Pela primeira vez na história, Jogos Olímpicos terão paridade de gênero em número de atletas
Os Jogos Olímpicos representam o ápice dos esportes. O sonho de qualquer atleta é disputar a competição e, quem sabe, levar uma medalha para casa e para o seu país.
Segundo a mitologia grega, Hércules, filho de Zeus, foi o idealizador dos jogos, e ainda que não seja possível datar com precisão quando a primeira edição aconteceu, historiadores concordam foi séculos antes do nascimento de Jesus Cristo.
Ou seja, essa é uma tradição milenar. Porém, a edição de 2024 – que acontecerá em Paris, entre julho e agosto – será a primeira em pelo menos um quesito: a paridade numérica de gênero nas competições. Isso significa que haverá um número igual de atletas homens e mulheres participando do maior evento esportivo do mundo.
“No mundo de hoje, nenhuma organização ou país pode se dar ao luxo de deixar para trás as habilidades de 50% da população – seja no esporte ou na sociedade em geral. É por isso que o COI está comprometido em reduzir a lacuna de gênero dentro e fora do campo de jogo”, disse Tomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), em nota.
A evolução da participação feminina nos Jogos Olímpicos
De acordo com o COI, 10.500 atletas participarão das Olimpíadas de Paris, sendo 5.250 homens e 5.250 mulheres. Esses números estão distribuídos de forma mais equilibrada do que nunca, com paridade de gênero em 28 dos 32 esportes com medalhas em disputa.
Além disso, a distribuição de medalhas também será mais igualitária, se comparada às edições anteriores. Afinal, ao todo, as Olimpíadas terão 152 eventos femininos, 157 masculinos e 20 mistos, permitindo que mais da metade dos eventos de medalhas sejam disputados por atletas mulheres.
E o Time Brasil?
Segundo o jornal O Globo, pela primeira vez na história, o Time Brasil deverá ser composto por mais mulheres do que homens nos Jogos Olímpicos de Paris. Das 163 vagas garantidas até agora (março de 2024), 101 são de mulheres; 47 são de homens e outras 15 sem gênero – no hipismo, por exemplo, homens e mulheres competem entre si.
A paridade de gênero nas competições basta?
“Embora tenhamos visto melhorias na igualdade de gênero no esporte, precisamos de mais, e mais rapidamente. Não podemos simplesmente chegar à representação de 50-50 na competição e dizer que o trabalho está feito”, admite Marisol Casado, Presidente do Grupo de Trabalho de Igualdade de Gênero do Comitê Olímpico Internacional.
Ciente disso, nos últimos anos, o COI implementou uma série de medidas para garantir que a paridade de gênero nas arenas esportivas se reflita também em outros ambientes – como em seu próprio quadro e nas coberturas jornalísticas.
Na prática
- 41% dos membros do COI são mulheres – 100% a mais do que em 2013 –, com mais diversidade em termos de idade e representação regional;
- A representação igualitária de gênero nas comissões do COI foi alcançada em 2022 e mantida em 2023, atingindo uma alta histórica que também equivale a um aumento de 100% desde 2013.
- 14 das 33 comissões (42,4%) são lideradas por mulheres.
- 33% dos membros do Conselho Executivo do COI são mulheres.
Além disso, o COI vem ativamente buscando contratar mais mulheres para cargos de transmissão de eventos, incluindo 35 novas comentaristas. Assim, o índice de mulheres nesse papel chegará a quase 40% nas Olimpíadas de Paris.
Por mais que a paridade de gênero de atletas possa ser considerada uma conquista e que essas outras iniciativas do COI ajudem mostrar que existem esforços para preencher a lacuna de gênero, não dá para ignorar o tempo que isso levou para acontecer. Que essas mudanças que veremos nas Olimpíadas de Paris sejam levadas para outros aspectos da sociedade. E que demorem (bem) menos tempo para se concretizar.
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