ESG

Como reduzir a demanda energética na Indústria, Construção e Transporte

demanda de energia
Foto de Andrey Metelev na Unsplash

Construção, Indústria e Transporte representam juntos 94% da demanda energética global. Estudo revela que, por meio de ações simples, é possível reduzir em 31% o consumo de energia desses setores, gerar economias anuais de até US$ 2 trilhões e ajudar a mitigar a crise climática

Em maio de 2024, a temperatura média global foi a mais alta já registrada para o mês, atingindo 1,52°C acima dos níveis pré-industriais (1850-1900). Além disso, essa marca histórica também levou ao 12° mês consecutivo de recordes de calor.

Cientistas alertam que, no cenário atual de emissões de gases de efeito estufa (GEE), a tendência de aquecimento deve continuar. Entre 2024 e 2028, a temperatura média global na superfície deverá aumentar entre 1,1°C e 1,9°C, com 86% de probabilidade de pelo menos um desses anos alcançar uma nova marca histórica.

Atualmente, a maior parte das emissões de GEE é proveniente da queima de combustíveis fósseis para geração de energia. Estima-se que o setor energético seja responsável por 73,2% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2), que contribuem diretamente para o aquecimento global e as mudanças climáticas.  

Nesse contexto, é crucial transformar o sistema global de produção e consumo de energia, com foco na redução da demanda e no aumento da eficiência energética.  

Leia também: Aumento de 1°C na temperatura global pode reduzir o PIB em até 12%

O potencial da diminuição da demanda de energia

demanda de energia
Foto de Anders J na Unsplash

Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), mais de 80% das reduções necessárias até 2030 podem ser alcançadas por meio de ações como o aumento da adoção das energias renováveis, melhoria da eficiência energética, redução das emissões de metano e ampliação da eletrificação.

Levando em conta o fato de que Construção, Indústria e Transporte representam 94% da demanda energética global, um relatório do Fórum Econômico Mundial (WEF) identificou intervenções viáveis em cada um desses setores que poderiam reduzir sua intensidade energética em cerca de 31% a 42%.

Segundo o WEF, se aplicadas globalmente até 2030, essas intervenções permitiriam manter a produção global com menos energia, reduzindo a demanda em 19% abaixo dos níveis previstos com as políticas atuais. Além disso, essas medidas levariam a uma melhoria anual na eficiência energética de 4,6%, ultrapassando a meta global de aumentar a eficiência em mais de 4% para atingir a neutralidade energética.

O estudo aponta ainda que tais estratégias seriam financeiramente vantajosas, custando uma fração do investimento necessário para a transição energética completa, com potencial de reembolso de até US$ 8 trilhões até 2030 e economias anuais adicionais de até US$ 2 trilhões, dependendo da variação nos preços da energia em resposta à redução da intensidade.

Leia também: Como as empresas podem contribuir para o avanço do ODS 7 – Energia limpa e acessível para todos

Como reduzir a intensidade energética da Indústria

Foto de Rob Lambert na Unsplash

A Indústria representa cerca de 38% da demanda global de energia e é responsável por 21% das emissões de gases de efeito estufa. O relatório da WEF apresenta intervenções que poderiam reduzir a intensidade energética de processos industriais individuais em até 90%. 

Se implementadas amplamente, essas medidas poderiam impulsionar uma redução na intensidade energética do setor de 29% em comparação com os níveis atuais, reduzindo a demanda global de energia em 11%. 

O relatório da WEF organiza as sugestões de ações em três áreas: economia de energia, eficiência energética e colaboração na cadeia de suprimentos. Entre as iniciativas sugeridas estão:

  • Desenvolvimento de processos inteligentes – como o uso de inteligência artificial para otimizar o design da linha de produção;
  • Coleta e reutilização de resíduos de fabricação dentro das linhas de produção;
  • Troca de motores convencionais por motores elétricos;
  • Utilização de sistemas de cogeração (CHPs);
  • Recuperação e reutilização de calor gerado nos processos industriais;
  • Estabelecimento de hubs de energia e a implementação de soluções energéticas integradas.

Leia também: Como o setor privado pode impulsionar sistemas de produção e consumo mais sustentáveis

Como reduzir a intensidade energética da Construção

demanda de energia
Foto de Henry & Co. na Unsplash

O setor de construção corresponde a cerca de 30% da demanda global de energia e gera aproximadamente um terço das emissões globais de gases de efeito estufa. 

A energia é utilizada principalmente na construção, aquecimento e refrigeração (aproximadamente 50%), iluminação (cerca de 20%) e na operação de eletrodomésticos e equipamentos instalados nos edifícios (também cerca de 20%). 

O estudo do WEF identificou intervenções capazes de reduzir a intensidade energética dos edifícios em aproximadamente 38%, o que resultaria numa redução de 12% na demanda global de energia.

Entre as ações recomendadas pelo relatório para economia de energia, aumento da eficiência energética e colaboração na cadeia de suprimento da construção estão:

  • Modernização completa dos prédios, o que inclui a renovação de telhados, paredes e janelas, bem como a digitalização dos sistemas de gerenciamento predial;
  • Instalação de equipamentos HVAC eficientes;
  • Eletrificação do sistema de aquecimento;
  • Implementação de sistemas de aquecimento e refrigeração em distritos;
  • Programas de resposta à demanda.

Leia também: Transição de matriz energética: a ComBio e a revolução da biomassa

Como reduzir a intensidade energética em Transporte

demanda de energia
Foto de Aleksei Zaitcev na Unsplash

O setor de Transporte representa 26% da demanda global de energia e é responsável por 21% das emissões de gases de efeito estufa. 

Estima-se que as intervenções apresentadas no estudo do Fórum Econômico Mundial poderiam reduzir a intensidade energética dos processos de transporte em até 90%. Se aplicadas em larga escala, a intensidade energética do setor poderia cair 21%, resultando em uma redução de 5% na demanda global de energia.

Duas das ações recomendadas pelo WEF para reduzir a intensidade energética do setor de transporte são:

  • Implementar um gerenciamento eficaz do tráfego;
  • Adotar um planejamento de rotas otimizado e automatizado;

Esses, é claro, são apenas alguns dos destaques do relatório. Você pode ler o documento na íntegra (em inglês) e conhecer outras ações sugeridas, além de cases de cada um dos setores, aqui.

Quer receber conteúdo sobre a economia regenerativa em seu e-mail?
Assine nossa newsletter que traz uma curadoria de notícias, tendências, insights e ferramentas sobre ESG, desenvolvimento sustentável, negócios de impacto, inovação e clima.
Ative o JavaScript no seu navegador para preencher este formulário.
Nome

Francine Pereira

Jornalista, especializada em criação de conteúdo digital. Há mais de 10 anos escrevo sobre tendências de consumo, inovação, tecnologia, empreendedorismo, marketing e vendas. Minha missão aqui no A Economia B é contar histórias de empresas que estão ajudando a transformar o mundo em um lugar mais justo, igualitário e sustentável.

Série Estudos B

Guia para empresas