Histórias B

Como enfrentar a pandemia sem acesso à água? (ODS 6)

água e pandemia
Imagem: UNICEF

Bilhões de pessoas ao redor do globo não podem recorrer a um dos recursos mais efetivos para se proteger contra o novo coronavírus: lavar as mãos. Entenda como a crise da Covid-19 tem evidenciado o problema da falta de acesso a sistemas seguros de água e saneamento e, consequentemente, vem impactando a evolução do ODS 6.

Objetivo de Desenvolvimento Sustentável #6:

Este conteúdo faz parte da série Pandemia de Covid-19 e os ODSClique aqui e confira todos os artigos sobre o impacto dessa crise na Agenda 2030.   

Lavar as mãos com mais frequência é uma das principais recomendações dos órgãos de saúde para evitar a propagação do SARS-CoV-2. Porém, muitos cidadãos simplesmente não têm como colocar essa orientação em prática. Muitos mesmo!

Globalmente, 3 bilhões de indivíduos (ou seja, dois em cada cinco!) não possuem instalações básicas para lavar as mãos.

Isso, é claro, não é “culpa” da pandemia. Pelo contrário. A falta de acesso a sistemas seguros de saneamento e abastecimento de água já era um problema grave bem antes do início desta crise sanitária. Porém, o problema ficou ainda mais evidente do ano passado para cá…

Infográfico falta de água e saneamento – ODS 6

Uma análise local e global sobre o problema da falta de acesso seguro à água

Acesso à água segura para consumo e higiene é crucial para garantir saúde, bem-estar e dignidade para a população. Em muitos casos, inclusive, condições melhores de saneamento podem literalmente salvar vidas…

Uma ação básica como lavar as mãos com sabão, por exemplo, é capaz de reduzir em até 65% os índices de mortes por diarreia e pneumonia. Para você ter uma ideia do que isso representa, de acordo com a Organização Mundial da Saúde e da Unicef, essas doenças matam, anualmente, 1.8 milhões de crianças com menos de cinco anos ao redor do globo!

Quando falamos de doenças transmissíveis, então, essa questão é ainda mais importante, pois afeta não somente os indivíduos que não têm condições de lavar as mãos frequentemente, mas todos à sua volta.

Voltando os olhos para o Brasil, além da falta de acesso à água segura para consumo, a ausência de serviços de saneamento básico amplia os riscos de infecção por Covid-19 e outras doenças. Em nosso país:

  • 35 milhões de pessoas não têm abastecimento de água tratada.
  • 6,8% das crianças e dos adolescentes não contam com sistema de água em suas casas.
  • Quase 100 milhões de cidadãos não são atendidos por coleta de esgoto.

Como você deve imaginar, os perigos da falta de acesso a sistemas de água e saneamento seguro são potencializados pelo contexto em que essas situações mais ocorrem. Afinal, os mais impactados por esse problema são justamente aqueles que já vivem em situações de risco.

Nas favelas brasileiras, onde moram 13,6 milhões de pessoas, falta água potável em 47% dos lares. E ainda, 15% das famílias não têm acesso a sabonetes!

Ou seja, a pandemia afeta de maneira especialmente dura essas pessoas, já que a falta de água é apenas um aspecto das vulnerabilidades a que estão expostas.

Além disso, uma análise feita pelo Instituto Locomotiva em parceria com o Data Favela e a Central Única das Favelas (CUFA) revelou que grande parte da população periférica não deixou de trabalhar desde que a pandemia eclodiu (e, portanto, esteve sempre exposta ao risco de contaminação).

O estudo identificou ainda que:

  • 72% dos entrevistados não podiam adotar as medidas de prevenção recomendadas por precisarem trabalhar fora;
  • O isolamento social não é uma opção para boa parte dessa população. Isso porque exatamente a metade divide o lar com quatro ou mais pessoas – sendo que 60% vivem em um local com no máximo dois quartos – e 48% convivem com alguém do grupo de risco.
água e saneamento
Imagem: Danilo Alves/Unsplash

O papel das empresas no avanço do ODS 6 

Além de um presente difícil, as perspectivas para o futuro não são das melhores.

Segundo análises do Relatório Luz 2020, o Brasil só alcançará a universalização da água potável e do saneamento básico em 2063. Além disso, a meta do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) de garantir acesso seguro à água e saneamento para todos até 2033 também não deverá ser atingida…

Contudo, o acesso à água e ao saneamento básico é um direito humano e universal. Portanto, é papel do governo garantir que todos os cidadãos possam usufruir dele. Isso não significa, porém, que o poder privado não possa fazer nada para contribuir com a evolução desse ODS – e, inclusive, se beneficiar disso.

Um estudo desenvolvido pelo Instituto Trata Brasil indica que seria necessário investir R$ 317 bilhões em 20 anos para se levar sistemas de água e esgoto a todas as moradias no Brasil. Ou seja, o investimento anual mínimo precisaria ser de R$ 16 bilhões.

No entanto, ao mesmo tempo, os ganhos econômicos e sociais trazidos pela expansão dos serviços em suas diversas áreas alcançariam R$ 537,4 bilhões!

Entre os principais benefícios desse investimento, destacam-se ganhos de:

  • Redução de custos com saúde – R$ 7,1 bilhões;
  • Aumento da produtividade de trabalho – R$ 82,9 bilhões;
  • Valorização imobiliária – R$ 237,7 bilhões.

Motivos suficientes para pensar em formas de colaborar, concorda?

Quer saber como as empresas podem contribuir para o avanço da igualdade de acesso à água e saneamento para toda a população?

Leia a segunda parte deste artigo. Nela, listamos boas práticas que as organizações podem desenvolver nesse sentido. Além disso, apresentamos empresas que já estão agindo para contribuir para a evolução deste ODS.

  O problema da falta de água e saneamento e o papel do poder privado

Assine nossa Newsletter para receber as atualizações sobre essa série. Além disso, nos siga no Instagram e no LinkedIn!

Francine Pereira

Jornalista, especializada em criação de conteúdo digital. Há mais de 10 anos escrevo sobre tendências de consumo, inovação, tecnologia, empreendedorismo, marketing e vendas. Minha missão aqui no A Economia B é contar histórias de empresas que estão ajudando a transformar o mundo em um lugar mais justo, igualitário e sustentável.

Comentar

Clique aqui para publicar um comentário

Série Estudos B

Guia para empresas