas são despejadas todos os anos.

Esse desperdício não é apenas um problema de volume, mas um reflexo da lógica linear de produção e consumo, que ignora o valor e o potencial dos materiais após o uso. 

Foi diante desse cenário que a arquiteta parisiense Clarisse Merlet decidiu agir. Ainda estudante, ela enxergou nos tecidos descartados uma oportunidade de transformação. O resultado foi uma solução que dá forma nova ao que seria lixo: tijolos feitos de roupas velhas.

Assim nasceu a FabBRICK, uma startup que desenvolve tijolos ecológicos a partir de tecidos triturados, misturados com cola e moldados em formatos variados. O processo aceita qualquer tipo de tecido e resulta em blocos que, além de decorativos, são resistentes ao fogo, à umidade e funcionam como isolantes térmicos e acústicos.

Imagem: FabBRICK

Um dos diferenciais do método é que ele não exige a separação prévia dos materiais. Ou seja, as roupas podem ser trituradas inteiras, com botões, zíperes e misturas de fibras como algodão, poliéster e viscose, eliminando a etapa de triagem. 

Cada tijolo utiliza, em média, três camisetas. O processo, inteiramente manual e artesanal, começa com a trituração dos tecidos, que são misturados ao aglutinante, prensados com uma prensa hidráulica e, por fim, deixados para secar por cerca de duas semanas.

Desde sua inauguração, a FabBRICK já reciclou cerca de 12 toneladas de roupas, transformando-as em mais de 40 mil tijolos. Esses blocos vêm sendo usados em projetos de design e arquitetura, como estantes, bancadas, divisórias e até painéis acústicos feitos com jeans desfiado. 

Outras formas de construir com o que sobra

Imagem: Kubik

Ao redor do mundo, outras iniciativas vêm encontrando soluções criativas para reaproveitar resíduos como matéria-prima para a construção civil.

Mais do que uma solução estética, a FabBRICK e outras experiências como essas inspiram um novo olhar sobre os resíduos. Ao dar nova vida ao que seria descartado, mostram que a economia circular pode ser criativa, eficiente e essencial para um futuro mais sustentável.

Leia também:
Construindo o futuro: novas soluções para desafios socioambientais


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Redação A Economia B

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