Relatório revela que, embora algumas empresas atuem para deter e reverter a perda de biodiversidade, a maioria ainda não entende como impacta a natureza – e depende dela
Avaliar o impacto das operações na natureza é um desafio para organizações em todo o mundo.
A World Benchmarking Alliance (WBA) avaliou mais de 800 empresas de mais de 20 indústrias (incluindo produtos domésticos, vestuário, mineração e alimentos) e descobriu que, embora algumas estejam contribuindo para a preservação da biodiversidade, a maioria ainda não compreende completamente como suas operações impactam a natureza – e dependem dela.
Os dados coletados pelo Nature Benchmark entre 2022 e 2024 apontam que apenas 5% das empresas realizaram uma avaliação do impacto de suas atividades na natureza e menos de 1% avaliaram suas dependências naturais.
De acordo com o estudo, existem lacunas preocupantes em áreas-chave, como o uso da água, a conversão de ecossistemas e o respeito aos direitos das comunidades locais. “Isso tem consequências graves tanto para o planeta quanto para as pessoas, especialmente no Sul Global, onde muitos dos hotspots de biodiversidade do mundo estão localizados e onde questões como a escassez de água e a perda de biodiversidade são frequentemente sentidas de forma mais aguda”, avalia o estudo.
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Principais descobertas do Nature Benchmark 2022-2024
O relatório destaca, por exemplo, que há um risco significativo de greenwashing relacionado ao uso de plásticos.
Apesar de 43% das empresas apresentarem evidências qualitativas de redução do material, só 19% fornecem métricas quantitativas, e apenas 7% têm metas quantitativas com prazos definidos.
Isso sugere que, mesmo com o reconhecimento do problema, as ações concretas ainda são limitadas e insuficientes para enfrentar a crise do plástico, que contribui com até 80% de toda a poluição marinha.
A iminente crise hídrica global é outro ponto crítico avaliado no Nature Benchmark 2022-2024.
Com a demanda por água doce prestes a exceder a oferta em 40% até 2030, 29% das empresas relataram reduções no uso de água, mas apenas 15% divulgam métricas sobre poluentes descarregados, e 4% estabeleceram metas para reduzi-los.
A pesquisa também revela que somente 13% das empresas demonstram um compromisso claro com os direitos dos Povos Indígenas e Comunidades Locais (IPLC), que gerenciam cerca de 40% das áreas protegidas terrestres. “Para realizar projetos com potencial de impactar os Povos Indígenas e Comunidades Locais, as empresas devem se comprometer a obter o Consentimento Livre, Prévio e Informado (CLPI) dessas comunidades para garantir sua autonomia no futuro de seus territórios”, indica o relatório.
Liderança em sustentabilidade
Por fim, o relatório destaca que, embora 66% das empresas atribuam a supervisão da sustentabilidade aos seus conselhos, apenas 2% dos conselhos possuem a expertise relevante em temas como biodiversidade ou clima.
De acordo com os pesquisadores, isso indica uma necessidade urgente de liderança mais capacitada em sustentabilidade corporativa.
“Empresas que demonstram uma governança corporativa robusta pontuam significativamente melhor em outras questões de sustentabilidade. Portanto, para possibilitar um impacto real, as empresas devem priorizar o desenvolvimento de uma estratégia de sustentabilidade que abranja a natureza, apoiada por responsabilidade e prestação de contas concretas em altos níveis de liderança para a entrega da estratégia”, indica a WBA.
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