As desigualdades do setor de alimentos e bebidas parecem estar enraizadas, mas não faltam exemplos de empresas que entendem (e assumem) a responsabilidade de valorizar o elo essencial de sua cadeia de valor. Conheça iniciativas do Brasil, México, Honduras, Colômbia e Dinamarca
O mercado de alimentos e bebidas é cheio de contradições enraizadas na desigualdade.
Para começar, mais de 864 milhões de pessoas (10,7% da população global) vivem em situação de insegurança alimentar grave. Ao mesmo tempo, 1.05 bilhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas todos os anos.
Mas a insegurança alimentar está menos relacionada à quantidade de alimentos produzidos e mais à forma desigual e ineficiente como o sistema global os distribui.
Outro paradoxo menos citado, mas igualmente relevante:
Agricultores familiares de pequenas propriedades produzem cerca de um terço (32%) dos alimentos do mundo e a maioria (84%) das 570 milhões de fazendas ao redor do globo são pequenas propriedades. No entanto, os pequenos produtores estão entre as pessoas mais pobres do mundo.
Essas desigualdades apontam para falhas de distribuição no setor alimentar.
O relatório The State of Food and Agriculture 2023, da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), explora os custos ocultos dos sistemas agroalimentares globais, incluindo os impactos ambientais, sociais e de saúde.
De acordo com a análise, muitos trabalhadores rurais ganham menos de 3,65 dólares por dia, o que não é suficiente para sustentar uma vida digna e saudável, e faz com que a insegurança alimentar e a subnutrição sejam comuns entre esse grupo.
Os produtores – especialmente os de pequeno porte – sofrem com margens de lucro apertadíssimas e, em alguns casos, inexistentes.
Segundo um levantamento da Sustain (aliança de organizações e comunidades que trabalham para promover um sistema mais sustentável de alimentos, agricultura e pesca), os agricultores recebem uma fração muito pequena do preço final de venda de alimentos e bebidas, apesar de assumirem a maior parte dos riscos e custos de produção.
Feita com base nos preços do Reino Unido para alguns produtos convencionais (como queijo, hambúrgueres, pão, maçãs e cenouras), a análise revela que entre 0,02% e 1% do valor de volta vai para os agricultores, com margens de lucro praticamente nulas.
Leia também: Como as empresas podem ajudar a diminuir a desigualdade (ODS 10)
Por outro lado, não faltam exemplos de empresas que entendem sua responsabilidade e que valorizam o elo elementar de sua cadeia de valor. Caso, por exemplo, das cinco a seguir. O propósito delas é justamente garantir uma vida digna para aqueles que produzem a base da nossa alimentação.
A Raízs incentiva e apoia a produção artesanal, conectando diretamente os pequenos produtores rurais e os consumidores. O principal objetivo da empresa é promover uma alimentação saudável e sustentável enquanto oferece remuneração justa para mais de 900 famílias de pequenos agricultores.
A Raízs trabalha em parceria com esses produtores, ajudando-os a planejar colheitas, oferecer assistência técnica e garantir uma diversidade de alimentos frescos.
Além disso, parte do faturamento da empresa, assim como das doações dos clientes, é destinada ao Fundo do Pequeno Produtor Raízs, que é gerido coletivamente pelos agricultores, fortalecendo essa parceria e o desenvolvimento sustentável no campo.
Saiba mais: raizs.com.br
A warfair é uma empresa social que busca promover a paz por meio do comércio. Ela estabelece parcerias com agricultores e empresas locais em países afetados por conflitos, como Afeganistão, Iêmen e República Democrática do Congo. O objetivo é gerar oportunidades econômicas para os produtores, ajudando a criar estabilidade, renda e prosperidade.
A empresa encontra produtos com certificações, aprovações e testes laboratoriais que comprovam sua qualidade elevada. Além disso, realiza relatórios de due diligence sobre ética e impacto ambiental de seus parceiros e auxilia no transporte e financiamento, assegurando pagamento direto e entrega segura dos produtos na Dinamarca e em outros países da Europa.
Saiba mais: warfair.store
A Fruandes tem o objetivo de criar oportunidades econômicas sustentáveis para pequenos agricultores e mães solteiras.
A empresa nasceu da necessidade de diversificar as fontes de renda dos produtores colombianos de café, que enfrentavam dificuldades devido à queda dos preços do produto.
Atualmente, o trabalho da Fruandes consiste em integrar pequenos agricultores em uma cadeia de valor sustentável, por meio da produção e exportação de frutas tropicais desidratadas.
A empresa promove a produção orgânica, com certificação de comércio justo, e apoia os agricultores na conversão para práticas ecológicas. Além disso, oferece empregos formais para mães solteiras, ajudando a melhorar a qualidade de vida dessas mulheres e suas famílias.
Saiba mais: fruandes.com
A Tamoa coloca os agricultores no centro de suas atividades. Seu principal objetivo é criar uma cadeia de suprimentos transparente, justa e sustentável, que respeite as comunidades rurais e seus costumes.
A empresa reconhece os agricultores como guardiões da biodiversidade e das práticas ancestrais e colabora com diversas comunidades, cada uma mantendo práticas agrícolas únicas. Além disso, oferece suporte técnico e ajuda a calcular os custos de produção para garantir um preço justo que assegura lucro para os produtores. Em média, os agricultores que trabalham com a Tamoa recebem 43% do valor final de venda de seus produtos.
Saiba mais: tamoa.mx
A Spirit Animal Coffee tem como objetivo redistribuir a riqueza e melhorar a vida dos produtores de café de Honduras, trazendo toda a cadeia de suprimentos para o país e eliminando intermediários.
A empresa processa, torra, embala e envia o café localmente, compartilhando a receita diretamente com os produtores e promovendo o café hondurenho no mercado global.
O principal objetivo da Spirit Animal Coffee é criar uma relação direta e justa entre os produtores e os consumidores, pagando aos agricultores um valor até 300% maior do que o mínimo estipulado pelo selo movimento Fairtrade, o que garante a sustentabilidade financeira e social dos pequenos produtores.
Saiba mais: spiritanimalcoffee.com
Leia também: Café justo e regenerativo: 5 negócios de impacto para inspirar transformações no setor
O Estudo B #7 vai contar as histórias de mais de 100 empresas que estão ajudando a tornar o mercado de alimentos e bebidas justo e regenerativo.
O novo relatório da série Estudos B será um guia sobre inovação, tendências e histórias de impacto no setor de alimentos e bebidas na América Latina (de onde viemos – e para onde sempre olhamos) e Europa (onde parte da nossa equipe está baseada).
Com o objetivo de atrair mais marcas para participar dessa iniciativa, criamos um plano de patrocínio para o Estudo B #7.
Se você quer trazer sua marca para este estudo que conectará o Sul e o Norte Global por meio de histórias de impacto no setor de alimentos e bebidas, envie uma mensagem ou entre em contato com João Guilherme Brotto, cofundador d’A Economia, pelo LinkedIn.
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