Entenda o impacto da pandemia no acesso à energia limpa, confiável e a preço acessível para todos e saiba como a evolução do ODS 7 pode contribuir para a recuperação global pós-Covid-19
Assim como a água, a energia é um recurso fundamental na luta contra o novo coronavírus.
Porém, assim como acontece com a água, a falta de acesso à energia segura e confiável é um problema que afeta milhares de pessoas ao redor do globo.
➔ Em todo o mundo, 789 milhões de cidadãos não têm eletricidade em casa.
➔ No Brasil, 990 mil pessoas não têm acesso à energia elétrica, segundo o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA).
E ainda, um levantamento feito pela ONU em abril de 2020 em países em desenvolvimento identificou que um quarto das unidades de saúde pesquisadas não possuíam eletricidade e um quarto das unidades relatou interrupções não programadas que afetaram sua capacidade de fornecer serviços essenciais.
Ou seja, esses são alguns dos fatores que enfraquecem a resposta do sistema de saúde à pandemia e colocam muitas vidas em risco.
É nesse cenário que fica ainda mais evidente a importância do alcance do sétimo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (que tem como meta central assegurar energia limpa, confiável e a preço acessível para todos, até 2030).
O ODS 7 da Agenda 2030 teve avanços importantes na última década. O número de pessoas sem acesso à energia caiu de 1,2 bi em 2010 para 789 mi em 2018. Além disso, a taxa global de eletrificação saltou de 83 para 90%, no mesmo período.
Segundo a International Renewable Energy Agency (IRENA), as energias renováveis têm sido fundamentais nesse sentido. Afinal, mais de 136 milhões de pessoas passaram a receber serviços básicos de eletricidade por meio de soluções independentes (off-grid) de energias renováveis.
Contudo, análises apontam que, caso medidas mais assertivas não sejam tomadas, a meta de universalizar o acesso à energia limpa e acessível até 2030 não será alcançada. A última projeção da IRENA mostra que, no ritmo atual, cerca de 620 milhões de pessoas ainda não teriam acesso à eletricidade até o final desta década.
A agência indica que a taxa anual de eletrificação global teria que aumentar dos atuais 0,82 pontos percentuais para 0,87 pontos percentuais para fechar essa lacuna.
Indo além, a IEA destaca que, nos últimos anos, a queda dos custos e o forte apoio político tornaram as energias renováveis cada vez mais atraentes e competitivas em muitas economias. Todavia, a crise gerada pela pandemia deve mudar esse cenário.
A entidade aponta que o setor de energia limpa e renovável enfrenta três grandes desafios atualmente:
Além disso, análises apontam que cerca 50% das empresas de energia off-grid (redes independentes que alimentam áreas remotas, onde não há sistemas de distribuição de eletricidade) não devem sobreviver à crise gerada pela Covid-19.
Durante a pandemia, só a venda de equipamentos de energia solar caiu 26% em todo o mundo, segundo dados da associação global para a indústria de energia solar off-grid, GOGLA.
Ou seja, se antes da pandemia a meta de levar energia limpa e acessível para todos até 2030 já era desafiadora, a crise da Covid-19 pode tornar essa missão ainda mais complexa. E a estagnação desse ODS afeta de maneira direta também outras áreas importantes para o desenvolvimento sustentável…
“A mudança climática continua sendo a maior ameaça à humanidade a longo prazo. Retardar a transição para energia limpa comprometerá seriamente nossa luta contra as mudanças climáticas. Ademais, sem garantir acesso universal a serviços de energia modernos, confiáveis e acessíveis, muitos ODS estarão em risco, uma vez que a energia está fortemente interligada com o progresso na erradicação da pobreza, igualdade de gênero, segurança alimentar, saúde, educação, água potável e saneamento, empregos, inovação, transporte e outros objetivos”, destaca Liu Zhenmin, Secretário Geral Adjunto para assuntos Econômicos e Sociais da ONU, em um relatório sobre a necessidade da tomada de ações para o avanço do ODS 7.
Frente às dificuldades geradas pela pandemia, especialistas concordam que é crucial redobrar os esforços para o avanço da universalização do acesso à energia. Essa, aliás, é uma questão importante não apenas para o enfrentamento dessa crise, mas também para acelerar a recuperação e construir um futuro mais sustentável e resiliente para todos.
A IRENA aponta que o mercado de energias renováveis também está sendo afetado com essa crise. Contudo, a agência afirma que esse é um setor muito resistente e que também se tornou mais acessível nos últimos anos, podendo se tornar uma alternativa interessante na fase de recuperação econômica.
O poder privado pode contribuir diretamente para que o ODS 7 avance nos próximos anos. Para isso, é possível, por exemplo:
Quer entender melhor o papel das organizações para o avanço do ODS 7?
Leia a segunda parte deste artigo. Nela, apresentamos boas práticas nesse sentido e empresas que estão agindo para garantir que todos tenham acesso a esse serviço fundamental.
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